segunda-feira, 7 de julho de 2008

A nova prostituição


Não sei se os leitores já tiveram a oportunidade de se deslocar à zona dos bares do NAPE recentemente. É lamentável no que aquela área, outrora tão aprazível, se transformou. Onde em tempos se juntavam famílias e amigos para beber um copo e trocar dois dedos de conversa existe hoje um semi-bordel, onde meninas “turistas” (das Filipinas?) aproveitando o maná de vôos ao preço da uva mijona de destinos a partir do Sudoeste Asiático exibem as “carnes”, e até para tal se sentam horas a fio na esplanada à espera da “sorte”, perante a passividade dos respectivos proprietários. E mesmo ali diante da sacrossanta imagem da deusa Kun Iam.

São voltas de 180 graus que se deram na vida nocturna de Macau, que fora em tempos elogiada e bastante procurada pela juventude local e não só. Lembro-me ainda dos gloriosos tempos, ainda não há muitos anos, em que uma saída nocturna era uma autêntica aventura, onde não faltavam locais para todos os gostos onde se pudessem recarregar baterias para a semana que se seguia. Fiquei com muito boas recordações, muitas amizades, muitas histórias para contar.

Hoje fico impressionado com a qualidade e a variedade de de locais de diversão nocturna decente e adaptada a todos os gostos e todas as carteiras que se podem encontrar...fora do território. Por aqui ainda vão resistindo alguns bares residuais, em Macau e na Taipa, onde ainda se pode passar um bom par de horas em amena cavaqueira, mas cada vez menos um bar ou uma discoteca onde ainda não se encontre esta nova forma de prostituição. E agora que tanto se fala do tráfico de pessoas, ou seres humanos ou lá o que é, em que categoria se inserem estas free-lancers? Será tráfico voluntário? E não conta?

2 comentários:

Anónimo disse...

Como dizem os economistas, é preciso deixar o mercado funcionar. Sabemos que o Leocardo não consegue olhar para jovens de 20 anos, como já confessou, mas há quem consiga. E, de qualquer maneira, mesmo sem estas meninas, os bares do NAPE, com barulho e gente embriagada, não me parecem ser o sítio mais indicado para famílias respeitáveis trocarem dois dedos de conversa. Noutros tempos fez muitas amizades, como diz, porque era mais jovem e disponível. Se ainda o fosse, talvez também conseguisse hoje fazer muitas amizades, até porque muitas destas meninas parecem ser bem simpáticas e amigáveis.

Leocardo disse...

Latinismo marialva latente, esse o seu. Eu como sou casado até saio sozinho algumas vezes sem aspirar a essas "amizades" que refere. E como tenho os pés bem assentes na terra, tenho a consciência de que uma menina que queira trocar dois dedos de conversa comigo não quer automaticamente que essa mesma conversa acabe na cama.

Cumprimentos.