Confesso que devido a afazeres profissionais e outros, não tenho acompanhado de perto os últimos desenvolvimentos do caso Ao Man Long ,nem detalhes das sessões dos julgamentos dos familiares e alegados comparsas do ex-secretário. Mas fazendo uma leitura vertical dos jornais e atentando aos serviços informativos na TDM, parece que tudo aponta no mesmo sentido: fazer de Ao Man Long o cordeiro cerimonial.
O pai de Ao, o sr. Ao Veng Kong, que "devido à sua avançada idade" se fez acompanhar em tribunal de uma enfermeira e fez várias pausas para ir à casa de banho, diz que "confiava no filho", pois era o único elemento na família com um curso superior e dependia dele. Aliás, e segundo o próprio arguido, "se o Governo confiava, porque não ele próprio, que é o pai?". Ora toma, e mais nada. Disse também que tanto ele como os restantes familiares de Ao "temiam questioná-lo ou contrariá-lo", devido ao seu intempestivo temperamento.
Foi essa também a pauta pela qual os alegados sócios do ex-secretário tocaram a música. Ho Meng Fai - entretanto ausente em parte incerta - terá afirmado que os 140 milhões que pagou a Ao são "comissões", e não subornos. Entretanto Frederico Nolasco, administrador da empresa CSR, disse hoje que "sabe que terá cometido uma ilegalidade", mas que ponderou a situação devidamente: se não caísse nas boas graças do ex-secretário podia ser a ruína da sua companhia. E pensou também nas quatro centenas de funcionários da CSR. O drama...
Não sei se estes factos virão a ser provados, nem das consequências directas para os seus intervenientes, mas qualquer leigo que venha caír de pára-quedas sobre este tema fica com uma imagem muito má do ex-secretário Ao Man Long. Muita má não, terrível. A de um polvo, um homem desonesto e sem escrúpulos, um autêntico
Snidely Whiplash. Não se prevê que seja luminoso, o seu lugar na história...
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