quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Venus e o silêncio



Deitado do teu lado, os dois em silêncio só olhando um e o outro, tentando ler os gestos, quem chegaria lá primeiro? As horas passavam, só isso, passavam, e tu do meu lado e eu junto de ti, gozámos aquele silêncio de um fim de tarde em Setembro, tudo havia sido dito por agora, restava-nos só o refugio, um lugar para deitar a perder mais um dia, tão igual a tantos para outros, para todo o mundo, menos para nós.

Passageiros do expresso do jamais, apeados que fomos tantas vezes na estação do desgosto, de mão dada iremos juntos agora até ao fim da linha, em silêncio. Sim eu sei, sinto a fera ferida em ti, quando te passo a mão no rosto e te afastas, quando te abraço mais firme pareces querer fugir.

Eu sei, eu sei hoje não, também; manda o silêncio. Nem nunca - é lá contigo. Se não me quiseres dizer não digas, traduzo como mais um doce silêncio teu, e só me resta ver-te feliz, pelo menos tentar, e ja não falta assim tanto para chegarmos juntos ao fim da linha.


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