segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Mata-me outra vez



Já me perguntaste mil vezes porque sou assim; eu só sei ser assim. Mudar por ti não mudo, seria outro e daí receio, que outro não seja o mesmo que aqui jaz a teus pés indolente, quase moribundo. Tudo o que vi, o que senti, cheirei, comi, bebi, e até o que pensei são uma medida de nada perante o lustre desta vertigem que é o teu todo, tão prefulgente que me desvanece, que me amassa, que me alucina. E foi assim uma vez, naquela noite deste resto do estio, deste resto de mim. Não me peças para mudar - eu só sei ser assim. Antes mata-me como naquele nosso último encontro, mata-me outra vez.

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