sexta-feira, 11 de abril de 2008

Paciência de chinês


A passagem da tocha olímpica pelas principais cidades mundiais tem sido marcada por manifestações dos apoiantes da causa tibetana, que tentam, numa atitude que considero do mais puro vandalismo, apagar a tocha. Depois de Londres e Paris, a tocha segue agora [ontem] para São Francisco e depois para Buenos Aires, e não se espera que a sua passagem seja mais pacífica. Apagar a tocha que representa o ideal olímpico, que como se sabe não é exclusivo da China ou de qualquer outro país que organize os jogos é mau, é errado.

Considero no entanto que somos uns privilegiados; vivemos na China, visitamos o continente várias vezes, e sabemos perfeitamente que os abusos aos direitos humanos não são prática corrente e não se sucedem abertamente, à luz do dia. Ao contrário do que muita gente pensa, não se efectuam execuções públicas nem cargas policiais aos olhos de todos. A China não é o Iraque de Saddam ou o Cambodja dos Khmer. Se foi? Talvez, aí nos tempos da Revolução Cultural. Não me posso pronunciar. Sei que hoje e mais que nunca os chineses tratam os seus visitantes com uma simpatia excelsa.

A abertura idealizada por Deng Xiaoping, o princípio de um país, dois sistemas, a autêntica revolução (no bom sentido) que foi feita na economia e os seus espectaculares resultados que vão cada vez tendo maior expressão na vida dos cidadãos, a tímida mas real implementação do direito à propriedade privada, as reformas legislativas num todo, sempre no sentido de melhorar a vida da população. A economia já lá está, sempre a acelarar, só resta criar mecanismos para acompanhar o seu ritmo infernal. A seu tempo acredito que cheguem lá.

Ignorância é medo, e hoje, graças a esta abertura, compreendemos melhor que os princípios democráticos a que estamos habituados no Ocidente não se aplicam necessariamente a uma civilização de mais de mil milhões de habitantes com milhares de anos de História, em alguns casos repleta de erros trágicos. Mas isto é dificil de entrar na cabeça de quem sempre se habituou a viver em democracia, e não se apercebe que nadar tranquilamente no rio não é o mesmo que controlar um navio num imenso mar revolto, ainda com o receio que a tripulação se amutine. Será que esperar que aconteça com a China o mesmo que aconteceu com a União Soviética, ou seja a desagregação, a crise profunda e o controlo da economia pela mafia é a solução ideal?

Tanto a China como o COI sabiam perfeitamente que não iam ter uma tarefa fácil. Pelo menos não quero acreditar que este acto de “cuspir na tocha” tenha aparecido como uma surpresa aos responsáveis da organização dos jogos. Trata-se de uma noblesse oblige conseguir aguentar estas pressões e todas as que ainda estarão para vir. O maior desafio será no Tibete e até mesmo em Hong Kong onde as associações de defesa dos direitos (humanos, animais, etc) se movimentam com mais à vontade.

Mas o mais que podemos fazer, para os que não acreditam em milagres e rezas, é ficar a cruzar os dedos e esperar que o olimpismo idealizado por Coubertain não saia machucado de tudo isto. Jogos são união, não separatismo. Isso pode ficar para depois. Boicotes não resolvem nada e só posso manifestar o meu mais profundo repúdio quando ainda por cima são usados para fazer política. A questão do Tibete tem que ser debatida e discutida de forma pacífica, mas fora do contexto dos Jogos Olímpicos. Haja muita paciência, paciência de chinês.

Escrito em 9/04/2008

23 comentários:

Anónimo disse...

