sexta-feira, 11 de julho de 2014

Chega pra lá, Jagger!


Os adeptos brasileiros queriam evitar a França e usaram o "vodu Jagger" para lhes sair a Alemanha. Em retrospectiva, fizeram mal...

Existe um "gato preto" neste mundial de futebol, e que já em 2010 tinha feito "vítimas" com o azar que carrega com ele para toda a parte. O seu nome? Jagger, Mick Jagger. Fica contente cada vez que encontra uma camarada seu, que apoia o mesmo clube? Fica encantado quando um estrangeiro lhe diz que torce pela selecção portuguesa? Se esse estrangeiro for Mick Jagger, diga-lhe para virar essa boca (bocarra, aliás) para lá, e ir lixar a vida a outro. Se as previsões "trocadas" de Pelé têm pelo menos o condão de obedecer à lógica, ou seja, o "rei" era "bom de bola", mas não percebe nada do futebola actual, para o vocalista dos Rolling Stones estragar a festa nem é preciso dizer nada - basta-lhe "apoiar". Os brasileiros chamam-lhe "pé frio", os macaenses chamariam-lhe de "preto", e para a maioria é apenas "aquele velhote que já é bisavô mas faz macacadas em cima de um palco, lambendo os dedos e cantando as mesmas músicas que a nossa avó ouvia". Mas Jagger está longe de ser o adepto que queremos ver na nossa claque.


Seria este o gafanhoto que apoquentou James Rodríguez durante a marcação do "penalty" que deu o golo à Colômbia na derrota frente ao Brasil?

Tudo começou há quatro anos, durante o mundial da África do Sul, aquando da partida entre os Estados Unidos e o Gana, a 26 de Junho em Rustenburg, a contar para os oitavos-de-final. Jagger estava na tribuna de honra sentado ao lado de Bill Clinton, expressando o seu apoio à selecção norte-americana. Resultado? Vitória do Gana por 2-1, após prolongamento. No dia seguinte foi visto em Bloemfontein, palco da partida entre a Alemanha e a Inglaterra, ostentando um cachecol da selecção inglesa. No fim os alemães levaram a melhor por quatro bolas a uma. Há dias em que não é preciso revelar a nacionalidade, "muito obrigado, ó beiçudo", terá dito o italiano Fabio Capello, selecionador inglês na ocasião. Há quem diga mesmo que o árbitro Uruguaio Jorge Larrionda não terá visto a bola passar a linha de golo após o remate de Frank Lampard aos 39 minutos, pois estava distraído com os "flaps" que faziam os lábios de Jagger naquele dia de vento. A 2 de Julho, já durante os quartos-de-final, apareceu no Nelson Mandela Stadium em Port Elizabeth, onde jogavam Holanda e Brasil, e vestido a preceito para apoiar a "canarinha", com a camisola oficial verde e amarela. Sneijder, que se calhar gosta mais dos Beatles, ficou inspirado e marcou os dois golos com que a "laranja mecânica" mandou a "canarinha" de volta para o outro lado do rio. Não há registo de ter estado na final do dia 11 em Joanesburgo, onde a Espanha conquistou o seu primeiro mundial à custa dos holandeses, mas rumores apontam para que nesse dia Jagger tivesse confessado aos amigos que "era holandês desde pequenino". Imaginem que até o próprio Johann Cruijff o trata por "senhor", por respeito pela diferença de três anos que o separa do músico, para menos, é óbvio.


Aqui o feitiço não teve efeito: Mick Jagger em pessoa esteve no Mineirão a apoiar o Brasil!

Este ano Jagger voltou para estragar a festa a muito boa gente. Quando Pelé prevê tudo ao contrário, as selecções ainda podem provar em campo que a "zica" do melhor jogador de sempre pode ser contornada - basta mostrar que ele tem razão. No caso de Mick Jagger é uma maldição; na noite da estreia da Inglaterra frente à Itália, a 14 de Junho, os Rolling Stones davam um concerto em Roma, e o "sinistro" cantor previu a vitória da equipa de Roy Hodgson por 2-1, quando o que aconteceu foi exactamente o oposto. Talvez Jagger tenha ficado surpreendido quando os italianos festejaram após ele ter feito esta previsão, num estádio cheio deles, em plena capital "azzurra"; é que a sua fama já tinha passado os Alpes. Na velha Albion os adeptos ingleses desesperaram, e muitos evitaram até assistir ao jogo, tal era a certeza da derrota frente à Itália. Diz-se até que a rainha foi para a cama mais cedo nesse dia, e o príncipe Harry colocou um poster de Jagger na tábua dos dardos e passou a noite inteira a praticar. Mas não se riam, ó tugas; o engelhado de Dartford, Kent, previu vitórias de Portugal contra a Alemanha (vendo bem, essa previsão até chega a ser triste, de tão "furada" que saíu), e para ter a certeza que os súbditos de sua majestade não perdiam o 62º aniversário da coroação de Isabel II, previu também a vitória da Inglaterra sobre o Uruguai. (Vendo bem o aniversário da coroação é a 2 de Junho, e o jogo foi a 19, mas deixemos isso de lado para bem do efeito dramático do enredo da história). Se eu fosse inglês ficava pelo Brasil à procura de uma kenga velha parecida com o Mick Jagger e pregava-lhe um estalo.


Mais do que as bandeiras alemãs, será isto que os adeptos da "mannschafft" levarão para o Maracanã no Domingo.

E não restavam dúvidas quando Mick Jagger foi avistado em Belo Horizonte na última terça-feira no Mineirão para apoiar a equipa da casa que uma tragédia estava prestes a acontecer. E foi mesmo assim, e o sacana do velho parece ter os poderes a aumentarem de feitiço para feitiço, como se fosse o "Highlander", e adquirisse a energia das vítimas a quem corta a cabeça. Parece até que ele "can't get no satisfaction" até arruinar por completo a fé dos adeptos das equipas que decide apoiar - para mal destas, que vêm nele um gato preto com o nº 13 no lombo a passar debaixo de uma escada depois de ter partido um espelho e entornado o sal. Os adeptos usam-no como talismã, exibindo cartazes com a sua cara por cima da camisola da equipa adversária, mas nada ultrapassa o original. Nem milhares de adeptos brasileiros com efígies de Jagger com a camisola da "mannschafft" iam evitar a derrapagem histórica que se deu nas meias-finais deste mundial. É a segunda vez que o bisavô do rock'n'roll "lixa" a "canarinha", e a segunda vez que ajuda os alemães. Já era altura dos teutónicos erigirem uma estátua em sua homenagem. Uma não: várias, e a próxima podia ser já em Buenos Aires, com a camisola da Argentina vestida. Entretanto a DFB, a federação alemã, interpôs uma providência cautelar a proibir Mick Jagger de apoiar a Alemanha no próximo Domingo. Mas sabendo como o gajo é, de certeza que vai estar do lado dos outros, dos tipos de sangue quente. Os argentinos preferem que ele se abstenha, e já o comparam ao "chupacabra". De facto cantar e andar os pulos nos palcos por esse mundo fora ele sabe, mas de futebol...


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