A propósito dos Paraolímpicos (decidi adoptar esta grafia) que terminam amanhã, conversei com um amigo no outro dia sobre que tipo de desportos são indicados para invisuais. Matámos a cabeça a pensar, mas afinal existem tantos. Quem veja a partir da meia noite na Pearl o Beijing Paralympics Daily Highlights fica surpreendido com a quantidade de jogos adaptados a deficientes. Absolutamente fascinante em termos de criatividade.
Além das modalidades que estamos habituados a ver (o Boccia, onde Portugal domina, o atletismo ou a natação) existem mil e um desportos absolutamente impensáveis para quem não conhece a fundo a realidade dos Paraolímpicos. Por exemplo, o futebol para invisuais, na modalidade de cinco e de sete às tabelas, em que a bola tem um guizo que faz com que os atletas, que jogam de olhos vendados, se apercebam da sua presença. No outro dia vi o Brasil golear a Grã-Bretanha por cinco bolas a zero. É caso para dizer que os brasileiros jogam bem até de olhos fechados.
Natação para invisuais? Seria impensável, mas não é. Basta que haja um assistente que lhes toque nas costas com uma vara comprida quando estão quase a chegar a um dos trampolins. Depois existe um jogo completamente dedicado aos invisuais: o
goalball. Três jogadores de cada lado e uma baliza de enormes dimensões. Uma equipa atira a bola com a mão e a outra tem que impedir que ela entre na sua baliza.
Para os deficientes físicos existem, além do super-conhecido basquetebol de cadeira de rodas, o rugby de cadeira de rodas (só visto), a esgrima, o ténis e o ping-pong de cadeira de rodas, e, mais fascinante ainda, a ciclismo, com bicicletas de pedais adaptados às mãos, que se compreende que não seja muito conhecido no nosso país, pois afinal aquelas máquinas não devem ser nada baratas.
Depois há algo ainda mais extraórdinário: o
voleibol sentado, para atletas paraplégicos ou amputados, que se joga com uma rede mais baixa. Até parece fácil.
Mas o mais importante de tudo isto é mesmo ver a vontade e o querer destes atletas, que dão o seu melhor, e não deixam que a sua deficiência os impeça de competir, e representar o seu país. Quando o atleta português Carlos Lopes fez a sua última corrida nos Paraolímpicos, de que se retira este ano, e chorou, as suas lágrimas disseram tudo. Era as lágrimas de um campeão como qualquer outro.
11 comentários:
Excelente post, caro Leocardo.
De facto, estes jogos reflectem muito mais o Espírito Olímpico e o que de bonito ainda nos revela a humanidade. Nos tempos de doping, do vencer a todo o custo, estes jogos reflectem realmente o que o Olimpismo deveria representar: solidariedade, desporto, competição saudavel e, acima de tudo, o celebrar a humanidade.
Parabéns, Leocardo, por ter dito simplesmente que decidiu adoptar esta grafia e não ter caído no erro de dizer que "paralímpicos" está errado.
Qual é a diferença entre adoptar uma grafia entre duas propostas e dizer que a outra está errada?
Queria que eu usasse as três grafias (paralímpicos, paraolímpicos e para-olímpicos) para não ofender ninguém?
Ao dizer simplesmente que decide adoptar uma grafia em vez da outra, não está a dizer que a outra está errada. Apenas significa que tem de fazer uma opção. Pelo contrário, se disser que a grafia que adopta é que é a certa, está implicitamente a afirmar que a outra está errada. Percebeu agora a diferença?
A pergunta das 10:18 não era para o Leocardo, era para o rapaz das 9:25 e das 11:20, que está muito ocupado com as felicitações.
E o rapaz das 10.18 e das 13.27 ficou esclarecido ou vai fazer mais alguma pergunta parva?
Vou perguntar ao anónimo das 5:15se tem prazer em ser tão parvo. É só mais esta pergunta.
Eu fazia-lhe um desenho, mas não dá para desenhar nesta caixa de comentários. Vai permanecer na ignorância, infelizmente. De qualquer maneira, deve ser genética, não há nada a fazer.
É, herdei da tua mãe.
Vá lá, já chega.
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