terça-feira, 22 de abril de 2008

Natal em Abril


O Chefe do Executivo Edmund Ho Hau Wah deslocou-se hoje à Assembleia Legislativa pela primeira vez esta ano para responder às perguntas dos srs. deputados. Edmund Ho anunciou então uma iniciativa inédita: cada cidadão residente permanente de Macau vai receber cinco mil patacas, e cada não-permanente três mil, sem precisar de fazer nada! Uma notícia bem vinda, já que a cada agregado familiar de quatro pessoas (como o meu, por exemplo), cabem 20 mil patacas! Uma óptima notícia, especialmente para as familias mais carenciadas. É uma forma interessante que o Governo encontrou para distribuir pela população os frutos da sumarenta árvore das patacas. Falta ainda saber em que termos a distribuição do dinheiro se processará, mas digo já, se hoje fosse dia 1, não acreditava...

14 comentários:

Anónimo disse...

Quer isto dizer que o Stanley Ho, Neto Valente, Ma Man Kei e companhia limitada tambem vão receber as tais 5 mil?:))))))

Este governo ensandeceu de vez.

Leocardo disse...

Claro, até por uma questão de coerência. Até o próprio Edmund Ho e o resto do executivo vão receber. Agora só lhes ficava bem se doassem a sua parte a instituições de caridade, mas esperemos pelo como e quando.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Caro Leocardo
Coerência? Será. É uma forma de ver. Mas o conceito de igualdade não é tratar todos igualmente, o que só fará reproduzir as desigualdades, mas sim dar mais a quem tem menos...
Parece, de facto, brincadeira de 1 de Abril...

Leocardo disse...

Vejamos as coisas deste prisma: é melhor dar 5000 a todos desta vez, do que nada a ninguém, como tem sido feito até agora. Já para não falar do arraial de aldrabice que os profissionais da mesma iam executar se por acaso se tratasse de distribuir mais pelos que têm menos. Se é que me faço entender...

Anónimo disse...

Perdoem-me o tom deste comentário. Mas esta noticia tirou-me verdadeiramente do sério. É simplesmente inacreditavel.

Mas o que é isto? Estamos na idade média? No tempo dos senhores feudais a distribuir dinheiro pelos camponeses? Ou numa novela da TVB , do tempo dos imperadores, em que se passeia de carruagem e se lançam notas ao ar para ganhar a simpatia do povo?

Pergunto-me: E um novo Hospital? E política educativa de topo? E o problema da habitação, planos e medidas? E medidas de fundo, para que a médio e longo prazo, a população possa melhorar a sua qualidade de vida? É assim? "Tomem lá cinco mil lecas, e não nos chateiem!"?

O que é que isso resolve? E o que acontece no fim dessas cinco mil patacas? Dá-se mais cinco? E mais cinco? E mais cinco?

Amanhã, se aparecesse um deputado, uma associação ou o que quer que seja que me pedisse para doar as cinco mil para construir um novo hospital, por exemplo, podem ter a certeza que o faria- e acredito que o resto da população também.

Estão a gozar connosco, ou quê?

Isto é revoltante. Nunca pensei que o governo fizesse uma coisa destas. Isto é, aliás, uma situação que nem se vê em periodo de eleições em países de terceiro mundo!

Estou curiosissimo para ver a reacção dos média e da população, amanhã.

Deixo isto para reflexão: se o Governo é pago pela população para gerir a sua terra, e os nossos impostos são dinheiro para ser investido na mesma, não significará esta distribuição de cinco mil patacas como que se nos dissessem o seguinte:

"Meus caros, não sabemos o que fazer com o dinheiro. Tomem lá estas cinco mil e desenrasquem-se, que a malta só sabe fazer o que tem feito até agora"....

Desculpem-me o tom do comentário, mas detesto que me tomem por parvo.

Anónimo disse...

:)

Anónimo disse...

Anónimo das 12.30: Suponho que é português, como todos os que aqui têm comentado. Mas já não deve conhecer bem a realidade portuguesa. Se quer saber o que é ser tomado por parvo, volte a viver em Portugal, que lá fica a sabê-lo num instantinho. Claro que em países pseudo-democráticos do terceiro mundo (Portugal corresponde à definição) ninguém dá nada. Mas todos prometem muito em tempo de eleições. Depois de ganharem, não só não dão como roubam tudo o que podem.

