segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O maior censo da História


Seis milhões e meio de oficiais e voluntários começaram hoje na China uma tarefa herculea: o primeiro recenseamento do século no país mais populoso do mundo, com cerca de 1400 milhões de habitantes. O censo demorará 10 dias e visa obter informações sobre os mais de 400 milhões de agregados familiares no país, com a participação obrigatória dos cidadãos.

Os recenseadores vão passar mais vinte dias a confirmar a informação obtida, e as estatísticas finais devem ficar prontas em Abril do próximo ano. O custo do censo cifra-se em qualquer coisas como oito mil milhões de yuan - cerca de 800 milhões de euros. As perguntas no censo incluíem o nome, idade, género, grupo étnico, morada e grau de educação. A dez por cento dos inquiridos serão colocadas questões mais complexas, como a condição social e económica.

Oficiais e peritos estão preocupados com a reacção da população, que pode considerar o censo "intrusivo" ou "ameaçador", nomeadamente trabalhadores migrantes ou famílias com mais de um filho. De recordar que a China impôs há vários anos a política do filho único, com pesadas multas para os prevaricadores. Especialistas indicam que a população seria actualmente de 1700 milhões se esta política não tivesse sido implementada há 30 anos.

Ma Jiantang, director do bureau nacional de estatística, diz que "a informação não deve ser usada para que sejam aplicados castigos, e os recenseadores devem cumprir o dever de confidencialidade". Os dados sero utilizados apenas para propósitos estatísticos, e toda a informação será destruída depois dos relatórios ficarem completos.

Pela primeira vez o censo ignorará o arcaico sistema de registo de agregado familiar, em que os chefes de família registam os seus membros numa só localiade. Milhões de trabalhadores migrantes estão ainda registados na sua aldeia natal, e os oficiais estão preocupados que muitos "fujam" do censo, para evitar castigos.

O repórter da China Radio International que acompanha os recenseadores em Zhengzhou diz que mais de metade das casas que visitaram recusaram deixar entrar os agentes. Duan Chengrong, director do Departamento de Demografia da Universidade de Pequim, diz que estes obstáculos se devem a uma maior consciencialização do conceito de privacidade.

O vice-primeiro ministro Li Keqiang apelou à participação da população, insistindo que a informação obtida permanecerá confidencial. O último censo na China foi realizado em 2000, e o número de habitantes foi fixado em 1295 milhões.

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