Considerações sobre o tabaco (enquanto o maldito catarro ainda me deixa...)

Portugal juntou-se ao resto da União Europeia no que toca às restrições ao tabagismo. A lei que entrou em vigor à meia-noite do dia 31 é radical da parte deles, uma vez que ainda lá estive este ano e toda gente fumava onde muito bem lhe apetecesse. A partir de agora só mesmo em casa e no meio da auto-estrada, se não for debaixo de uma ponte aérea ou dentro de um túnel. Assim sendo - e como se não bastasse ter aumentado o preço do tabaco e nem assim ter visto o consumo diminuir - espera-se um ano de chorudos lucros para as farmácias, que vendem Nicorette's e outros tipos de banha da cobra, quando o que basta, no fundo, é um pouco de força de vontade.

E no futuro? Será que com esta "dita dura" (isso mesmo, dita e dura escritas separado) vamos finalmente da lei da morte nos libertando, como dizia o poeta? Ficam algumas considerações que acho importantes:

- Os fumadores serão ainda mais ostracizados, ao ponto de terem que usar um cilindro preto ao peito, à semelhança dos judeus e dos homossexuais no campos de concentração nazi.

- Na América apenas os vilões e os mexicanos passam a fumar nos filmes, quando antes eram os vilões e os europeus. Em nome do politicamente correcto.

- A indústria do tabaco vai ser obrigada a produzir cigarros que libertem pequenas caveirinhas de fumo, e imprimir fotografias de viúvas e orfãos que ficaram sem receber o seguro.

- Sim, isso mesmo. As companhias de seguros serão proibidas - mesmo que queiram - de vender seguros a fumadores.

- A publicidade ao tabaco vai ser expressamente proibida. Por falta de patrocínios, a FIA vai substituir os grandes prémios da Inglaterra, França, Alemanha, Espanha e Itália pelos circuitos do Bangladesh, Suriname, Papua Nova-Guiné, Quirguistão e Chade no calendário do mundial de F1.

- Os cidadãos passam a ter mais qualidade de vida; todos viverão até aos 100 anos mesmo que não consigam andar, ver, ouvir, ou não se lembrem do próprio nome.

- No ano 2050, as criancinhas, ao verem fotos de Winston Churchill, Bob Marley ou Humphrey Bogart vão perguntar aos pais: o que é aquilo que os senhores têm na boca? Em alguns países as imagens serão editadas de modo a ter um chupa-chupa em vez de um charuto e uma língua-de-sogra em vez dum cigarro.

Por aqui, neste cantinho à beira-Asia plantado, ainda se fuma com mais ou menos liberdade. Mas atenção: "70% da população concorda com a proibição do fumo de tabaco em estabelecimentos de restauração". E já se sabe, é nestes casos que a democracia realmente funciona...