segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Casamentos tremidos


Mais de dois anos depois do terremoto de Sichuan, os efeitos do abalo sísmico ainda se fazem sentir no tecido social daquela província da China. Dos 1,3 milhões de divórcios no país nos primeiros nove meses do ano, Sichuan lidera esta estatística com 102596 casais a "desatarem o nó", subindo do 7º lugar nacional em 2008.

O terremoto de magnitude 8.0 na escala de Richter que matou mais de 80 mil pessoas e levou os residentes de Sichuan a pensar que "a vida é curta", segundo Guang Wei, da Academia de Ciências Sociais de Sichuan. "Os casais pensaram que a vida é curta e imprevisível, e decidiram aproveitá-la ao máximo", disse o sociólogo.

Wu Jian e Liu Chuan, um casal de funcionários públicos na casa dos 40 anos são o melhor exemplo deste fenómeno. Separaram-se há seis anos mas não se divorciavam por falta de acordo na partilha dos bens. Depois do terremoto Wu resolveu dar à mulher "o que ela quisesse", observando que "a vida vale mais que a propriedade".

Chen Kefu, do departamento provincial de assuntos civis, diz que a "grande mobilidade da população contribuíu para estes números", pois milhões emigram todos os anos para outras províncias, deixando para trás a família, causando "fracturas na relação".

Xu Anqi, da Associação de Estudos da Família e do Casamento, diz que a revisão da lei do casamento facilitou o divórcio. Antes de 2003, os casais precisavam de uma carta da sua unidade laboral ou do seu comité de vizinhos para conseguir uma separação legal. Hoje basta-lhes os bilhetes de identidade, a certidão de casamento e o acordo mútuo para obter o divórcio.

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