Renato Seabra foi condenado a 25 anos de prisão pelo homicídio do colunista Carlos Castro, pena que pode ser ainda agravada para perpétua,a pena máxima para crimes desta natureza, e que será cumprida numa prisão do estado de Nova Iorque, onde foi cometido o crime que produziu a acusação. Este é o desfecho de uma novela que se iniciou em Janeiro de 2011, quando o colunista sexagenário Carlos Castro, uma figura repelente, assídua das colunas sociais, foi passar o Ano Novo na “big apple” acompanhado do seu jovem amante, o modelo Renato Seabra. A olho nu, este era um “casal” fora do normal; Castro era um homem envelhecido, gorducho, baixo e muito pouco atraente, enquanto Seabra era muito mais jovem, alto e bem parecido. Não restavam muitas dúvidas que Seabra mantinha uma relação com o colunista por mero interesse, e que Castro via no jovem um mero instrumento de luxúria. No dia 8 de Janeiro, depois de uma lua-de-mel pontuada com compras em Manhattan e espectáculos na Broadway, o “casal” discutiu no quarto de hotel, e Seabra assasinou o amante com uma violência brutal, chegando ao ponto de lhe amputar o sexo com a ajuda de um saca-rolhas. Não ficou rxplicado o que se passou exactamente naquela fatídica noite em Nova Iorque, ou a motivação por detrás de tão hediondo crime, e este será um segredo que Renato Seabra guardará, quem sabe para todo o sempre.
Quase dois anos depois, o modelo foi condenado e poderá passar o resto dos seus dias atrás das grades. Uma aventura sem final feliz. O caso serviu para que se especulasse sobre uma certa decadência e desrespeito pelos valores mais básicos, como o da dignidade, que existe no mundo do espectáculo. A deusa da fama é exigente nas escolha daqueles que abençoa, e quem tem mais ambição que talento não olha muitas vezes a meios para atingir os seus fins. Um exemplo flagrante é o dos “reality-shows”, que apesar de serem muitas vezes expostos ao ridículo e motivo de chalaça, têm audiências que bastem para justificar a sua existência. Hipocrisia? Num país pobre e em crise como Portugal, é normal que muita gente jovem não pense duas vezes antes de sacrificar alguns princípios em nome de um lugar ao sol, onde seja possível obter dinheiro e outras vantagens que não seriam fáceis de obter pela via dos estudos e do trabalho honesto. É uma realidade penosa, mas evidente: é melhor ter uma hipótese em dez fazendo figura de palhaço do que uma hipótese em mil investindo na formação e confiando nas regras do mercado de trabalho. A culpa é do sistema, se quiserem mesmo atribuír culpas.
Renato Seabra era um aspirante a modelo que passou por um concurso de televisão onde não teve sucesso. Natural de Cantanhede, onde residia, nunca demonstrou tendências homossexuais, tendo mesmo um historial de sucesso com o sexo oposto. O fracasso não o demoveu da perseguição do sonho, e persistiu, optando por outros caminhos mais sinuosos. Contactou Carlos Castro pela rede social Facebook, e este não hesitou em corresponder ao contacto de jovem tão belo e escultural. O velho colunista, figura influente dessa lixeira que é o jet-set português, ofereceu-se a ajudá-lo, e por muito que os seus amigos mais próximos digam o contrário, a motivação passava sempre por obter afectos daquele naco de homem. Conheceram-se e tornaram-se amantes, e para o resto da “gente gira” isto era considerado “normal”. Ninguém pensou sequer em questionar as motivações de ambos, ou a aconselhar algum deles a repensar uma conduta que era visivelmente suja e baseada na mentira; nem Seabra se sentia atraído por aquele velho asqueroso, nem o senhor esperava outra coisa do modelo que não fosse “festa rija”. Eram ambos descartáveis aos olhos um do outro, e acabou em tragédia, um desfecho que não sendo inevitável, não era de todo impossível. Ninguém, nenhuma desta gentinha tentou colocar um pouco de tino naquelas cabecinhas. Dou graças por não pertencer a este grupo de perniciosos “liberais”, para quem tudo é permitido, toda a gente tem um preço, e as pessoas são tratadas como bens de consumo. Primeiro pagou Carlos Castro com a vida, agora Renato Seabra com a liberdade, e quem sabe pagam todos um dia pela fedorenta merda que andam a fazer.
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