sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Um dia mau para "Die Hard"


Fui ontem ao Cine-Teatro de Macau assistir ao quinto filme da série “Die Hard”, desta vez intitulado “A Good Day to Die Hard”. O quinto instalamento da série que tem Bruce Willis no papel do imortal John McLane decorre na Rússia, e os fãs não ficarão desiludidos: é um filme do caraças. Não estarei a estragar a experiênia para ninguém quando digo que os “maus” morrem todos, e o nosso herói sai incólume, apesar dos perigos a que é exposto, e que causaria a morte no comum dos mortais nos primeiros cinco minutos.

O que me leva a falar desta noite de entretenimento em Macau não tem a ver com a qualidade do filme propriamente dita, infelizemente. Ira o cinema em Macau parece ser cada vez mais um test à paciência dos mais santos. Quer dizer, este povo conta já com mais de 5000 anos de civilização, mas como o evento do cinema tem pouco mais de cem, os chineses ainda não sabem bem como se comportar durante um espectáculo cuja visionização obedece a algumas regras da ética. Em suma, uma sala de cinema é encarada pelos indígenas como mais um sítio qualquer onde podem expressar a sua, ahem, “individualidade”, para ser simpático.

O filme começou às 21:30, e como sempre os primeiros 15 minutos foram marcados pela chegada dos retardatários, que por alguma razão pensam que baixar ligeiramente a cabeça enquanto se atravessam no meio da sala é suficiente para não incomodar os restantes espectadores que pagaram o mesmo que eles para assistir ao filme, mas compareceram no horário estipulado de foram clara no bilhete. Há ainda outros que chegam mais de meia hora depois do início da sessão, o que me leva a pensar que vão ali com outro propósito que não o de assistir ao filme. Vão lá descansar num local escuro enquanto mandam mensagens no telemóvel, sei lá. Não conigo explicar, pois nunca cheguei mais de cinco minutos atrasado a um filme. E mesmo um minuto é suficiente para me irritar, e quando isto acontece nunca é por minha culpa.

Pouco me importa que alguns famélicos aproveitem para jantar durante o filme, contando que não façam barulho remexendo nos sacos de plástico ou mastigando coisas duras como batatas fritas. O que me chateia é a insistente “rebeldia” em não desligar os telemóveis durante a sessão, uma regra básica que se deve cumprir quando se vai ao cinema. Se esta gente é assim tão importante ao ponto de não conseguir ficar incomunicável durante menos de duas horas, o melhor é esperar pelo DVD do filme e vê-lo em casa, onde podem fazer “pause” e telefonar à vontade.

Por azar fiquei sentado à frente de um casal que não sabia muito bem o que fazer com as pernas, pelo que passados vinte muinutos precisei de lhes perguntar se estavam a sofrer de algum prurido no ânus, cansado dos pontapés nas costas da cadeira. Foi tiro e queda, e não foi necessário um segundo aviso. Mais complicado é mesmo controlar os restantes espectadores que atendem o telemóvel durante o filme. Isto dá que pensar. É assim tão difícil desligar o telemóvel por uns instantes depois das 9:30 da noite? A bolsa está fechada a essa hora, certo? Ou estarei enganado a esse respeito?

Não foi uma experiência insuportável, mas podia ser melhor. Já me disseram que as salas do complexo do Galaxy é que estão a dar, mas duvido que exista uma grande diferença de atitude. Longe vão os tempos em que comprar um bilhete para o cinema era sinónimo de assistir a um filme, pura e simplesmente. O que se pode fazer para evitar a falência das salas de espectáculo, que actualmente concorrem com a pirataria e os downloads ilegais? Revistar os espectadores e obrigá-los a deixar o telemóvel à entrada, como se faz na Coreia do Norte? É chato ter que dar razão a quem acha que ir ao cinema é uma coisa do passado.

1 comentário:

claire_de_lune disse...

Chorei a rir, muito bom! :D Sobretudo a parte do prurido no ânus!