Quem defende que a pobreza não precisa de ser necessariamente endémica que se desiluda; é uma espiral degradante, e mesmo da pobreza os mais ricos conseguem obter lucros milionários. Um estudo da ActionAid, uma ONG com fins humanitários, revela que metade do dinheiro investido nos países em desenvolvimento é canalizado para paraísos fiscais, privando essas nações de impostos que dariam uma grande ajuda às suas debilitadas economias. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) estima que o dinheiro que os países pobres perdem em eventuais impostos representa o triplo do que recebem em apoio económico dos países desenvolvidos. Leu bem? É escandaloso. Mike Lewis, perito da ActionAid que conduziu a pesquisa, considera mesmo os paraísos fiscais “o maior obstáculo ao desenvolvimento dos países pobres”, e deu como exemplo a India, que só no ano passado perdeu 2200 milhões de dólares em impostos. “Este é dinheiro que seria muito útil no combate à fome, na construção de hospitais, escolas e no acesso a água potável”. Entre cem companhias com investimentos em Africa, inscritas no poderoso Grupo FTSE (uma provedora associada com índices de bolsa de valores, serviços e operações com sede em Londres), 98 operam através de paraísos fiscais, com uma grande incidência de empresas com capital britânico a fazê-lo. Por muito que se invista, que se ajude, que se coopere ou que se aposte no “Fair Trade”, a pobreza endémica está no horizonte de milhões. E o dinheiro no bolso de (poucos) espertalhões.
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