O Governo anunciou ontem um pacote de medidas, que passam por amenizar os efeitos da inflação através da atribuição do tal subsídio de 5000 patacas a cada residente permanente, e 3000 para cada residente não permanente, subsídios para os residentes com dificuldades em pagar as rendas e que esperam habitação social, e (mais) medidas de incentivo à mão de obra local. Anunciou ainda que não vão ser feitos mais aterros e que o número dos casinos se manterá nos 29.
A primeira medida, a tal que em termos leigos significa que o Governo vai dar 5 mil patacas “a cada um”, foi recebida com alguma surpresa e relativo agrado. O pior foi o chorrilho de disparates que passei o dia a ouvir a esse respeito. Que é pouco, não chega, os tais dois mil milhões deviam ser usados nisto e naquilo (como se dois mil milhões aparecessem aí todos os dias prontinhos a ser gastos), que fulano e outrano não merece, e por aí fora. É assim, quem acha que não precisa – e são mais as vozes que as nozes – existe um leque muito vasto de caridades a que pode oferecer o dinheiro.
Aquilo é que foi a ouvir os economistas de ocasião a fazer contas aos dois mil milhões; todos tinham as mais mirabolantes ideias de como podia ser utilizado "em vez de" distribuir pela população. Alguns defendiam que devia ir para os velhos, outros para a educação, ou para o Fundo de Segurança Social, enfim, em muitos casos cada um puxava a brasa à sua sardinha. Uma das ideias mais engraçadas passava por "distribuir pela população mais carenciada". Oh oh. Conhecendo Macau, lá iam os vigaristas, viciados e outros parasitas apinhar-se à porta das Finanças a tentar passar a perna ao Zé.
Sabemos muito bem que as cinco mil patacas não vão resolver todos os males. Há quem fale da necessidade do Hospital público, de medidas mais efectivas no combate a inflação, enfim, de soluções para os males de que o território padece. As cinco mil são, no entanto, uma mudança bem vinda ao estado de coisas que vigorava até ontem, ou seja, muita parra, pouca uva. E que alternativa melhor? Ter o chefe do Executivo a falar pelos cotovelos de medidas para a resolução de problemas que de por muitos boas e sensatas que sejam se perdem nos corredores do poder?
A intenção deste subsídio é de atenuar os efeitos da inflação. Ou seja, para quem gastou mais dinheiro nestes últimos meses, pode assim vê-lo recuperado. A atribuição deste subsídio não significa que o Governo vai lavar as mãos e dar por resolvidas todas as contendas. Para nós, cidadãos informados e conscientes da profundidade dos problemas sociais de Macau este
lai si de cinco mil até pode parecer "uma piada" ou o Governo "a atirar areia para os olhos". Para os agregados familiares de quatro, cinco ou mais pessoas que têm de sobreviver com dez mil patacas por mês é quase como uma miragem no deserto.
Pode ser que estas medidas sejam uma forma que o Executivo encontrou de colocar alguma água na fervura. Os problemas não são de ontem, e este anúncio chega a pouco mais de uma semana do início de Maio, que é, como se sabe, o período do ano em que a contestação sobe de tom e sai à rua, e a um ano do final do segundo mandato de Edmund Ho. Congratulo-me no entanto que tenham chegado, e já diz o povo e muito bem, mais vale tarde que nunca. O que é mais curioso é como tantas vozes que andam tanto tempo silenciadas se levantam exactamente no momento em que são apresentadas soluções para os problemas.
O que mais que angustia é a passividade e o pessimismo crónico; o tal “Macau sã assi”, que no linguajar maquista até pode ser engraçado, mas que na maioria dos outros casos toma contornos trágico-cómicos. Tudo o que se resolve fazer “está certo”, e o melhor é não levantar ondas. Exprimentem falar do caso Ao Man Long em voz alta. À mera menção do nome do ex-secretário caído em desgraça, reparem na quantidade de pessoas que começam a olhar para um lado e para o outro com um ar assustado a dizer “chiu”. Até parece que a Stasi alemã está à espreita.