O que estes gajos queriam era um passeio triunfal, uma imagem de uma China vencedora em toda a sua pujança económica. Enganaram-se. Felizmente o mundo não é só dinheiro e têm que lidar com pessoas que não ganham milhões com negócios da China e não tem nada a perder ao manifestarem-se acerca do Tibete, Darfur, Birmânia, Coreia do Norte e tudo o mais em que a China pôe o dedo demonstrando todo o seu desprezo por valores UNIVERSAIS como democracia e direitos humanos. Não me venham com histórias de que a democracia não é compativel com a cultura asiática ou chinesa. O Japão, Coreia do Sul, Taiwan e outros paises asiáticos estão aí para demonstrar o contrário. Já é hora desses comunas, fascitas vermelhos, ditadorzecos de mei-tigela começarem a levar nos cornos. O caro Leocardo, tal como o Carlos Morais José(cmj) estão é cegos no seu anti- americanismo primário e na sua bajulaçao ao regime chinês e de todos aqueles que tem como plataforma a sua luta contra os E.U.A. O artigo do cmj não é nada de novo em relaçao aquilo que já se tem lido dele, no seu estilo de pseudo-intelectualoide de esquerda, alérgico a tudo aquilo que vem dos states. e tudo o que e anti-states é bom, incluindo o genocidio cultural dos tibetanos. Por aquilo que o cmj escreve, o Dalai Lama é para ele uma especie de Bin Laden budista, um taliban dos Himalaias.
Felizmente o mundo pensa de maneira diferente. a China não sabe em que se meteu quando decidiu organizar os Jogos.
eles nao sabem lidar com uma imprensa livre e com uma opiniao pública digna desse nome.
A procissão quanto aos problemas para o regime chinês desta sua visibilidade mundial ainda vai, felizmente, no adro.
Novos e muito interessantes capitulos se avizinham

Leocardo disse...

Uma opinião válida, sem dúvida. Só que eu não embarco em quimeras ou em cruzadas em nome de causas que não se sabe muito bem de onde vêm ou para onde vão. É curioso que mencione os casos do Japão, Coreia do Sul e Taiwan como exemplos de 'democracias de sucesso' na Asia.

Senão vejamos, o Japão, com 127 milhões de habitantes, foi um império que ainda durante o sec. XX cometeu atrocidades sem nome nem de perto nem de longe comparáveis com aquelas de que o Ocidente se queixa em relação à China. É só uma questão de informação; há 60 anos não eramos tão bem informados como somos hoje.

A Coreia do Sul, com os seus 40 milhões de habitantes, foi uma ditadura durante mais de duas décadas, tempo durante o qual desenvolveu a sua economia através da aposta nas empresas ditas familiares que hoje são a Hyundai, Samsung, etc. Um exemplo de sucesso, sem dúvida, mas não sem os seus custos.

Taiwan simplesmente não existe. Consegue dizer-me quais os paises que reconhecem Taiwan? Vejamos, S. Tomé e Principe daqueles que conhecemos, e depois Aruba, Djibouti e outros sem qualquer expressão. Se por acaso acha que interessa, exista também o Vaticano.

E já que menciona estes 3 países, têm todos juntos 200 milhões de habitantes, ou seja, 1/7 da população da China. E têm todos uma vantagem de décadas em relação à China, cuja abertura só se deu recentemente. Entretanto pergunte a qualquer empresário (e um empresário pode ser qualquer pessoa, não se nasce empresário) onde prefere investir, se nessa China ditadora ou se nos exemplos de democracia rígida que apresentou. Boicotem-se também os empresários, digo eu.

E consigo lembrar-me de mais alguns exemplos de países do sudoeste asiático (e não só, mas fiquemos por aqui) em que as liberdades sofrem maiores atropelos que na China. Na Tailândia onde a corrupção é endémica, os presos recebem tratamento sub-humano e existe uma ditadura pseudo-monárquica que serve apenas para os militares oprimirem o povo em nome da religião. Da Birmânia, Cambodja, Laos ou Vietname é melhor não falar. Vá lá e veja por si mesmo.

Não sou de esquerda nem anti-americano, só que sinceramente não percebo como um país que tem as mãos manchadas de sangue como os EUA fala tão levianamente de direitos humanos. Lembre-se do Cambodja (outra vez), da Nicarágua, de El Salvador, de Granada, e mais recentemente do Iraque. É irónico que os mesmos 'amantes da liberdade' que condenam a guerra no Iraque (muitos sem conseguirem explicar porquê) se insurgem agora contra, ahem, a tocha olímpica.

