A cubana Yoani Sánchez está no Brasil, uma visita rodeada de polémica. Yoani, jornalista e blogger, é uma das figuras de proa da crítica ao regime de Fidel Castro, uma posição que lhe tem valido muitos dissabores no seu país natal, como seria de esperar. Nascida em 1975 e educada pelos princípios socialistas, o seu tempo de Liceu coincidiu com o fim da União Soviética, o país que mais ajuda económica providenciava à ilha caribenha, embargada pelos Estados Unidos desde os anos 60. Estudo Filologia na Universidade de Havana, chegando à conclusão que a àrea da "alta cultura" não era aquilo que esperava. Desiludida com o regime, partiu para a Suíça em 2002, onde estudou informática, e a partir daí começou a combater a censura em Cuba, criando uma rede de notícias "online". É fundadora e autora do blogue "Generación Y", traduzido já para 17 línguas. Agora no Brasil Yoani sofre a contestação de vários "esquedistas" que se dizem simpatizantes do regime cubano, e é acompanhada de oito guarda-costas. Certamente a via do diálogo não será uma das opções destes manifestantes para expressarem a discordância com as posições de Yoani. A autora é acusada de estar "ao serviço dos americanos", uma ladainha que cada vez mais serve aos regimes assumidamente anti-democráticos, que vão "baralhando e dando outra vez": "se estão contra nós, são a favor dos americanos". Numa planeta cada vez mais desumanizado e em crise, onde a economia e o capital ditam as regras, a figura dos americanos e do seu dólar não colhem a simpatia de quem deseja uma sociedade mais equalitária e mais justa. Só é pena que se extremem as posições, e que se confundam os valores, ao ponto de considerar o regime dos Castro uma "vítima", passando-os para o lado do "bem". Se é este o "bem" que estes pseudo-activistas desejam, prefiro o mal, que neste caso, é um mal menor. Assusta-me esta subversão de princípios, que parece ter cada vez mais adeptos.
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