sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O podre das palavras


Deparei com este artigo na edição de hoje do Jornal Tribuna de Macau, e começo a pensar que existe da parte do seu autor a presunção de que é o detentor da verdade absoluta, o juíz supremo do que pode e não pode ser escrito, o autor dos cânones do jornalismo - e nem é sequer jornalista. Reparo ainda que a pessoa em questão tem pavio curto, ferve em pouca água, salta-lhe a tampa com facilidade. Já tinha ido aos arames naquela questão dos cãezinhos e dos gatinhos no programa Contraponto, e na ocasião chegou mesmo a recorrer ao insulto gratuito. Sim, a mesma pessoa que aqui fala de "deselegância", "achincalhamento", e audácia das audácias, sugere que os outros se vejam ao espelho.

Primeiro não entendo porque gasta tanto latim para produzir uma justificação para o atraso de Paulo Portas, quando o próprio nem se deu ao trabalho de o fazer, e concordo consigo quando fala da falta de educação ou altivez do VPM português - provavelmente a única coisa que concordo em tudo o que ali escreve. Como já disse aqui no outro dia, é com indiferença que olho para as tropelias dos "nossos" (entre aspas porque meus é que eles não são, com toda a certeza) políticos, e mais de vinte anos de Macau já me deixaram vacinado. Estando aqui há mais tempo do que isso, surpreende-me que ainda lhes dê tanta importância; talvez o período de incubação dos anticorpos seja variável. Se Portas se atrasou por causa do "ferry", por causa dos fusos ou simplesmente porque lhe apeteceu, problema dele. Os empresários chineses viraram-lhe as costas, e se calhar da próxima vez já não esperam.

Em relação à "gaffe" do secretário de estado, que chamou de "República da China" à RPC repetidamente, é-me igual ao litro. Ou melhor era-me igual ao litro, pois quando dá um desconto ao personagem porque os jornais locais "também erram", faz uma grossa comparação. O autor da "gaffe" é um diplomata de carreira, e tem a obrigação de não cometer este tipo de erro, até porque é muito bem pago para isso. Pelo menos deve ser muito, mas muito mais bem pago que a esmagadora maioria dos jornalistas em Macau. Se foi nomeado por quem foi eleito, torna-se ainda mais grave, pois terá o dobro da responsabilidade. Podemos escolher os jornais que lemos, mas nem sempre os políticos que temos foram os que escolhemos. E qual é o mal de mandar alguém estudar? É o mesmo que mandá-lo à merda? Que comparação é aquela com o Correio da Manhã, completamente descabida? Parece-me que o amigo se está a tornar num daqueles velhos relhos e rabugentos para quem tudo é mau, todos lhe querem fazer mal, e "no meu tempo é que era bom". Recomendo-lhe a leitura deste artigo, pode ser que ajude.

Quanto à parte final do seu texto, penso que se refere a mim quando fala dos que "insistem em assinar com um pseudónimo". Pronto, já sei que agora aparecem os espertalhões do costume a dizer que tenho a mania das grandezas e que penso que tudo é sobre a minha pessoa, e pronto, pode ser que se estivesse a referir a outro das centenas de colunistas que escreve para os jornais com um pseudónimo. Mesmo assim deixe que lhe diga que desde o início da minha colaboração com o Hoje, em Setembro de 2012, estou perfeitamente identificado, e quem não sabe quem eu sou é porque não procurou saber. Por outro lado no jornal onde V. Exma. Senhoria escreve publicaram-se durante três anos artigos anónimos, e só mais tarde o autor se identificou. Tenho o maior respeito e estima por essa pessoa, mas isto só serve para mostrar ao meu amigo que escolheu mal a fortaleza de onde dispara agora o seu canhão. Veja lá se o tiro não lhe sai pela culatra.

Sem mais a acrescentar, cordiais cumprimentos.

Leocardo

2 comentários:

Anónimo disse...

O Dr. Albano Martins, pessoa que muito prezo (ao contrário do Leocardo, pelo que percebo), diz que se tratam de gaffes cometidas por nomeados pelos eleitos. Devo lembrar que o Paulo Portas não foi eleito nem nomeado para cargo algum. Deve a sua posição de ministro de estado e vice-primeiro ministro a uma chantagem exercida sobre um primeiro ministro incompetente, sem apoio popular ou no seu próprio partido e, ainda por cima, covarde ao ponto de ceder às exigências de um oportunista cujo partido obteve menos de 15% dos votos expressos.

Leocardo disse...

Não prezo nem desprezo, pois nem o conheço pessoalmente. No entanto dá a entender que é um grande sabichão, o cacique da tribo dos tugas em Macau.

Cumprimentos.