Será que se fosse a Espanha a organizar os jogos olímpicos eu tinha direito de me opor em nome do País Basco e da Galiza? Ou a Itália no caso da Sardenha, a França em nome da Córsega, o Canadá em nome do Quebec e por aí fora? São exemplos muito mais concretos e em que não existe desinformação ou falta de conhecimento de causa, como o Tibete.

Como já referi, sou pela autonomia do povo tibetano (que até existe, a um certo nível) e penso que esta questão deve ser discutida à margem dos jogos. E já agora será que me consegue explicar porque será que se tem empolado tanto esta questão? A designada anexação do Tibete aconteceu nos anos 50, e a decisã do COI em atribuir a organização dos jogos à China foi em 2001. Não acha estranho que só a poucos meses dos jogos propriamente ditos se comece a dar importância à causa tibetana, entretanto adormecida?

E por acaso acha bem que os apoiantes da RP China, os chineses que estão orgulhosos por ter o seu país a organizar o maior evento desportivo do mundo sejam impedidos de manifestar a sua alegria, como aconteceu em S. Franciso? Será que estes 'democratas' de meia-tigela não sabem o que significa uma regra tão básica da liberdade que se chama 'direito ao contraditório'? Correr por uma causa é bonito e até engraçado, mas cuidado com o que o espera na meta.

Cumprimentos

Anónimo disse...

E o Leocardo acha que a China cumpre o princípio do contraditório? E também acha que os dissidentes que continuam a ser presos na China são agentes a soldo da CIA? E que todas as pessoas que se insurgem contra o regime chinês são manipuladas pelos "inimigos" da China?
E por que acha que os empresários estrangeiros gostam tanto de investir na China? Por este país ser um modelo? Não! Porque aqui os trabalhadores fazem o que lhes mandam e baixam a bola. Não há sindicatos, não há direito à greve, há mão-de-obra à fartazana, as fábricas funcionam 24h sobre 24h com apenas dois turnos de 12h, em vez de terem que pagar três turnos de 8h, como no ocidente, etc., etc. A China comunista é o expoente máximo do capitalisto selvagem, o paraíso para qualquer capitalista com dinheiro para investir.
Você, que diz viver em Macau há tantos anos, tem obrigação de saber isto tudo e mais alguma coisa.
E me venha com a lenga-lenga da simpatia dos chineses com os visitantes. Estamos a falar de um regime político, não de um povo. A ditadura de Salazar não era boa só porque o povo português era boa gente e tratava bem os visitantes. Não misture as coisas, não seja básico.

Anónimo disse...

"E NÃO me venha com a lenga-lenga", quis dizer.

Gotícula disse...

Também vejo pelo prisma semelhante do Leocardo, o anónimo é muito anti-china, parece que tal como os americanos quer impingir certos direitos humanos que nem os próprios cumprem, basta recordarmos do que fizeram com os prisioneiros no Iraque. Se eu fosse empresário também investia na china, os trabalhadores ocidentais só querem é direitos, dinheiro e faltas justificadas de resto os patrões que se lixem! Os activistas que vão consultar um bocadinho a história e mesmo as entrevistas do Dalai Lama. Misturar alhos com bugalhos é que não.

C disse...
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C disse...

Caro Leocardo,

Quando disse "sua", refiro-me a alguns anónimos e não a si.

Saudações,

C disse...

Tudo uma atrasadice mental pegada. Um dia vêm uns armados em patrioteiros chineses (sobre a macaensidade), outro já são pela causa tibetana, mas que falta de coerência nas suas convicções. Mais vale dizer que se é do contra e pronto.

Os Jogos calharam à RP China por um motivo simples, para pressioná-la a entrar nas regras do jogo mundial.

