terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Pesadelo de uma manhã de Inverno


1) Não me perguntem porquê, mas mais uma vez tive que utilizar esta manhã os transportes públicos, o que vale por dizer, mais uma aventura. Desta vez apanhei a carreira nº 6, e o autocarro vinha completamente apinhado de gente idosa. Os velhos vinham todos sentados, sem exagero, cerca de 90% dos lugares sentados estavam ocupados por eles. Os velhos são matreiros e desconfiados. Cobrem-se de xailes, gorros, capas e outra roupagem que já ninguém usa. Apanharam o autocarro na Barra, provavelmente, e à medida que ia ficando cheio, de gente válida que trabalha e leva os filhos à escola, faziam uma cara de quem comeu e não gostou, um ar agastado de quem vê a sua privacidade invadida. E que tal ficarem na caminha enquanto o mundo se encarrega de produzir o dinheirinho das reformas?

2) Todas as manhãs perto da joalharia Chow Tai Fook, junto ao BCM, duas senhoras distribuem a edição gratuita do "The Standard". Eu pessoalmente considero que este jornal da região vizinha tem bastante qualidade, e apesar de mais de metade serem publicidade (claro, como podia ser gratuito?) sempre são 48 páginas. O pior é a avidez com que alguns dos nossos cidadãos requisitam o diário. Muitos deles nem sabem ler inglês, e provavelmente usam-no para colocar debaixo do fogão ou para apanhar a merda do cão. É mais um caso de "se é gratuito, nem que seja uma bosta de boi, eu quero". Não estou aqui a pedir tratamento privilegiado, nem que me guardem o jornal, mas muitas vezes não chego a tempo de obter uma cópia, só para mais tarde ver várias pelo chão e enfiadas nas caixas do lixo a caminho do trabalho.

7 comentários:

joãoeduardoseverino disse...

Caro Leocardo

O jornal de que fala "The Standard" tem alguma coisa a ver com o diário de que eu fui correspondente, o "Hongkong Standard"? Abraço

Leocardo disse...

Será o mesmo, provavelmente, mas agora chama-se apenas The Standard. www.thestandard.com.hk

Abraço.

Anónimo disse...

Olha o grande Severino, o homem de paz. Você tinha muitos taxos mas não sabia que também escrevia para Hong Kong no seu tempo áureo. E dizia mal do batráquio ou nao?

um abraço do Armando

Anónimo disse...

Ao (burrinho do) Armando: é «tachos» que se escreve. Já lhe disse isto uma vez, mas você não aprende! Além disso, farta-se de escrever disparates. Sinceramente, não conseque pensar em nada de mais construtivo quando deixa os seus comentários aqui?

Ao Imperador Leocardo, com a devida vénia: não é «distribuiem», mas «distribuem».

Anónimo disse...

«Consegue», quis eu dizer.

VICI disse...

Caro leocardo,

Lá está, são opiniões...

No entanto, se me permite, o ponto 1) e a sua abordagem parece-me absolutamente redutor.

A "gente válida que trabalha e leva os filhos à escola" tem direito a usar os transportes públicos; bem assim como "os velhos", cuja idade não deveria ter tornado menos "válidos". Nem sequer a reforma que recebem deverá servir como pagamento para ocultar a sua existência.

Um abraço.

P.S.: Eu continuo a usar gorro... ;)

Leocardo disse...

Ao corrector: obrigado, foi um mero lapso que me apressarei a corrigir.

VICI:

Sem dúvida, mas gostava de deixar claro que ambos estes pontos que parecem ser tratados de uma forma um tanto ou quanto "ácida", não são mais que uma aproximação ligeiramente humorística que tento fazer a estes assuntos que me incomodam. Fiz um teste de campo, debatendo este tema entre colegas (que nem sabem que tenho um blogue) utilizando os mesmos argumentos e a reacção foi positiva (no que toca ao humorismo subjacente, claro).
É óbvio que os velhinhos têm todo o direito de andar de autocarro, quem sou eu para os discriminar, até porque para lá caminhamos, se Deus quiser. Agora se quer que eu lhe dê a minha opinião sincera, penso que podiam utilizar outra hora que não a chamada "de ponta" para realizarem os seus passeios matinais. Até porque são eles os que aparentam ficar mais incomodados com a presença de outros utentes no autocarro.

Cumprimentos