Passam hoje cinco anos desde a criação deste espaço, o Bairro do Oriente. É engraçado como já passou todo este tempo desde que sofri as dores de parto para dar à luz este filho. Este petiz que apesar da sua tenra idade – só para o ano vai para a escola primária – é bastante crescido, bastante calejado. São quase 8000 artigos, mais de 30 mil comentários, quase 600 mil visitas e perto de um milhão de visionamentos. As estatísticas para mim são apenas números, e o que mais me importa é a forma como, nas horas mortas, me entretenho a ler postagens antigas, e pensar “o que teria tomado eu nesse dia?”. Mesmo assim, e modéstia à parte, algumas são de puro génio, e reflectem o que este autor sente sobre a terra que tanto ama, Macau.
Que me desculpe a concorrência, mas mais nenhum blogue no mundo esmiuçou esta terra como eu o fiz nestes cinco anos, nem em toda a eternidade existirá outro igual. Outra vez, desculpem-me a vaidade, mas isto não é uma mera opinião – é um facto indesmentível. Desde notícias da actualidade local, muitas em primeira mão, passando por opiniões sobre as mais diversas vivências, acabando em descrições detalhadas e meticulosas, acompanhadas de imagens recolhidas
in loco, no Bairro do Oriente há um pouco de tudo sobre Macau. Tenho quase a certeza que se o hospedeiro deste blogue, o Blogger, nunca se extinguir, mesmo daqui a milhares de anos o Bairro do Oriente será um documento indispensável para perceber o que foram os primeiros anos da RAEM, ou do Macau pós-colonial.
Tenho pena de não ter começado antes de Março de 2006, altura em que criei o “Leocardo”, o antecessor deste blogue, do qual restou apenas o pseudónimo do seu autor. Ideias não me faltavam, e muito menos vontade, mas por uma ou outra razão o projecto foi sendo adiado. Em 2003 ou 2004, não me recordo bem, iniciei um blogue em inglês, tão pobrezinho que a sua existência não passou de um post introdutório parvo e sem sentido. Contudo estava lançada a semente, e era inevitável o aparecimento do espaço que em tempos mais deu que falar entre a comunidade lusófona do território.
Macau é uma cidade diferente do que era antes de 1999, e muita gente não tinha bem a certeza se era sensato usar a internet como media para divulgar a actualidade desta cidade. Sinto que, e mais uma vez passando por arrogante, derrubei barreiras e arrepiei caminho para a opinião livre, e hoje outros espaços no ciberespaço imitam, ou inspiram-se, no Bairro do Oriente. Há alguns meses resolvi sair do anonimato, porque achei que já não fazia sentido. Não ia ser uma média de mais de 600 leitores diários, nos tempos áureos, que justificava uma enorme manobra de diversão e uma farsa que lutava para manter todos os dias, sendo obrigado a mentir, algo que me desagrada. Ninguém ganha um tostão que seja por visita, e há blogues que têm milhares de visitas diárias e nem por isso os seus autores se escondem debaixo da capa do anonimato. Alguns têm um currículo que os precede, e basta-lhes escrever meia dúzia de linhas ou postar um ou dois links para serem lidos por milhares. Nada como isto que estou aqui a fazer.
Hoje quase toda a gente sabe que sou o Luís Crespo, aquele gajo jeitoso na fotografia. E é como Luís Crespo, o honesto cidadão e pai de família, que vos agradeço pela preferência e pela paciência. Mesmo que a tanto custo tenha tolerado mil e uma coisas – mesmo insultos dirigidos aos meus mais queridos – para manter um espaço de discussão onde a comunidade dissesse de sua justiça, uns mais bem intencionados, outros apenas com o intuito de mexer cócó com uma colher de pau, para cheirar mais mal, como diz aquela expressão inglesa aqui rudemente traduzida. Mesmo para esses o meu pedido de desculpas por não ter partilhado da vossa visão do mundo. No Bairro do Oriente todos tinham e têm o direito ao contraditório, por mais descabido que este seja.
O blogue vai continuar enquanto eu continuar a vestir esta pele, e fiel ao princípio que sempre defendi: mesmo que escrevesse para apenas um leitor, continuaria a escrever. Escrever até que a gota derivada do ácido úrico consuma os dedos das minhas mãos, e mesmo assim escreverei com um pauzinho na boca ou contratarei alguém (de preferência uma gaja boa) que escreva o que eu dito. Ou então até me fartar disto, e caso seja esse o motivo, os leitores vão ser os primeiros a saber. Feliz aniversário, amigos. E digam lá…cinco anos é obra, não é? É do caralho.
Luís Crespo
3 comentários:
Parabéns! 5 anos é uma bela marca
Eu logo vi que você tem cara de cómico. Só podia! :)
Um abraço e parabéns ao seu blogue!
Os meus mais sinceros parabéns e obrigado pela companhia!
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