Realizou-se ontem uma iniciativa singular e bastante mais importante do que aquilo que parece. Alunos de português de instituições de ensino superior locais e da China debateram ideias na língua de Camões, tudo improvisado, tentando não dar pontapés na gramática.
O concurso foi um enorme sucesso, e a meu ver não teve a cobertura que merecia. Ali podiam estar os futuros dirigentes da RAEM, quem sabe? Congratulo-me que existam tantos estudantes chineses a aprender português, e ainda mais quando muitos o fazem...em Pequim.
Apesar de faltarem ainda 39 anos para a demise do segundo sistema, a China já deve saber o que quer para o Macau do futuro. Por um lado temos a miscigenação, com a política da aquisição de residência através do investimento e a política dos vistos individuais, o que dá a entender que Pequim quer que Macau seja mais uma cidade da China, da província de Cantão.
Por outro lado temos uma fortíssima aposta no turismo e o zelo revelado em proteger o bom nome de Macau no exterior, além das constantes promessas feitas pelos dirigentes no sentido de cumprir escrupulosamente o princípio de “um país, dois sistemas”.
O ensino do português e da cultura portuguesa pode e deve ser o veículo para que Macau seja uma cidade da China sem nunca perder as suas próprias características. Os alunos de Pequim que estudam português em Macau não estão aqui por acaso: estão a aprender a falar português, a pensar em português e a descobrir uma cultura tão diferente da sua.
A famosa Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim (na imagem) forma alunos que falam perfeitamente uma língua estrangeira sem nunca ter visitado o país de origem dessa língua, formando assim diplomatas, empresários e políticos para espalhar pelo mundo inteiro. É um processo quase robótico.
E até nisto a China marca pontos: Portugal manda os estudantes portugueses a Macau aprender Mandarim (!). Com que propósito? Para “entrar no mercado chinês”? Com quem é que os alunos portugueses vão falar Mandarim em Macau? Com as pessoas na rua? Com os caixa de supermercado? Não, não e não.
Macau pode tornar-se num centro de aprendizagem do português na Ásia, haja mais vontade nesse sentido, mas para aprender “chinês” não é o sítio mais indicado. Mas fiquei deslumbrado com este concurso, uma iniciativa verdadeiramente louvável. E depois viram como estes jovens chineses falam tão bem português?
6 comentários:
o futuro cá pela tuga é aprender um espanhol bom.
"Pequim quer que Macau seja mais uma cidade da China, da província de Cantão" É claro que NÃO,só se os chineses forem burros.Macau é uma cidade diferente de todas cidades da China,precisamente porque tem esta mistura entre o Ocidente e o Oriente;no dia que Macau for igual a outras tantas outras cidades da China,o turismo de Macau acabou-se.
http://www.youtube.com/watch?v=mFK5j1qNTVI
Eu estava a falar do futuro, meu caro. De 2049.
Cumprimentos.
Eu acho que o próprio leocardo deveria frequentar um destes cursos de formação. quando leio estes "hajam" até me arrepio.
Não vi, possivelmente porque tem razão e não foi dada a isto a cobertura que merecia. Mas também é verdade que já vi outras reportagens em que constatei que há muitos estudantes chineses com um português irrepreensível.
sera que eles nao estao a aprender portugues apenas por causa do Brasil!! entao deveriao apreder portugues brasileiro !!
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