"É sempre, são 24 horas" - dizes tu, furiosa. "24 horas sem parar!" dizias em voz alta, mesmo ali no meio da rua escura àquela hora. Era tarde, mas para ti pouco importava o tempo, o lugar, ou os olhares indiscretos, pois podiam estar ali centenas, milhares de almas que para ti era só entre nós dois, um duelo à luz do luar. Sem jeito, desarmado, tento reagir, mas logo desisto, e olho para o lado, deixando que me agridas com a tua voz de trovão. E ficas tão linda quando te zangas, sabias? Como me encanta o teu lado insensível, mauzão, sobrancelhas franzidas, dois riscos largos na testa, lembrando as asas de um milhafre, e eu a presa, ali prestes a ser devorado.
Mas foi mesmo? Teriam sido 24 horas, sempre, sempre atrás de ti, sufocando-te, amarrada por este estranho - e quem sou eu, se afinal "foram só três vezes"? Sim, 3 vezes, contaste bem. 24 horas, nem por isso. Eu sei, meu amor, para ti parecem 24 horas, o que para mim parecem meses. Estamos ambos errados, foi muito menos, mas ganhas pela aproximação e assim marcas as distâncias; tu, quase lá, e eu, bem no fundo do abismo. Fosse só possível que isso te fizesse mais feliz...
Leocardo, 10/09/2014 (dos dias sem fim)
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