Àqueles que pensam em boicotes, serão aqueles que pensam que conseguem modificar o que está mal na RPC isolando-a... nada mais errado.

A RPC quis entrar na OMC, teve de aceitar as regras do jogo, como em todas as OI's há regras e são para ser cumpridas por todos, e é esse o sentido da cooperação positiva, de incluir e não de excluir.

Anónimo disse...

Eh triste quando o Vitorio parece ser o mais racional dos comentadores

Leocardo disse...

Meu caro anónimo, se os empresários gostam da China por causa do trabalho semi-escravo e da mão-de-obra que nunca mais acaba? Talvez. Mas a mesma mão de obra que hoje trabalha turnos de 12 horas e ganha uma miséria é a mesma que até há alguns anos trabalhava turnos de 16 horas sem receber um avo.

O PIB da China é neste momento o segundo do mundo, mas per capita é apenas o 130º atrás de países como a Bolivia ou a Mongólia. Mas tudo isto tem tendência a melhorar, até porque "the only way is up".

É que os chineses sofrem daquilo que em Portugal, por exemplo, é considerado um mal: gostar de trabalhar. E têm uma convicção que foi por nós há muito abandonada: quanto mais trabalhar, mais ganha. Basta olhar para a ridicula perseguição que se faz às lojas de chineses pelo simples facto de abrirem ao Domingo. Mas a hipocrisia não tem limites. Quem compra nas lojas dos chineses? Os outros chineses? Não, são aqueles que falam mal.

Para nós é muito fácil falar de direitos humanos, falamos como quem bebe um copo de água, mas como disse no comentário anterior - e volto a frisar que sou contra os abusos aos direitos humanos onde quer que seja - não dou ouvidos quando um dos principais prevaricadores (os EUA) ataca outro país por fazer o mesmo, e ainda por cima dentro das suas próprias portas (ao contrário dos americanos que o fazem à escala global).

E veja quem são os primeiros a sair em nome dos direitos humanos, liberdades e garantias, e contra à China: estrangeiros. Ora estrangeiros, ora os tais dissidentes chineses (faz ideia das contas bancárias desses senhores? a dissidência é uma arte, um negócio) ora as minorias como os tibetanos, os uygur (todos por motivos religiosos), e outros.

Os chineses ultramarinos sairam da China à procura de um futuro melhor, mas têm orgulho no seu país, e estão-se nas tintas para o que o Ocidente acha ou deixa de achar, pois são milhares de anos a aprender, e esses milhares de anos resultaram numa forma de pensar muito diferente da nossa, e nos custa a aceitar e compreender.

Mas um dia vamos ter que o fazer. E sabe uma coisa? É isso que o assusta. Veja como os chineses ultramarinos não aproveitam o facto de ser residentes dos seus países de acolhimento (em alguns casos de segunda e terceira geração) para protestar ou exigir direitos humanos na China. E isto porque será?

Garanto-lhe que as aberturas vão continuar a acontecer, e sempre a cumprir o modelo ocidental tradicional, aquele a que estamos habituados. A China quer entrar na corrida, e quer-se aproximar do Ocidente, e não o contrário. Só que para isso é preciso muita paciência. Convido-o a continuar a assistir aos progressos nesse sentido, e analisá-los mais friamente, é que falar mal é fácil...

Cumprimentos

PS: Concordo com o Vitório 100%

Anónimo disse...

Sobre o racionalismo do Vitório, recomendo a leitura do artigo "O momento da verdade" do Clarim de ontem: a China concorreu à organização do JO com o argumento de que isso seria bom para os direitos humanos no país, mas nada melhorou a escassos meses da prova. Leiam o artigo.

