domingo, 7 de setembro de 2014

O Toy NÃO morreu (antes pelo contrário)



Pois é, António José Neves Ferrão é um nome que não diz nada a ninguém, ou a pouca gente (gente problemática, suponho), mas se eu vos disser que se trata de Toy, o músico português do género popular também conhecido por "pimba", já todos conhecem. As reacções é que podem variar, entre os que imediatamente fazem uma cara feia, e os outros que não fazem cara nenhuma, pois sabem que mesmo que sejam fãs do cantor isso dá a entender que são rústicos com mau gosto em música. Eu não penso nem uma coisa nem outra, não conheço praticamente nada do reportório do Toy, e ele nunca me incomodou, pois quando aparece na TV a cantar não demora mais que 3 ou 4 minutos, e nesse tempo eu posso fazer outra coisa qualquer. Acho que os Moonspell incomodam-me mais que o Toy. No entanto no final da semana passada andou a circular uma pseudo-notícia que dava a entender que o Toy tinha morrido. Sim, eu sei, não diz lá isso, mas desconheço a natureza desta revista (ou se existe, sequer), e com o ante-título "notícia triste para a música portuguesa" e mais em baixo cortada na parte "foi encontrado" dá a entender que morreu. Bem, toda a gente morre, mesmo que no caso do Toy fosse lamentável pelo facto de não ser assim tão velho (nem sei que idade ele tem), mas não sendo eu um fã não ia chorar, arrancar os cabelos ou subir pelas paredes. Mas como o que não falta por aí são essas notícias falsas dando conta da morte trágica (Sylvester Stallone) ou homossexualidade assumida (Chuck Norris) das celebridades, fui verificar no motor de busca do Google, e em menos de 20 segundos fiquei a saber que era treta - que bom para o Toy, para a família dele e para os fãs. E a vida continua.



Mas no dia seguinte à notícia que sugeria que o Toy tinha ido ter com os espíritos (o da Lei Básica incluído, acho), eis que é revelada a verdade, e tudo não tinha passado de uma piada! A sério! Epá que piada tão gira, mijei-me a rir. Não, esperem, acho que mijei sim, mas foi uma meia-hora depois, e se ri durante esse período foi de outra coisa qualquer. Sinceramente não me lembro. A elaborada graçola tinha a ver com o resto da notícia que deixou os fãs do Toy à beira do suicídio no dia anterior: afinal a "notícia triste para a música portuguesa" prendia-se com o facto do cantor ter sido "encontrado essa tarde na sua casa em Setúbal e a compor uma nova canção"! Ah, ah, ah, ah! Ahem,  a sério não tem piada. Nem com o Toy, nem com ninguém. Se fosse com um cantor que eu gostasse ia considerar isto tão estúpido como se fosse com o Toy ou outro qualquer. Quem é que se lembra de insinuar a morte de uma pessoa desta forma para expressar um gosto musical?



Mas o que me levou a escrever este "post" foi a quantidade de pessoas que acreditaram na notícia (devem desesperar primeiro durante uns dias e só depois tentar saber se é mesmo verdade) e em vez de procurar mais informação pelos orgãos de comunicação, andaram a vasculhar pelas redes sociais - boa opção, atendendo a que se trata de fãs do Toy. Assim nos últimos dias tive esta quantidade que se vê de visitas numa notícia relacionada com o cantor, que passou por tempos difíceis, desde um acidente vascular cerebral a um processo de apuramento da paternidade de uma criança de uma fã a quem deu uma queca. O artigo intitulado "A vida atribulada de Toy" de 6 de Maio de 2010, dava conta de uma fase complicada da sua vida, que a julgar pela continuidade que deu à sua carreira, já terá sido deixada para trás. E a notícia era de 2010, reparem, se ele realmente tivesse ido desta para melhor, não seria pelos mesmos motivos. O pior foram mesmo os comentários na página daquela hilariante chalaça. Reparem nisto.



A Sandra Machado é tão espirituosa que dá pena. Se a piada já tinha sido engraçada, e aparentemente ela foi uma das que caíu, devolve o desaforo com a perpetuação da mesma piada. Depois de decifrar aquele português marreco que ela escreve, dá-me a entender que "lamenta" que a notícia da morte do Toy não se confirme, e sugere que o cantor chame à sua próxima canção (uma "horripilante cacofonia", diz) de "Afasta-te do meu ouvido". Eu "aconse-lho" é a Sandra a aprender a escrever, e ao Instituto Superior Técnico a reformar os currículos, e ser mais rigoroso nas candidaturas que aprova.