Nem o mais elementar respeito pela Lei Básica colhe entre os conformistas de trazer por casa. Os direitos à greve, ao sindicalismo, à manifestação são todos um facto, mas com um “mas” que os aniquila antes que brotem da fértil terra da mini-constituição que gere a vida e os destinos da RAEM. E sempre com o mesmo argumento careta: a China quer assim. Lamento desiludir os curvadinhos do reino, mas a China não quer nada disto. As gentes de Macau são cidadãos da RPC, e como tal a última coisa que a RPC quer é ver os seus cidadãos infelizes ou deprimidos, enquanto outros há que enriquecem às custas do erário que afinal é de todos.
Não basta acreditar no princípio de “um país, dois sistemas” só quando nos dá jeito. É preciso acreditar no “elevado grau de autonomia”, que se por acaso não é maior, é porque ainda muito há para aprender. Se por vezes o Governo Central emana ocasionalmente “recomendações” é porque se preocupa sinceramente, e mal de nós do dia em que o deixe de fazer da forma diplomática como o tem feito até hoje. Os cidadãos devem manifestar-se e apresentar as suas preocupações e ambições, e para isso não é necessário que saíam para as ruas a partir tudo ou que se expressem no tal programa das manhãs do canal chinês da Rádio Macau, que tem uma agenda política que tresanda.
Basta olhar para o exemplo de Hong Kong para perceber que aqui deve ter havido um erro de casting qualquer. Imaginem o que seria de Hong Kong, um território que enchia de orgulho o império britânico, que lhe chamava a sua "jóia da coroa”, com o dinheiro do jogo. Nem precisavam de construír os casinos no centro; podiam muito bem mandá-los para os New Territories ou Lantau. Se dizem que Hong Kong “morre de inveja” de Macau por causa do jogo, eu morro de inveja da cultura democrática do território vizinho, e sobretudo da capacidade crítica da sua população.
O que faz falta neste último ano deste Executivo – que vai ficar para a História, nem que seja por ter sido o primeiro – é criar condições para que o Executivo que se segue encontre a casa arrumada, que possa partir de um ponto positivo e assegure o cumprimento das necessidades mais básicas da sociedade. E ao próximo Executivo cabe aproveitar as lições válidas destes últimos nove anos, e aprender com os erros que foram cometidos. Agora não vale a pena pedir desculpas por este ou por aquele caso particular. Só não erra quem não faz.
E a nós, que somos cidadãos residentes de Macau, não nos basta ser críticos quando a obra está feita. Ideias precisam-se. É mais fácil falar do que podia ser feito quando a obra nasceu. Não estão contentes com as cinco mil patacas? Podia ter sido feito algo mais? O quê? Digam sem medos, mas enquanto ainda pode ser feito. E cabe-nos sobretudo a nós, comunidade portuguesa, democratas por excelência (e como sempre nos lembramos disso) deixar de lado o que se passa lá no longínquo
Sai Iong e começar a dar o nosso contributo, a levar a sério a nossa presença nesta terra, que em muitos dos casos já se prolonga há décadas. Eu sou de Macau, e você?
26 comentários:
Caro Leocardo,
eu não vou dizer mais nada a respeito desta medida peregrina e tipica de politicos estilo Valentim Loureiro.
O que eu tenho a dizer já disse o anónimo das 12:30 no post " Natal em Abril", um dos comentários mais inteligentes que eu li desde que comecei a visitar este " Bairro do Oriente".
E sinceramente esperava outra opinião sua acerca deste desnorte.
Cumprimentos
Já esperava uma reacção destas. Quando diz: "E sinceramente esperava outra opinião sua acerca deste desnorte." queria que eu falasse mal só por falar, não era?
Estive durante todo o dia a recolher opiniões sobre este assunto. Consultei um fórum em chinês e as reacções foram mais ou menos idênticas: uns estavam satisfitos com as cinco mil patacas, outros acusaram o Executivo de uma medida populista e desadequada, mas nem um deles afirmou que não ia buscar o dinheiro.
É que quem usa a força da convicção como arma, só faz bem se, no caso de discordar com a medida, não aceitá-la. E como tal, neste caso particular, não aceitar o dinheiro.
Provavelmente ninguém se queixava se o Chefe fosse lá despejar um monte de promessas vãs e não houvesse 5 mil patacas para ninguém. Como houve, eis que há mais algo para falar mal, e considerar a benesse "uma atitude de desespero" que só serve para iludir a população.
