quinta-feira, 31 de julho de 2008

Vai um sumo de uva?


Os chineses gostam de vinho da mesma forma que toda a gente gosta de vinho. Polémicos estudos conduzidos há alguns anos determinaram que um terço dos asiáticos (leia-se, na sua maioria chineses) têm uma tolerância muito reduzida ao alcool. Isto deve-se à falta de uma enzima no seu código genético (seu, deles) que quebra e digere o alcool no organismo, o que provoca um eritema derivado de uma vasodilatação capilar ao nível da face e do pescoço. A minha mulher que o diga, que lhe basta meio copinho de sangria e já fica mais roxa que um rabanete.

Mas genética à parte, os chineses em geral têm começado a consumir cada vez mais bebidas alcoolicas, quer na forma de cocktails, as tais a energy drinks, e sempre com a cerveja à cabeça. Que o digam os números mais recentes da sinistralidade rodoviária, com a maioria dos casos verificados pelo consumo de alcool. Os mais jovens (e não só) saiem para a farra com os amigos, levam o carrinho, e ainda não adquiriram o saudável hábito de apanhar um táxi quando estão com os copos e já começam a ver quatro faixas de estrada. Para isso também não deve contribuir a dificuldade em encontrar-se um táxi às horas mais indecentes, o que vale por dizer que o melhor é mesmo apanhar uma piela o mais próximo possível de um hotel ou casino. Junta-se a fome à vontade de comer, e voilá. E lá estou eu outra vez a divagar.

Bem, uma das coisas que sempre me fascinou foi a falta de requinte com que a malta daqui lida com a bebida, e a forma tão fácil como aderem a certas modas. Há mais ou menos uma década foi a moda do conhaque. Os Rémy-Martin, os VSOP e todos esses insecticidas caríssimos que furam a tripa mas custam os olhos da cara, passo a perífrase anatómica. Uma vez passei o ano novo chinês no interior da China com uma namorada e a família dela. Os tios e os vizinhos bebiam conhaque...ao jantar! Tentei explicar-lhes que aquilo não se bebia assim e tal, mas eles ficaram ofendidos por eu me recusar a acompanhá-los. Alguns bebiam um copo de conhaque seguido de um copo de água para "apagar o fogo". No fundo aquilo estava a causar-lhes um imenso desprazer físico, mas era moda, e pronto. Fazer o quê?

Depois há o vinho tinto. Para a maioria dos portugueses, vinho é sinónimo de vinho tinto, e ponto final. Como sabe bem um copinho de tintol a acompanhar uma refeição, se bem que agora no Verão prefiro os brancos (italianos e franceses) e os nossos verdes, bem geladinhos. No entanto muitos chineses também gostam do seu tinto...geladinho, como aliás comprova a imagem. Já cheguei a assistir a um grupo de convivas num restaurante mandar para trás uma garrafa de Barca Velha porque "não estava fria". Podiam pedir simplesmente sangria. E que tal um sumo de uva?

3 comentários:

Anónimo disse...

no Verao se puser no frigorifico meia hora antes de beber, o tinto bebe-se bem...

Anónimo disse...

Essa do cognac ( e tambem do whisky) a acompanhar as refeições já não se vê tanto.
Enfim, eles vão aprendendo...

Mas se eles tem pouca tolerância ao alcoól, como se explica que tenham bebidas como o mao tai ou o kaoliang?

Uma vez comprei uma garrafa de kaoliang em Taiwan. Para quem não sabe, o kaoliang é uma aguardente com 75% de alcool ( sim leram bem, é setenta e cinco por cento).

Um autêntico fogo liquido.

Leocardo disse...

Sim, como eu disse o episódio do conhaque foi há cerca de uma década (ano novo de 1999 se não me engano). Quanto à questão da tolerância, pode até haver quem beba alcool puro, só que não é para todos, como deve saber. Cumprimentos.