Noticiava ontem o blogue "
Pau Para Toda a Obra" do nosso (mesmo longe há-de ser sempre nosso) João Severino, que Vitalino Canas, dirigente do Partido Socialista, confidenciou ao "Sol" que "terá comido cão várias vezes". Vitalino Canas estagiou em Macau nos anos 80, bem como muitas outras figuras de proa do PS, como Jorge Coelho ou António Vitorino.
Aproveitando-se da ignorância da maioria dos leitores do "Sol", que provavelmente nunca terão passado por esta região, Canas perpetuou o mito de que "os chineses comem cães", como os ocidentais comem galinhas. Como referiu o PPTAO e bem, os cães que se comem na China são de uma raça especial, criada apenas com o propósito de serem comidos e de preço não acessível a qualquer bolsa. Em Macau é proibido por lei comer qualquer espécie de cão que seja.
Nada mais fácil que atirar este tipo de diferenças culturais como forma de tentar ser engraçado ou chamar a atenção, mas duvido que Vitalino Canas tenha alguma vez provado a carne de cão, mesmo por engano, e já consigo imaginar o senhor a levantar-se e retirar-se da mesa caso fosse alguma vez servido cão ao jantar. Quanto ao resultado destas afirmações, duvido que alguma menina tenha ficado excitada; julgo que alguns leitores mais conservadores terão ficado enojados.
Outros pratos considerados delicados na cozinha chinesa são os miolos de macaco, o mocho, o rato, o cisne ou a deliciosa sopa de cobra com escorpião, entre outros que a nossa aculturação convencionou achar errado. Mas sabem o que é que os chineses consideram mesmo nojento? O nosso arroz doce. Vêem como ser diferente não quer dizer ser melhor ou pior?
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