É curioso que compare esta decisão com a de Valentim Loureiro quando se candidatou à câmara de Gondomar. Tem piada que todas as nossas referências sejam os Loureiros, os Ferreira Torres ou os Vale e Azevedos. De facto já deviamos estar vacinados contra a malandragem, não é?
Só que em Macau a medida é outra. Para começar, a economia depende do jogo, o jogo é um sector vital e sem jogo não há Macau para ninguém, quer queiramos, quer não. A começar dessa vertente surrealista e quase psicadélica, de que o jogo comanda os destinos do território, só podemos esperar que se tomem decisões desta tez.
Não considero isto desnorte. É uma decisão como outra qualquer, e ao que parece pelas reacções no sentido amplo, só peca por saber a pouco.
Cumprimentos
Concordo plenamente consigo contraditório. Isto é o absolutamente confrangedor.
Bem sei que vivemos numa terra onde o dinheiro fala mais alto que tudo o resto, e onde basta dar uma esmolinha para calar muitas vozes menos conformadas com o estado actual da nossa sociedade. Mas caramba, tornar isto numa política governativa e distribuir dinheiro pelas ruas??? Desta eu sinceramente não imaginava...
Também esperava mais do autor deste blog. As 5000 pataquitas devem fazer mesmo muita falta...
Por acaso até pagam umas fériazitas, ao contrário da habitual retórica que não enche a barriga a ninguém. Agora o sr. contraditório e o sr. anónimo, por uma questão de coerência, não vão receber o dinheiro, pois não?
Como já disse, não vou falar mal só por falar. É estranho que quando o Executivo resolveu implementar o imposto profissional TODA A GENTE menos o Amílcar Feio comeu e calou. Agora quando se trata de DAR, com mais ou menos justiça, cai o Carmo e a Trindade. Muito estranho mesmo...
Para que usar bastões e disparar tiros para o ar durante as manifestações?
Mais valia lançarem notas de mil patacas para ar. Seria uma confusão durante alguns instantes, mas a ver se não dispersavam logo todos a seguir.
Assim sim, com políticas destas é que se resolvem os problemas estruturais de Macau. E estou certo que muito boa gente cá da terra ia logo a correr participar também na festa.
Provavelmente nesse dia nem tempo haveria para escrever posts neste blog. Tal seria a azáfama.
Permitam-me fazer de advogado do diabo por uns instantes e concordar com o Leo. Todos os anos o chefe vai na AL e todos os anos sai de lá com um monte de promessas que ficam por cumprir. Desta vez toma uma medida que agrada à maior parte da população, quer queiram quer não, e caiem-lhe logo em cima. Porquê? Se não gostam desta população porque é muito burra e deste Governo porque é mentiroso, mudem-se. Beijinhos
Caro Leocardo,
É claro que vou receber o dinheiro.
E se agora a Assembleia, para resolver o eterno problema do estacionamento de automoveis, promulgasse uma lei que dizia que o estacionamento deixa de ser ilegal em qualquer parte de Macau, em qualquer passeio, zebra, etc., você acharia uma lei dessas razoável? Penso que não.
E você nunca iria estacionar o seu carro nesses locais que dantes eram interditos?
Ao anónimo das 10:00 e das 10:40 (a julgar pelo sitemeter julgo ser o mesmo): não há uma única linha no meu post em que eu diga que a medida é "boa" ou que resolve de uma só vez todos os problemas de Macau. Só que ao contrário dos últimos tempos, a população vai ver qualquer coisa de palpável. Exprimente você viver com menos de dez mil patacas por mês, como faz a maioria da população activa de Macau (sim, a maioria, que não ganha aos vinte e trinta mil como eu e você, e não lê este blogue) e logo vê a diferença que cinco mil patacas fazem. E já que me chama de "vendido", mais uma vez reitero o que disse num dos comentários anteriores: não vá receber o dinheiro. Se for, será um verdadeiro hipócrita.
Anónimo das 10:52 : obrigado pelo "apoio", mas não partilho dessa opinião de que "quem está mal muda-se". Quem está deve ficar de corpo e alma, e tentar contribuir com a solução e não passar o tempo a criticar de forma pouco construtiva.
Cumprimentos.
