terça-feira, 3 de março de 2009

Centros de estudo


Um dos maiores problemas que os pais enfrentam é onde deixar os filhos mais pequenos depois da escola. A comunidade portuguesa deixa os miúdos normalmente entregues à empregada filipina. Como em Portugal não tinhamos esse luxo (nem filipina nem outra qualquer), éramos “depositados” nas creches, mesmo depois dos 5 anos. Fazíamos os trabalhos de casa, bebíamos o “leite do subsídio”, que vinha em copos de plástico verdes, mornos, sem açúcar e com um farrapo de nata por cima, e obrigavam-nos a dormir a sesta. Lá pelas sete vinham os pais ou os avós buscar-nos. Isto até à 2ª ou 3ª classe, altura que já tinhamos perninhas e tino para voltar para casa sozinhos. Em Macau ainda é mais ou menos assim.

A maioria dos pais chineses, que são negociantes, operários, ou têm outras profissões não-governamentais ou especializada, e em geral não confiam nas empregadas domésticas, deixam os filhos nos famosos Centros de Estudo. Só aqui ao pé de casa existem vários (assim de repente lembro-me de cinco, só no mesmo quarteirão), consequência da proximidade tanto do Instituto Salesiano, o Colégio Estrela do Mar e o de S. José. Os Centros de Estudos são normalmente lojas de comércio adaptadas para receber os jovens estudantes. Existia uma mercearia na Rua de S. Lourenço que foi transformada em Centro de Estudo por razões “comerciais”.

Alguns não primam muito pela arrumação ou pela higiene, e chegam mesmo a exceder a capacidade de alunos, em alguns casos largamente. Os centros estão abertos o todo o dia, mas é ao fim da tarde que se enchem de jovens regressados das aulas, que estudam e fazem os deveres, brincam ou usam ou computador. É um emprego sério, gerido por educadoras profissionais (?), e tem relógio de ponto e tudo. No fundo são “baby-sitters” em ponto pequeno, um local seguro onde os pais podem deixar os filhos até à hora do jantar.

Existem alguns Centros de Estudo completamente gratuitos, apoiados pela Associação de Beneficência Tong Sin Tong, os “kai fong” ou a Associação Geral dos Operários. Nesses centros “gratuitos” (os pais têm que pertencer a uma dessas associações) não se ensina, como nos centros privados. Existe um orientadora, normalmente uma estudante do ensino secundário, que recebe um pagamento simbólico. E agora a pergunta: aceitam-se alunos da Escola Portuguesa? Sim, contando que saibam falar o mínimo de cantonense. E não se espere que os ajudem na Geografia, História ou Português, mas os educadores dos Centros de Estudos são "craques" em Matemática, e obviamente, Mandarim.

4 comentários:

Anónimo disse...

Os centros de estudos nao sao a unica opcao. As escolas, nomeadamente uma das que referiu, sobre as outras desconheco, oferecem o mesmo servico ate as 19 horas.

Anónimo disse...

tas feito num homem de negocios,
q abram ja' esse centro de estudo em lingua portuguesa ao pe'do hotel sintra, passo a publicidade

és mt espertinho leocardo, tens la'dinheiro metido n e'? ta'visto q sim

Anónimo disse...

o enrabador pelos vistos consegui liquidar o blog do nosso Cambeta...

Irene Fernandes Abreu disse...

De facto tenho visto vários centros, mas o que nos conta é fantástico. Sei que há portugueses desempregados, porque não tentam reunir-se e arranjar um Centro em português, para ajudar as nossas crianças? As férias da Páscoa e as férias grandes da EP continuam a ser uma dor de cabeça para os pais que não têm empregada. Será que esta ideia vai avançar?