Um novo hospital? Em Portugal fecham-nos! Política educativa de topo? Em Portugal há política educativa de sarjeta! Problema de habitação? Em Portugal já poucos conseguem pagar as suas mensalidades! Medidas de fundo para melhorar a qualidade de vida? Em Portugal há medidas de fundo para piorar todos os dias a qualidade de vida das classes média e baixa!

Finalmente, "tomem lá cinco mil lecas e não nos chateiem"? Talvez preferisse então a versão portuguesa: "Passem para cá mais cinco mil lecas e não nos chateiem". E esta generosidade de quem, ainda por cima, não precisa disto para ser eleito é que é revoltante? Desculpe a insistência, mas vá viver para Portugal para saber o que é realmente revoltante. Lá, a única coisa que o governo distribui é o prejuízo. E ainda põem as culpas em cima de quem trabalha. Por comparação, o governo de Macau é maravilhoso. E ainda dá prendas destas.

Se acha que está a ser tomado por parvo, tem boa solução: não se deixe cair no engodo e prescinda do dinheiro que o governo lhe quer dar. Se fizer isso, já ninguém o toma por parvo.

Gotícula disse...

Realmente Macau é único!

Anónimo disse...

anónimo...
Realmente com os governantes que temos e pessoas como o anónimo das 13.40 para quê dizer mais alguma coisa. Está realmente tudo dito!!!!

Anónimo disse...

isto foi a forma mais simples de corrumper a populacao,
demonstra que o executivo nao sabe o que ha de fazer com tanto dinheiro,
demonstra que e' melhor calar a populacao antes do 1 de maio com migalhas, ou seja dao 5mil mop do nosso dinheiro a nos',
demonstra falta de estrategia politica e
demonstra que algo de grave esta' muito errado na administracao dos dinheiros publicos.

Agora pergunto:
os meus pais que aqui tiveram 'a mais de 10 anos, os meus irmaos que quase nao viveram em macau e tem todos bir e q tb vao receber 5mil patacas, acham que tem direito de receber esse dinheiro? eu acho q nao, os desgracados que moram aqui e que sentem a inflacao e' que mereciam esse dinheiro essas sao as pequenas injusticas q o governo nao quer sequer pensar porque da' muito trabalho...

Anónimo disse...

Corrumper??? que verbo é esse?

Eu Corrumpo
Tu Corrumpes
Ele Corrumpe
Nós Corrumpemos
Vós Corrumpais
Eles Corrupem.

AAAAHHHHHHH ah ah ah ah ah

Anónimo disse...

"Agora pergunto:
os meus pais que aqui tiveram 'a mais de 10 anos, "

Correcção:

os seus pais que aqui ESTIVERAM HÁ mais de 10 anos...

Anónimo disse...

Caro anónimo das 13h40,

Então, segundo o seu raciocínio, por ser português, já não me posso preocupar com esta terra. Aliás, devo é ficar caladinho e contente com isto, porque senão serei deportado para Portugal, onde estarei a "mendigar" com os outros Portugueses. ou, então, "a plantar batatas", como tanto se gosta dizer.

Não sei de onde é, mas sei, pelo que escreveu, que não é de Macau. Sabe porquê?

Porque quem é de Macau sabe que esta terra é constituida por várias comunidades, sendo as mais antigas a Portuguesa e a Chinesa.

Sou Macaense, meu caro. Natural de cá, e com muito orgulho.Mas pode ter a certeza que nunca atiraria a nacionalidade como argumento para discutir os problemas desta terra. Quem se preocupa por Macau e as suas gentes, ou quem adopta Macau como a sua terra tem todo o direito e legitimidade de opinar sobre ela, independentemente da sua nacionalidade. Aliás, como deve saber, cidadão de Macau é aquele que tem um BIR Permanente. Não é uma nacionalidade, por si, mas é um atestado de cidadania. Qualquer cidadão de Macau tem o direito, e o dever, de ajudar a desenvolver e construir uma sociedade Macaense melhor.

Portugal está nas ruas da amargura? O que é que isso tem a haver com Macau, uma das economias mais ricas da Ásia?

Pois bem. Quando digo que não quero que me passem por parvo, digo-o consciente de todas as outras medidas que o governo lançou na Assembleia.

