sábado, 9 de fevereiro de 2013

Carlos Cruz: a queda de um anjo


Vou deixar isto bem claro: nunca gostei de Carlos Cruz. Não sou do tempo do Zip-Zip, e sempre achei o concurso “1,2,3” uma forma sofrível de entretenimento. Enquanto o país parava para assistir aos concorrentes que perdiam carros, apartamentos, electrodomésticos e tudo mais ao ritmo da chantagem negocial do Carlos Cruz, eu desconfiava de tudo aquilo. Pouco me importa que fosse uma forma inovadora de fazer televisão, ou que o apresentador fosse um “grande comunicador”, já para não falar da simpatia do público feminino pelo fulano. Havia ali qualquer coisa que não batia certo. Passados quase vinte anos, a verdade veio ao de cima: o gajo gostava de comer putos. Xeque-mate. Teje preso, Carlos Cruz.

Tenho que lhe tirar o chapéu, contudo. Apesar de não nutrir qualquer simpatia pelo Carlos Cruz, nunca me passou pela cabeça que fosse um pedófilo nojento. A sua popularidade dava-lhe uma certa dose de credibilidade, e as mulheres bonitas com quem se envolveu romanticamente não davam a entender que o seu vício era a carne tenrinha de putos pré-púberes. Fosse alguém especular sobre a sexualidade de Carlos Cruz enquanto este se entretia a apalpar as assistentes do “1,2,3”, e seria considerado alguma espécie de maluquinho. Nem o facto de levar menores à Holanda e à Bélgica com o pretexto de servirem como modelos para roupa infantil e anúncios televisivos levantava suspeitas. Afinal estava a levar os putos ao castigo, coitadinhos.

Quando rebentou o escândalo Casa Pia nunca me restaram dúvidas quanto à culpa dos suspeitos. Somos um país de brandos costumes e nunca alguém tão popular como Carlos Cruz ia parar à choldra sem que existissem provas cabais da sua culpa. Por muito que custe aos fãs do “1,2,3”, o Carlos Cruz gosta de rabinhos de menino, pertencia a uma rede de pedófilos e o lugar dele é na prisão. É assim que gostamos de ver tratados os criminosos, sejam eles estrelas de televisão, politicos, empresários ou simples gatunos e pindéricos. Todos presos, e sorte deles não viverem num país onde vigora a “sharia”.

Esgotados os recursos e as restantes tecnicalidades ao alcance de quem consegue pagar a um bom advogado, o apresentador e a restante croja de abusadores de crianças podem voltar agora ao xadrez, de onde nunca deviam ter saído. Congratulo-me que o meu país faça justiça, mesmo que tardia, sem olhar a quem, e sem que existam cidadãos acima de qualquer suspeita. Sinto pena pelos filhos menores de Carlos Cruz, mas pode ser que também eles consigam um dia perceber a dimensão deste tipo de crime. Não se iludam. O abuso sexual de menores não é brincadeira. É a segurança dos nossos próprios filhos que está em jogo.

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