quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Queridas amigas


Para quem é casado com uma menina chinesa, como eu, sabe muito bem o que é o “problema das amigas” no âmbito do relacionamento inter-cultural. As amigas da esposa. Ai, as amigas. Especialmente as mais jovens, as mais bonitas, as mais docinhas. São um mimo. Se o casamento fosse uma lista de compras escolhia sempre “a outra”. Se fosse uma sapataria onde se pudesse experimentar, melhor ainda. Mas não me entendam mal. Adoro a minha esposa, foi a melhor escolha que alguma vez fiz e não estou mesmo nada arrependido.

O pior mesmo é ter que conviver com as amigas dela. Acho algumas “o máximo”, outras nem tanto. Mesmo quando têm o desplante de casar e perder a graça toda, fico feliz por elas, vou ao casamento e dou um enorme abraço ao matulão sortudo, e pouco me interessa que ele seja um bilionário ou um ladrão de galinhas. Interessa-me é que sejam felizes. Da primeira vez que conheci “as amigas” cometi um enorme erro – fui igual a mim próprio. Fui igual a todos nós, no fundo. Temos a tendência de elogiarmos as pessoas que conhecemos e de quem gostamos, de as fazermos sentirem-se bem, à vontade. De lhes mostrarmos amizade e afeição.

Só que impera o Confucionismo e o Confusionismo. Passo a explicar. Na cultura chinesa, quando um homem conhece uma menina, mesmo que a ache bastante simpática, atraente e desejável, deve comportar-se como se ela fosse invisível. “Olha Wong, esta é a Man-Man”. O Wong acena ligeiramente com a cabeça, diz um “hello” forçado e olha para outro lado um segundo depois. A Man-Man retribui o “hello”, baixinho, olhando para o chão como se tivesse a ouvir um raspanete do director da escola por ter sido apanhada a roubar o giz. Apertos de mão nem pensar, e muito menos beijinhos.

Ao fim de uma semana pode ser permitido um ao outro conversarem sobre o tempo, se vai chover, ou se vai haver tufão. Ao fim do mês é possível que possam almoçar juntos. Caso nessa altura estejam ambos irresistivelmente atraídos um pelo outro, mesmo que ele sonhe em arrancar-lhe a lingerie com os dentes e dar-lhe um banho de língua, e ela deseje ardentemente que o urso dele visite a sua caverna (desculpem se isto soa muito a Henry Miller), não devem quebrar o protocolo. Só de fim de alguns meses, ou mesmo um ano, se pode dar início ao namoro. Não se pode ir com muita sede ao pote sob o risco de dar a entender que as intenções são meramente carnais e desonestas (como se tal coisa existisse entre adultos). O Confusionismo passa por não seguir à risca estas regras, o que só vai dar confusão.

Claro que há mulheres fáceis, mas essas não contam. Quanto aos homens, são todos fáceis, e sabemos muito bem disso. O problema é resistir. Mas voltando à questão das amigas, tenho a sorte e ao mesmo tempo o azar das amigas da minha mulher serem as mais atraentes, as mais interessantes, e as que cheiram melhor. As mulheres em geral são as mais ciumentas, as mais desconfiadas, e as mais possessivas. Já se sabe como o maior pesadelo das mulheres é que outra tenha um vestido igual, uma mala igual, um sapato igual. É por isso que a moda anda como anda, cheia de bilionários. Os homens apresentam as namoradas aos amigos como quem diz “Olha, esta é a minha namorada, OK? Entendido? A minha”. Já as mulheres desvalorizam a conquista. É como se fosse uma peça de pescado ou de caça. Se uma amiga diz “O teu namorado é giro” ela responde “Nem sempre”. Se a amiga nos acha “engraçado”, ela acusa-nos de “estarmos sempre a fazer palhaçadas”.

Nas habituais reuniões das sextas ou Sábados (que evito cada vez mais de participar…), os outros homens, namorados das amigas comprometidas, mal abrem a boca, passam o tempo todo a olhar o ar, e lá de vez em quando anuem quando a namorada lhes pergunta alguma coisa. Olhar é como comer um bocado. Depois de um serão de bem-estar e enorme hipocrisia, a nossa cara metade acaba sempre por perguntar: "estavas a olhar para onde? eu não chego para ti?". São as amigas. Se calhar o melhor mesmo é adoptar esta estratégia, e olhar para o chão. Pode ser que lá se encontre uma nota de mil...

27 comentários:

Anónimo disse...

Olha, não sei se isto é verdade ou não. Mas em todo o caso, fartei-me de rir. Muito bem escrito, parabéns!

Ana

Gotícula disse...

Pede o PSP(playstation portable) ao filho, para ter algo para olhar da próxima vez!;)realmente as culturas são muito diferentes e as amizades vistas de formas muito diferentes.

Anónimo disse...

Espero que a mulher do Leocardo não saiba ler português.

Anónimo disse...

A cultura chinesa pode ser muito gira para ouvir tipo conto de "estórias" em todo o desenlace de acasalamento tal como acabamos de ler aqui na posta, mas para nos confrontarmos com ela no dia a dia... quase que se necessita de um GPS para comportamentos.

Interessante sem dúvida!!
Mas o nosso assobio e piropo português, penso ser bem mais terra a terra.

lusitano

Anónimo disse...

É por as chinesas gostarem tanto de se fazerem difíceis que não têm a mínima hipótese comigo.

Anónimo disse...

Pois é Leocardo, como disse o anónimo das 15:20 se ela souber ler português você está lixado.

Anónimo disse...

Claro que não sabe ler português! Infelizmente a maioria dos casos que conheço de portugueses casados com chinesas, filipinas e tailandesas, pesaram como vantagem esse mesmo facto. Assim podem dizer as bacoradas que quiserem sem medo de represálias domésticas.

