Leio na edição do JTM desta quinta que o director da Macao Water, concessionária da distribuição de água da rede, pensa em apresentar ao Governo uma proposta no sentido de aumentar o tarifário para os consumidores que “gastem mais água”. Compreendo esta fuga para a frente, e compreendo também de como a água é um bem precioso, cuja escassez se verifica cada vez mais devido ao aquecimento global, às secas prolongadas, à poluição, às chuvas ácidas, etc.
Lembro-me também de quando se verificavam os elevados níveis de salinidade da água ter-se falado numa redução do tarifário, de modo a “compensar” o consumidor, ideia que nunca passou das boas intenções. Agora penalizar o consumidor quando, e verdade de La Palice, este já paga mais se gastar mais água, é estranho. Será que atingir a carteira do cidadão é a única forma de educá-lo a poupar recursos? Como se já não bastassem todas os problemas, como a inflação, a desvalorização da pataca, a falta da carne de porco, vaca e galinha, enfim, a caristia em todo o seu esplendor, eis que temos agora um apertar de torneira (não de cinto), a política do conta gotas.
Não falta muito para que se aperte o cerco ou se aumente os preços às piscinas, às lavagens de carros, de couves, às sopas e aos guisados, aos ta pin lou, às saunas, ao gelo e tudo mais que leve água. À semelhança do estéril mundo do anti-tabagismo, vamos ter campanhas de racionalização da água, através de concursos a atirar para o surrealista, do tipo Miss Macau na modalidade de Sovaco, prémios para os petizes com as mãos mais sujas, concursos de desidratação com honras de Guiness Book para o cidadão que ficar mais tempo sem beber água, ou da barba mais comprida.
Leia aqui a reportagem completa do JTM, feita por Diana do Mar. Fala-se de um nível de satisfação de 70% por parte do consumidor. Na verdade, e ao contrário da electricidade, não me lembro de ter alguma vez faltado a água, mas se apenas sete em dez habitantes está "satisfeito", parece-me pouco.
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