Aqui temos a religiosa e o especialista em "marketing". A Alina Raposo dá graças a "deujenoxoxenorjejuxcriste" pelo facto do Toy estar vivo, ai que bonzinho que ele é, e que maldade lhe fizeram, e ela que já tinha ido rezar uma novena à Nossa Senhora dos Aflitos e Desenrascados e tudo. A seguir aparece um Miguel Moreira, que segundo o seu perfil é consultor na BOLD international, empresa de gestão, consultadoria, outsourcing, etcetera, tudo gente bonita e com a barba bem feita (sim, até as mulheres!) e que conhece estes truques todos de gingeira. Ora o "site" publicou este boato nojento para "ganhar com a publicidade", uma opinião muito profissional. But wait! O homem não é all business: também tem moral. Deixa claro que "não lhe parece uma atitude muito correcta", isto de andar a espalhar rumores sobre a morte dos outros, mas para que não feche as portas ao segmento de mercado dos adeptos do humor mais mórbido, conclui que pode haver quem ache piada, "dependendo do ponto de vista". Se a Alina respondeu ao seu simpático, pseudo-útil e ambíguo comentário, imagino que a esta hora a BOLD international já tem mais uma conta bancária para gerir.



Este Jorge Bento, da Póvoa do Varzim, é um caso sério. Não só perpetua a ideia de que as pessoas do norte usam obscenidades como se fosse pontuação, mas ainda inaugura uma nova figura de estilo. Começa a única frase que escreve com um "foram-se" e acaba com um "portas que partiu", sendo isto quase metade do texto. Não quero é imaginar o que andou ele a dizer enquanto não descobriu que foi tanso ao acreditar na improvável morte do Toy: "Epá ó Bítor, ó Bítor, já biste esta m..., ó c... Entone num é cu Toye morreu, ó c.... F...-se! P... que o p...!" Só neste contexto se encaixa a possibilidade de acrescentar ao pranto da mãe do Toy uma carrada de insultos à sua pessoa.



A Tina Almeida é a moralista de serviço, ou melhor, queria ser, mas a máscara cai-lhe depressa. Primeiro diz que "não é grande fã do Toy", o que lhe confere um estatuto de "independente". A seguir censura que se faça isto "a um ser humano", e não demora muito até começar a exaltar-se, e na segunda frase apressa-se a chamar aos autores da palhaçada "gentinha medíocre" e invejosos, terminando chamando-os de "podres". Se isto já é um comentário infeliz que não merece resposta, eis que aparece o Paulo Cruz, um daqueles tipos que dá opiniões que ninguém pediu e nos momentos menos oportunos, a repreender a Tina Almeida, que "ofendeu os outros sem que ninguém a tenha ofendido", e aconselha-a a "ter tino" quando reage a "uma brincadeira sem maldade nenhuma". Além do "timing" infeliz, não há uma única coisa que se aproveite do comentário deste indivíduo. Critica a Tina Almeida por ter "ofendido alguém" (ele?), e não me parece que isto seja uma "brincadeira", e muito menos inocente. O sócio-gerente administrativo de uma tal "unemployed" (?!) leva uma resposta à medida, com a Tina Almeida a sugerir que ele aproveite o seu tempo livre enquanto trabalha na "unemployed" (adorei, a sério) para escrever umas "letrinhas", que suponho ser o equivalente bracarense de "carta". Bem atirado pela Tina Almeida, se bem que pouco ajuda para a imagem apaziguadora que pretende transmitir inicialmente.

Portanto, o Toy está vivo e bem vivo, consegue fazer o povo mexer-se, e nem é com a música.


2 comentários:

IST disse...

Eu "aconse-lho" é a Sandra a aprender a escrever, e ao INSITUTO Superior Técnico a reformar os currículos, e ser mais rigoroso nas candidaturas que aprova.

O Karma é tramado ;)

Leocardo disse...

"Muiro" obrigado pelo seu comentário, vejo que está atento, de facto era bom que mais pessoas no INSTITUTO superior técnico ficassem mais atentos a quem "inventa" do que a quem obviamente comete um lapso por culpa (nada é perfeito) do teclado. Tal como o "r" está ao lado do "t", e eu não mudei a ordem de qualquer letra de nenhuma palavra (faltou o "t" enfim), são erros normais. Agora se você quiser pesar o facto da Sandra ter cometido um erro normal e outro para lá de anormal num texto de quatro linhas, enquanto eu (se lê o blogue, e faço desde já questão de convidá-lo) escrevo por vezes mais que um artigo com 2000 palavras ou mais POR DIA. Talvez os padrões de exigência, de tão elevados, levem a reparar no acessório e ignorar o essencial. A propósito, já me aconteceu várias vezes reler um artigo de dias ou semanas antes e identificar imediatamente um lapso ou até uma construção gramatical deficitária, e corrigir logo que tenha oportunidade. Penso que se ler os quase 11 mil artigos que publiquei nos últimos 7 anos, vai encontrar vários desses lapsos; nem preciso de lhe pedir por favor, pois já demonstrou que essa é uma das suas especialidades. E mais uma vez obrigado pelo seu comentário, e como diria (ou escreveria, neste caso) a Sandra, re-co-men-do-lo-ia a apostar mais no ensino das regras gramaticais e nos tempos nos verbos, e menos na cata dos piolhos ;)

Cumprimentos