Anónimo disse...

Anónimo das 20:18 e o teu namorado filipino chamado Raul, sabe ler portugues?

Anónimo disse...

Por incrível que pareca, vivendo em Macau desde há longa data, não sucumbo aos atractivos asiáticos, sejam chineses, filipinos ou coisas que tais. Ainda gosto de um bom lusitano, de barba rija, carácter forte, que não pense só em cantar, apostar no casino ou cantar em Karaokes.

Todavia, a julgar pelos espécimes que "postam" neste blog, esses tais lusitanos estão em vias de extinção, pelo menos por estas bandas. Sucumbiram aos facilitismos russos, à exoticidade chinesa ou à alegria filipina. Talvez por escassez de portuguesas por estas bandas. É que por mais que cheguem rapariguinhas novas todos os dias, não bastam para andar a pular de cama em cama todos os dias. Aí então começa-se a "papar" a mulher do vizinho. Enfim... Algo está podre neste reino de Macau. Vivo à margem da comunidade portuguesa por isso mesmo. E ai de quem ouse perguntar porque cá estou! Não é decerto pela comunidade portuguesa. Nem é ela que me dá o sustento!

Anónimo disse...

A anónima das 0:53 anda perdida nesta terra. Acho que isso acontece com muitas portuguesas daqui, especialmente as menos novinhas. Depois vão para o bar do MGM e outros procurar bifes.
Temos que criar um "site" de encontros para a comunidade portuguesa local.

Anónimo disse...

ahaha!

Não podia estar mais longe da verdade. Deixe a arte da adivinhação para a Maia. Disse que vivo em Macau há muitos anbos, não disse que era velha. Ainda nem passei a fasquia dos 30. Quanto ao MGM antrei lá duas vezes e ambas em almoços de negócios, bem como no Sands. Nos outros só um par de vezes para matar a curiosidade, em plena luz do dia, com o meu LUSITANO. Bifes só no prato!

Mas é engraçado ver o esforço em querer demonstrar que as portuguesas em Macau são umas frustradas ou andam desesperadas.

Anónimo disse...

Ah, ganda lusitano! É assim mesmo! Temos que dar atenção às nossas compatriotas. Ou querem que os bifes pensem que não damos conta do recado?

Anónimo disse...

Quem diria que por aí os LUSITANOS estão na berra!!! acho que me vou mudar definitivamente para MACAU de malas e bagagens.
Barba rija não tenho!?, mas força de caracter dá para os três meses de visto da viagem... lol

Os comentários estão todos bastante oportunos....
As lamentações não divergem muito dois lados do mundo!

lusitano (ocidental costa lusitana)

Anónimo disse...

Lendo a anónima das 0:53, percebe-se por que é que os portugueses da Ásia preferem asiáticas. Para além do exotismo, claro.

Anónimo disse...

Como dizia o outro, quero é uma gaja de mamas boas que não me chateie a cabeça. As portuguesas são chatas, as chinesas são complicadas, as filipinas são tontinhas, as indonésias são feias e as russas são badalhocas. Sobram as tailandesas, as vietnamitas e as mongóis. Nada mau!

Anónimo disse...

Ou seja, mamas cheias e cérebros vazios... enfim.

Anónimo disse...

Ai que leva com o rolo da massa! Agora eliminam-se comentários, é?
Ai as amigas... as amigas!

Anónimo disse...

Qual foi o comentário eliminado?

Leocardo disse...

Ninguém eliminou comentários. A minha mulher não sabe português (pelo menos o suficiente), mas traduzi-lhe a posta e ela até achou graça. Cumprimentos.

Anónimo disse...

Ó anónimo das 4.20: As indonésias são feias? E você é cego, homem!

Anónimo disse...

Há excepções, claro. Tal como há portuguesas que não são chatas (mas já estão comprometidas), chinesas que não são complicadas (raras), filipinas que não são tontinhas (raríssimas) e russas que não são badalhocas (não estão é em Macau).
Se procurarmos muito bem, com muita persistência, até pode ser que encontremos uma timorense gira.

Anónimo disse...

Afinal não é cego, não percebe é nada de geografia. Então acha que indonésias e timorenses é a mesma coisa? Vá lá a Timor e à Indonésia (aconselho a ilha de Java) e compare, e depois verá a surpresa que vai ter.

Anónimo disse...

Mas como é que chegou a essa conclusão pela leitura do meu comentário? Você deve ter problemas de interpretação.
Quando eu comecei por escrever que havia excepções, referia-me às indonésias; quando falei nas timorenses, foi para mostrar que, procurando bem, todos os povos têm algumas mulheres giras. Percebeu agora? E não foi só você que já esteve na Indonésia. Mania de armar em esperto...

Anónimo disse...

Não tenho problemas de interpretação, você é que tem dificuldades em se exprimir. Mas agora que explica que se referia às indonésias bonitas como excepções, sou obrigado a reformular: o problema não é de geografia, é mesmo de cegueira. A não ser que, quando foi à Indonésia, tenha ido à ilha da Papua ou de Timor. Se conhecesse, por exemplo, as javanesas (sem a vista lhe falhar), saberia que as excepções são as feias e não o contrário.

Anónimo disse...

Pronto, homem, fique com elas todas! Eu contento-me com as tailandesas, as mongóis e as vietnamitas.

Anónimo disse...

AHAHAH o último anónimo deve ser o sr. Rocha Dinis, ou um outro douto senhor, mas que me coíbo de nomear aqui, que ainda me manda de volta para Portugal!

Anónimo disse...

Leocardo,

ve la se achas piada se a tua mulher fizer o mesmo para ti....ficar babadinha com os teus amiguinhos....gostas? .....
de certeza que nao te importas!