Caro contraditório: grossa comparação, essa. O que há de ilegal em distribuir cinco mil patacas de receitas pela população?
Caro leocardo,
Não, naturalmente que não esperava que "falasse mal só por falar".
Apenas devo dizer que fiquei um tanto ou quanto desiludido com a sua argumentação baseada no "Critica, mais vai buscar as 5 mil, não é? "
Naturalmente que, entre receber 5000 patacas e não receber nada, a população irá buscar o dinheiro.
Mas, e digo-lhe com a convicção de alguém que é de Macau, como o senhor/a, que se o Executivo aparecesse a divulgar que esses milhares de milhões de patacas seriam utilizados em medidas concretas para o futuro, como a contratação de dezenas de médicos especialistas de classe mundial nas diversas áreas para o nosso hospital público, que poderiam encurtar em meses as listas de espera ou evitar o "exodo Tailandês" e mesmo "Zuhaiês" (anunciado na televisão!), por exemplo, ou se aplicasse o restante em contratar professores e desse condições às escolas públicas semelhantes às privadas?, a população daria palmas- de pé.
É verdade, isto que disse não são mais do que meros "bitaites" de um "opinador de ocasião".
Como disse, ouviu milhentos comentários e sugestões para a aplicação do dinheiro. Alguns, como diz, autenticos "economistas de ocasião". Porém,não serão as suas opiniõpes, criticas, sugestões, pertinentes?
Não será isso sinal de que se começa realmente a opinar sem "criticar por criticar", mas sim pensando em soluções?
O meu conhecimento limitado da administração permite-me saber que determinados Secretários ou directores de serviço não tem formação especifica nas áreas que dirigem. Porém, isso não os impede de opinar, e certamente de decidir. Muitas vezes bem, outras vezes mal.
Como cidadão comum, a discussão, a partilha de ideias e a consciencia social são excelentes sinais de que as pessoas estão preocupadas com a sociedade em que se inserem.
Eu estou de facto agradavelmente surpreendido com os comentários que tenho ouvido da comunidade portuguesa. É sinal que realmente se voltam cada vez mais para os problemas de cá. Isso é necessário, porque cabe aos cidadãos de Macau o dever e responsabilidade de se preocuparem por esta terra.
Provavelmente dir-me-á que não sei do que estou a falar, e que tudo isto envolveria custos muito acima dos milhares de milhões anúnciados na medida das "5mil patacas". E provavelmente terá razão.
Mas Macau é ou não é uma das economias mais fortes da Ásia? Julgo não estar enganado, porque ouço as noticias, quase todos os dias.
E também sei, com alguma certeza, que somos, em numero, 10x menos que os nossos vizinhos de Hong-Kong. Então se temos mais dinheiro, porque raio o nosso hospital é pior? Porque é que o mundo Académico é muito mais prestigiado e reconhecido como de maior qualidade? Porque raio o panorama cultural é muito melhor lá?
Há que dar tempo ao Governo. Concordo. Mas se é a distribuir 5 000 patacas à malta, não consigo evitar de pensar que essa medida é, por ser tão futil e desprovida de estratégia de futuro, uma perca de tempo.
Digo isto, caro Leocardo, sem qualquer intenção de ataque. Este blog diferencia-se do resto porque assume a sua posição, sem medo de a partilhar.
Mais uma vez, os parabéns pelo excelente trabalho!
Saudações,
caro leocardo,
eu disse se a assembleia promulgasse uma lei em que o estacionamento passaria a ser LEGAL em qualquer lugar.
o que eu quero dizer é que podemos achar uma medida governamental descabida. mas se ela nos traz vantagens, seremos parvos se não aproveitar-mos.
mas podemos continuar achar que é uma medida errada
Anónimo das 11:17: deixe-me dizer-lhe em primeiro lugar que não, não discordo da sua posição que se aproxima da minha, afinal. É claro que o Governo devia voltar-se para o problema da saúde, apostar na vertente académica e cultural (queria abordar esse tema neste post, mas 12 parágrafos já me pareceu demasiado longo para continuar a divagar), mas o facto de ter investido dois mil milhões para amenizar o problema da inflação não significa que vai fechar a loja e dar o seu trabalho por completo.
