Já se sabe que o jogo é um demónio. Homer Simpson chamou-lhe uma vez "Gamblor", e tem garras de néon. O problema do jogo compulsivo é tratado em Macau como o problema da compra de votos ou dos centros comerciais cheios durante as semanas douradas: é compulsivo.
Tive a infelicidade de trabalhar em tempos com heroinómanos. As histórias que me contavam eram demasiado tristes para ser levadas a sério. Tornaram-se escravos do vício, e os episódios de miséria, negligência e abandono tornavam-se banais na medida que eram todos praticamente da mesma natureza suja e degradante.
Na última semana do ano transacto uma mãe deixou as suas filhas de oito e nove anos sozinhas em casa durante alguns dias, na região vizinha de Hong Kong, admitindo mais tarde que terá "perdido a cabeça" nos casinos de Macau. Não terá sido a cabeça a única coisa que perdeu, certamente.
O tal "Gamblor" voltou a atacar nos últimos dias, quando outra mãe, também de Hong Kong, deixou o seu filho de 14 anos sozinho em casa praticamente durante duas semanas. Com o pretexto de que o rapaz "precisava de aprender a ser independente", a mãe terá partido para Macau e mergulhado no vício do jogo. O jovem negligenciado julgava-a na América.
Estes casos, a juntar aos números de jogadores compulsivos residentes em Macau, são uma prova cabal de que o jogo não é só, afinal, fonte de lucros, receitas governamentais e bem estar geral. "The house always wins". E enquanto a casa ganha...
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