Diz o Leocardo que os chineses ultramarinos não protestam contra o que se passa na China. É uma leitura demasiado simplista. Alguns manifestam-se. Basta ver as notícias. Os que não se manifestam não é por serem todos a favor do regime comunista, ou acredita mesmo nisso? Muitos não se expõem porque ainda têm família na China e receiam represálias sobre a sua família. Ou sobre si próprios quando visitarem o país. E também há os que não querem saber de questões políticas, não querem confusão. Você vive em Macau e não sabe isso?! Não vê como é que os seus colegas reagem quando começa a falar de política? A maioria foge logo.
E não pense que um chinês ultramarino que tem saudades de casa e sente orgulho por os JO se realizarem em Pequim é necessariamente um apoiante do governo comunista. Pense nos emigrantes portugueses durante a ditadura. Apoiavam sempre os clubes de futebol portugueses quando iam jogar pela Europa fora. Era isso um sinal de apoio a Salazar? Claro que não.

Anónimo disse...

1º ANONIMO


O caro Leocardo utiliza muitas
vezes o argumento, tambem utilizado pelo regime chinês, de que a China tem muita gente e que a democracia não è adequada a um pais com tanta gente e com tantos problemas. Mas entao e a India, que tem quase tanta gente como a China e é uma democracia de sucesso desde hà 50 anos? E se os indianos tem um nivel de vida inferior, isto è porque tiveram durante muitos anos uma politica econòmica de estilo soviético, com planos quinquenais e coisa e tal. Bastou um pouco de liberalizacão económica, como os chineses fizeram, para que a economia indiana apresente indices de crescimento semelhantes à chinesa. quanto ao argumento de que o Japão foi uma ditadura, assim como a Coreia, pois qual o problema? foram mas já não são, assim como Portugal, ao contrario da China, que provavelmete ainda o será por muitos e maus anos, infelizmente. Quanto a Taiwan, é apenas mais uma imagem da hipocrisia mundial e de bajulacão ao regime chinês: Taiwan é um pais independente, e nunca fez parte da Republica Popular da China. Quanto a comparacão com o Quebec e o Pais Basco, essa dá vontade de rir. Tem havido muitos referendos que dão a possiblidade para o Quebec se separar do Canadá, e pergunte a um basco se se sente oprimido com o regime democrático espanhol. ou já agora pergunte o mesmo a um escocês ou a um corso. Ninguem nestes sitios é posto na cadeia por advogar a independência destes territorios. Apenas o serão se cometerem actos de violência, o que é logico. No tibete apenas mostrar uma bandeira tibetana ou um fotografia do Dalai Lama dá direito a cadeia.
Os jogos sao uma ocasiao como outra qualquer para as pessoas manifestarem as suas opinioes. Conversas como separar o desporto da politica nao fazem sentido. Tudo na vida é susceptivel de ser misturado com politica, principalmente eventos altamente mediaticos com os Jogos Olimpicos.
A única crítica que eu tenho a fazer aos manifestantes é concentrarem-se muito na questão do tibete. Falem tambem do Darfur, da Birmânia, das fa lun gong, etc.

Anónimo disse...

1º anonimo.

Só mais uma coisa: As causas nao sao boas nem más consoante quem as defende. Se eu vivesse nos anos 30 eu nao era comunista só porque o Hitler ou o Salazar eram anti-comunistas. Tal como agora nao vou ser contra o desejo de liberdade dos tibetanos só porque essa causa é apoiada por quem invade o Iraque, coisa que eu tambem nao apoio.

Anónimo disse...

O anónimo que me chama "pseudo-intelectualoide de esquerda" devia ler mais uns livros. Nem que fosse só para saber que "genocídio cultural" não existe. O que quer dizer é etnocídio.
Ou seja, tal como o NLB, é só lugares-comuns, por uma razão simples: o ódio à letra redonda e, provavelmente, à água fria, como o Dâmaso Salcede.
E, claro, o insulto fácil, sob a capa do anonimato.