E é disso mesmo que se trata. Tanto eu como o senhor e o resto da população temos sentido o problema da inflação, e se cinco mil patacas resolvem o problema? Claro que não. Mas ajudam, principalmente as famílias mais carenciadas que assim podem investir esse dinheiro na compra dos bens essenciais que são cada vez mais caros e têm tido cada vez mais peso na despesa familiar.
Não sei se viu a intervenção do economista Albano Martins no Telejornal de hoje, em que diz que o ridiculo da situação passa pelo facto de tanto os mais ricos como os mais necessitados usufruirem da mesma forma desta benesse. Mas é preciso lembrar que como medida urgente a ser accionada, não passa pela cabeça de ninguém selecionar os cidadãos mais necessitados. Isso levaria muitos meses, provavelmente anos, e não estaria isento das habituais imprecisões e injustiças.
Cabe aos mais ricos fazerem o seu papel, e neste caso particular renunciar a este subsídio para eles insignificante e doá-lo aos mais pobres. Não sei porque se exige tanto a este Executivo quando nos bastidores são sempre os mesmos gatos gordos que se ficam a rir e encher a barriga. Assim como é a obrigação de um Governo com uma forte componente social de garantir que são os ricos que pagam a crise.
É certo que todas as opiniões são válidas, mas é no entanto bizarro que tantas opiniões floresçam após uma decisão que no fim de contas não prejudica ninguém, pelo menos a curto prazo. Já foram no passado tomadas decisões lesivas para os interesses nomeadamente da classe média, sem que se gerasse uma onda de revolta tão grande como agora. Uma interpretação Freudiana diria que o Governo ao "dar" dinheiro à população está a evidenciar sinais de desorientação e fraqueza, que esse mesmo segmento aproveita para malhar no ferro enquanto está quente.
É óbvio que quem não concorda com esta medida não deve ir buscar o dinheiro. As convicções são mesmo assim. Quem concorda ou pelo menos abstem-se, recebe, quem considera a medida despropositada e bate o pé, deve, por uma questão de coerência, não receber o dinheiro. Não estou aqui a chamar falso ou hipócrita a ninguém, mas ou se toma uma posição firme...
Faz-me lembrar a velha fábula do patrão tirano que subitamente se torna benemérito, e que é traído ao mínimo sinal de fraqueza. Tenho a certeza que Edmund Ho não acordou ontem e resolveu dar pasta ao povo. Foi uma decisão ponderada, que exige uma rectificação no orçamento (continhas bem feitas, portanto), que não vai fazer mossa nesse mesmo orçamento e que é bem vinda para já. Só podemos esperar que outras, essas já de fundo, se sigam.
Eu é que agradeço pela vossa contribuição; este é um espaço de temas e opiniões, e a última coisa que desejo é a absoluta concordância. Da discussão nasce a luz.
Cumprimentos
Macau tornou-se numa terra vazia onde ja pouco mais interessa senao o dinheiro. Uma terra sem quaisquer ideais, valores ou principios para alem dos materiais. Onde so se vive para sugar o maximo que se pode, da melhor forma que se pode, sem o minimo de preocupacao com absolutamente mais nada.
As condicoes de vida nesta cidade estao a tornar-se num inferno, com imensos problemas sociais,
estamos a hipotecar uma geracao inteira de jovens que nao quer saber da educacao para nada, pois ir trabalhar para os casinos e que esta a dar (e la irao passar o resto das suas vidas..) mas nada disto importa pois o que interessa e o dinheiro.
E o Governo o que faz para tentar inverter esta degradacao social? Distribui mais dinheiro.
Olvidai os rios do Olimpo purpurinos
Os pernilongos elefantes de Dali
Que o soar das cítaras e dos hinos
Ressoa com mais força por aqui
Que repeniquem com clamor todos os sinos
Pelo farto fluir do maravedi
E pra sempre se iluminem os casinos
Que o céu cospe prata por aqui
Não me queixo de Macau
Tão melhor é que Lisboa
Nunca mais faço "Ta pau"
Que chove dinheiro à toa
Leocardo, o que devo comprar? Um plasma ou uma Playstation 3 para os putos?
