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Miguel e o Carnaval
Convém dizer, aliás, que o Carnaval à portuguesa, inspirado nos corsos brasileiros, está para o Carnaval brasileiro como a água-pé está para a caipirinha. É, seguramente, dos momentos em que mais apetece fugir daqui, de tal maneira a exibição do humor luso se torna ridícula, patética e deprimente. O Carnaval brasileiro, no Rio e não só, é um espectáculo cénico e visual exuberante, preparado durante um ano inteiro, reunindo as melhores escolas de samba, os melhores músicos, os melhores letristas e compositores, unidos num tema que tem sempre que ver com a história do Brasil ou com a História Universal (este ano, por exemplo, uma das escolas do Rio assinalava os 200 anos do nascimento de Darwin). Goste-se ou não, o Carnaval brasileiro é hoje reconhecido como uma manifestação cultural de massas única no mundo. O nosso, espalhado por várias terras de 'tradições carnavalescas', não tem nada que ver com isso: é um corso trapalhão e pindérico, 'abrilhantado' por tristes vedetas, histéricas de alegria contratual, e onde os temas são invariavelmente os mesmos: a piada política demagógica e a ordinarice rasca. Parece que isto traz muitos turistas às terras e anima o comércio local: ainda bem. Desejo-lhes longa vida, mas não me obriguem a confundir isto com humor ou liberdade criativa. Miguel Sousa Tavares,
in Expresso
3 comentários:
Não sou admirador do Miguel Sousa Tavares, mas este artigo está muito bem feito.
Cumprimentos
por mais que n se goste
o homem tem quase sempre muito razao, á execpcao dos seus cigarros
dos cigarros e do fóculporco.
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