Aliás, a ideia de se parar com as concessões e subconcessões é positiva, assim como os novos focos de habitação em Coloane (questionavel localização). Isto sim, são medidas de um Governo que aplica o dinheiro dos meus impostos em medidas de futuro e que mostram um certo estudo e planeamento para um desenvolvimento da cidade. Porém, a medida das 5000 patacas é, de caras, uma medida populista de mais baixo calibre. Ainda estou à espera da noticia a desmentir a medida como mero sentido de humor do Executivo, e de que esses milhares de milhões serão usados para contratar 30 ou 40 médicos especialistas de classe mundial para os nossos hospitais públicos, ou trazer professores de qualidade capazes de ajudar a desenvolver um sistema de ensino que torne os nossos miúdos capazes de competir num mercado internacional, ou talvez aplicar em bolsas de estudo para o estrangeiro para formarmos jovens capazes de substituir os antigos quadros da administração...

Mas não. Pelos vistos aqui estou, prestes a receber 5 mil patacas, não por ter sido competente, ou por estar a morrer à fome. E, sabe que mais? Sinto-me mesmo tentado a não as receber. Como macaense, receber estas 5 000 patacas faz-me sentir como que se estivesse a receber de volta o dinheiro que dei a alguém que confiava para gerir.

Pois bem, se me devolvem o dinheiro, não estarão a dizer que são incompetentes? Se não sabem o que fazer nem onde investir o dinheiro para nos garantir mellhor qualidade de vida- quando digo nós, digo todas as comunidades que tornam esta terra Macau- então o que estão ali a fazer?

Macau tem aproximadamente 500 000 habitantes (não me encontro com pachorra para procurar o número oficial, mas anda à volta disto.)

Número irrisório para a quantidade de riqueza gerada.

Antigamente, Macau era uma cidade feita à dimensão das suas gentes. Quando digo antigamente, não digo "antes de 99", atenção: antigamente, é antes da abertura do monopólio do jogo, em 2002.

Nessa altura, não havia muito dinheiro, mas havia o suficiente. Aliás, os cofres do território nunca foram ao vazio. Sofria-se algum impacto da crise asiática, mas nada tão grave como na região vizinha de Hong-Kong, por exemplo. havia qualidade de vida. A criminalidade era baixa, as pessoas podiam comprar casa, os bem alimentares eram baratos. Era uma terra tranquila, com os seus problemas, é certo, mas à dimensão da cidade.

Hoje, com a abertura do jogo quer se colocar Macau na prateleira Mundial como "Asia's las Vegas". Constroi-se a pensar no turista, no emigrante de luxo, etc. A cidade torna-se completamente voltada para o investimento estrangeiro, e à sua merce. Procura-se tornar Macau, aquela cidade pacata, com gente tranquila e sábia, consciente da sua dimensão, orgulhosa da sua maneira de ser e qualidade de vida, na "Asia las Vegas", com milhões de turistas, transito caótico, milhares de milhões de patacas em lucro e habitações de luxo a crescerem como cogumelos. Pois bem: então, como Macaense, como cidadão de macau, exigo apenas que, se esta uma das economias mais ricas da Ásia, que a minha qualidade de vida seja condisente.

O que quero dizer com isto?

Se somos a melhor economia da Àsia, Então teremos que ser o espaço da Àsia ccuja população tem as melhores condições de vida da região: exigo as melhores escolas da Àsia, os melhores hospitais, os melhores espectáculos e sistemas de transporte. As melhores infra-estruturas sociais e as melhores habitações sociais da Ãsia. Isto, meu caro, não é irrealista.

Irrealista seria se me contentasse, como cidadão, com a realidade de que a qualidade de vida da população está a baixar, que é impossivel com o meu ordenado comprar casa, que começo a ter receio de sair à noite com os relatos cada vez mais frequentes de furtos violentos, etc.

Macau pertence, acima de tudo, às suas gentes. Este desenvolvimento deve ter sempre como prioridade beneficiar a população e a sua qualidade de vida.

Tenho pena que se contente com tão pouco. Sabe porquê? Porque é essa falta de visão de futuro, caro anónimo, que impede que Macau vá para a frente. E ir para a frente não é amealhar mais dinheiro por amealhar, mas sim garantir quer os nossos filhos sejam mais do que croupiers de casinos, que sejam realizados, que possam ter uma vida com saude, e a oportunidade de terem uma vida cultural preenchida. Isto sim, é qualidade de vida. Isto sim, é amar Macau e a Pátria. E isto é que é governar Macau pelas suas gentes PARA as suas gentes, como li hoje num jornal cá da terra (perdoe-me o autor por não o citar, porque não me recordo.)

Anónimo disse...

Como residentes podem sempre mandar as vossas sugestões ao Governo www.macau.gov.mo

Também podem doar as 5.000 patacas à Caritas de Macau:
Endereço: Largo de S. Agostinho, n.o1A
Telefone: 28933507 / 28930362 / 28934109