Deixe os putos comprarem a PlayStation eles próprios. Afinal eles também têm 5000 patacas. Sabia?
uhuhu os de Pequim têm medo que o sopro dos arruaçeiros de Macau apague a chama Olímpica na Almeida Ribeiro.
O ano passado houve de tudo! Nem o funeral do parente do Chefe escapou! Por fim lá chamaram um pistoleiro (do qual já nem se houve falar) que resolveu a questão. Pena que pela lei da gravidade, a eficácia desta medida tenha "ricocheteado" e terminado com um cowboy feito estrela de TV e com um motociclista inocente na urgência do S. Januário!
Este ano para reestabelecer a paz e a ordem compram-se indulgências à população! Quanta creatividade :)
Macau, je t´aime!
ouve*
Se estão assim tão descontentes podem doar o dinheiro, as Cáritas agradecem!
http://www.caritas.org.mo/egoal.htm
Caritas de Macau:
Endereço: Largo de S. Agostinho, n.o1A
Telefone: 28933507 / 28930362 / 28934109
Esse argumento do "se não concordas não recebas" ou "dá para instituições de caridade" é duma pobreza intelectual gritante.
Eu vou receber este dinheiro porque seria parvo se não o fizesse. E ajudo (e sou voluntário de) instituições de caridade todos os anos, com ou sem este "lai si".
Mas segundo esta gente, ao aceitar o dinheiro terei obrigatoriamente de concordar com esta medida populista, descabida de qualquer visão e estratégia para o futuro da minha terra, caso contrário sou acusado de ser hipócrita.
Meus Deus, é esta a vossa noção de participação cívica numa sociedade? É a lógica do "come e cala-te"? É isto que ensinam aos vossos filhos?
ao anónimo anterior:
É mais come cala não chateia e se tens sugestões escreve para o governo. Até tem uma parte para opiniões. Basta deixar a identificação e o e mail www.macau.gov.mo
Doar?!?! Está a falar com a pessoa errada. Fale com o Chefe!
Epá, concordo!
Devo ser eu que me devo juntar a outros cidadãos para fazer o trabalho de beneficiencia e de nivelamento social que o nosso Governo, cujo salário é pago pelos nossos impostos, deveria fazer!
O Governo, (usando uma linguagem simplista e inspirada na sociedade macaense), é a "suprema associação" de Macau.É lá que está a colecta geral de impostos, de lucros e o capital da terra, que TODOS contribuimos. No fundo, somos todos socios dessa "associação".
Essa associação tem a obrigação e o dever de gerir esta cidade e de, em primeiro lugar, nos dar qualidade de vida. Neste caso concreto, seria aplicar esses milhares de milhões de patacas em infra estruturas e medidas de peso que poderiam beneficiar de forma sustentavel e a medio e longo prazo a população. , Agora, distribuidos em 5 mil patacas por cada residente permanente e 3 mil por não permanente, por maiores iniciativas civicas de angariação de fundos que sejam feitas, nunca se chegará ao peso e capacidade de intervenção que o montante inicial teria.
Se distribuissem estas cinco mil após termos o melhor hospital da Ásia, as melhores escolas, o melhor sistema de transportes da região e habitação acessivel para todos, então, talvez (e digo talvez) seria aceitavel.
Mas não estamos lá, longe disso.
A indignação está aí, nessa perca de tempo e desperdicio de dinheiro público num momento em que medidas muito mais urgentes e imporrtantes devem ser tomadas. Se esta medida foi tomada com o intuito de se ganhar tempo, a meu ver, encurtou-o ainda mais.
Haja juizo...
Na frase "vou falar de uma forma simplista e inspirada na sociedade macaense", obviamente que o que quero dizer é que o simplismo está na analogia redutora comparativa do Governo a uma Associação. Quanto ao "inspirado na sociedade macaense", falo na estrutura da sociedade macaense, cimetada no poder das associações.
Para evitar confusões ou má interpretações!
fogo! desculpem a ousadia de me meter onde não devo. se há assim tanto dinheiro digo eu, porque não acabar com os parquímetros de estacionamento que é um grande transtorno para toda a população. quando ai estive de férias tinha que me levantar todos os dias às 9 da manhã para por moedas e no dia que lá fui às dez já tinha uma multa para pagar. fogo todo santo dia incluindo fins de semana e feriados.
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