CMJ

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

...quer se queira quer não, a China não mais será exactamente a mesma depois dos Jogos Olímpicos, nem que seja através da "cedência" de mais "um miligrama" de liberdade ao povo chinês devido à pressão dos olhos e olheiros do mundo, por mais pequeno que seja será certamente um avanço. Não queiram mudar tudo de uma só vez, caso contrário a panela de pressão rebenta e de um ponto de vista realista trará muita confusão, incluindo o colapso da RPC. Tal como afirmou um dia o Embaixador do Japão em PT, o Japão e os Estados vizinhos, só terão a perder com a instabilidade na RPC. Já imaginaram o que seria se a RPC colapsasse? seguiriam proclamações unilaterais de independência, autodeterminação dos povos, o momento quiçá até poderia ser aproveitado pelos movimentos independentistas de Macau para se tornar num Estado Soberano, Livre e Independente, seguindo as suas históricas raízes de tradições políticas, do mais antigo parlamento "democrático-liberal" de toda a Ásia (Leal Senado)?
Para os que prezam o sentimento de Liberdade, não prezarão também o da Independência como Povo? A pensar no sabor que seria mais do que Administrar o Território, poder definir a sua política dos Estrangeiros e Defesa? Abdicar desses dois pequenos grandes pontos, será a total incoerência de qualquer argumento de defesa de um sentimento de independência de nacionalidade, de povo independente e livre, se é isso que alguns neste blogue tentam fazer da "macaensidade" algo independente de Portugal e que também não seja chinês.

Tal como os homens morrem, os Impérios igualmente são orgânicos, podem durar um pouco mais ou menos, mas todos acabarão por morrer, e nascerão outros, é o ciclo da vida, nasce-se, cresce-se e morre-se.

Ter paciência de chinês, é também saber aguardar pelo período de fim de império até ao seu renascimento, portanto os chineses não estão com pressa, porque quanto mais depressa se cresce, mais rápido se morre.

Anónimo disse...

1º anonimo

Caro CMJ,
eu provavelmente leio tantos ou mais livros do que você. e nao sao tio patinhas. mas nao vou por aí. pessoas como você tem sempre esse argumento quando alguem discorda da sua sapiência tipo "soixanthuitard" supostamente adquirida nos salões literários de Paris. Já sei que provavelmente vai corrigir a minha ortografia francesa, mas eu não me importo:)
O que eu não sofro é de dor de cotovelo em relaçao á predominância americana no mundo. Por mais defeitos que os americanos tenham, e são bastantes, é graças a eles que o mundo se livrou de nazis, generalecos japoneses e que a Europa de Leste está livre de comunistas. E apesar de todos os disparates feitos, são os únicos que fazem alguma coisa na luta contra o fundamentalismo islâmico.
Enquanto que por exemplo a Europa, como de costume, coça a sua gorda e inutil grande barriga e assobia para o lado.
E acerca da China e do problema tibetano, como eu disse na minha mensagem anterior eu nao vou estar contra ou a favor de uma causa consoante quem a apoia. Ao contrario do sr, que acha que tudo aquilo que a CIA apoia é mau. Pena que nao diga o mesmo do apoio que a China dá ao regime birmanês e norte-coreano.
Eu tenho uma mente mais livre e descomprometida de preconceitos ideológicos. Apenas tenho tendencia a apoiar todos aqueles que lutam pela liberdade. Apoiados pela CIA ou lutando contra ela.

C disse...

...não me venham dizer que não sabiam que ao ser atribuída a organização dos JO à RPC, Pequim não estaria exposto a todo o género de pressões e aproveitamentos políticos de terceiros.
Será que a organização dos JO incarnou o dilema do "Stick and Carrot"? Mas no final há-de fazer bem a todos, tanto à RPC, aos EUA, ao Tibet, a todos.

Anónimo disse...

O Vitório continua a confundir expectativas com realidade. A atribuição dos JO 2008 à China teve também por base uma expectativa de contribuição para a melhoria dos direitos humanos no país (mas não apenas. A principal razão foi económica, disso ninguém duvide). Infelizmente, está a acontecer o contrário: à medida que os JO se aproximam, a China vai endurecendo a repressão interna para garantir que ninguém aproveitará este momento de grande exposição mediática do país para denunciar o que de mal se passa no país. Esta é a realidade que muitos analistas, dissidentes e organizações internacionais apontam. Se não acreditam, estão no vosso direito. Ao contrário do que sucede na China, aqui ainda é possível discordar sem se ir parar à cadeia por subversão.

O Vitório e o CMJ parecem unidos no argumento da defesa da estabilidade chinesa, mas o que preocupa mesmo as autoridades chinesas é a estabilidade do partido comunista, é manter o partido no poder. O Fidel Castro também usa(va) esse argumento para prender os seus opositores, tal como o Pinochet, o Mugabe, o Hitler, o Mussolini, o Salazar, o Franco, o Estaline e os seus sucessores, etc., etc., uns piores do que os outros, mas todos usando sempre o argumento do interesse nacional para justificar a sua prepotência.

Anónimo disse...

Paciência de chinês é ter que aturar as secas do puto vitório isso sim.

C disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
C disse...

Ao Anónimo das 9:58,

Direitos Humanos é acima de tudo matar a fome quando nada se tem para comer, Direitos Humanos é ter uma economia saudável ou em franco desenvolvimento em qualquer país.

Atribuir os JO à RPC, sejam por motivos ECONÓMICOS ou para a obrigar a "arrumar a casa" e entrar nas regras do jogo mundial, causam exactamente o mesmo efeito, servirão para o mesmo fim, fim esse da melhoria do nível de vida dos chineses, pois será inevitável que à medida que o povo chinês vá saceando as suas necessidades básicas, vá exigindo cada vez mais e mais, PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES DE MASLOW.

Será preferível não haver fome entre as crianças sob o custo de haver trabalho infantil, ou que as crianças morram a brincar e à fome? Não que esteja a defender o trabalho infantil, mas até que as ajudas cheguem ou que os adultos consigam fazer funcionar uma economia, é preciso comer ou não? Ou é dos "Direitos Humanos" que se mata a fome?

A solução será sempre a ECONÓMICA, pois sem dinheiro não há palhaços.

É importante que a RPC faça crescer a sua economia, é importante que todos os chineses tenham a barriga cheia, é importante que todos os chineses tenham cada vez mais dinheiro e os faça sonhar cada vez mais alto, conhecendo o mundo, assim, mais dia menos dia, o regime comuna e caduco cairá de podre e por si.

Directa ou indirectamente os chineses empresários ou pedintes, lavradores ou pescadores irão ver as suas vidas melhoradas com os Jogos Olímpicos.

A RPC (ou a nova geração sofisticadíssima de dirigentes chineses - Os "Thai Tzi", "Príncipes") sabe muito bem o que está a fazer, pois alguns dos seus dirigentes da nova geração, garanto que têm maior bom senso, visão e estudos do que qualquer um de nós que está aqui a discutir, nem que seja pela educação de elite e de excelência que receberam do Ocidente e das melhores universidades do mundo.

Tanto paleio, tanto paleio, haverá alguém em Macau com coragem de apagar a tocha? Ou estes arautos da moral e dos Direitos Humanos de expressão portuguesa na altura até vão bater palmas à passagem da tocha?

Jogos Olímpicos na RPC, eu apoio e que seja um sucesso, que Portugal ganhe todas as medalhas de Ouro, Prata, Bronze e Juízo.

Para concluir é universalmente sabido que é a Economia que manda na política, e por conseguinte no mundo.

Saudações,

C disse...

Caro Leocardo,

Sobre o politicamente-correctês das formas pacíficas de diálogo, se o meu país fosse anexado, todos os meios e métodos seriam legítimos para reconquistar a Independência e Liberdade do meu povo.Quer por diálogos pacíficos quer por acções violentas, muito violentas, violentíssimas e terrorismo, atingindo civis do Estado agressor. Como sou português e não tibetano, estou-me nas tintas para eles e para o Dalai Lama, o que mais me preocupa é Portugal, Macau e todo o espaço que se fala português.

Sds,