segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Na Rota das Letras


Macau vai receber entre 10 e 16 de Março o 2º Festival literário “Rota das Letras”, cujo programa foi desvendado na última quinta-feira, e é de ficar de boca aberta. Já se sabia de antemão que viriam ao território alguns pesos pesados da literatura lusófona, mas conhecendo agora o formato do Festival, custa a crer que se vá realizar em Macau, onde muita gente nunca pegou num livro em toda a sua vida. Fosse este programa anunciado a 1 de Abril e ninguém acreditava. Na verdade ainda custa a acreditar, e o melhor mesmo é ver para crer.

Assim no dia 10 abrimos as hostilidades no Centro de Ciência de Macau pelas 15:30 com um painel estranhamente em lingua inglesa e moderado pela nossa conhecida Agnes Lam, intitulado “Writers influences and perspectives on a globalized world”, que contará com a presença de Luís Cardoso, José Eduardo Agualusa, Dulce Cardoso, do brasileiro Mauro Munhoz (penso ser o mesmo que pesquisei na net) , dois autores chineses e um autor local ainda a designar. Adianto desde já que estou disponível e que me honraria o convite, modéstia à parte.

No dia seguinte continuamos em lingua inglesa, e na Fundação Rui Cunha, com um debate versando a literatura de viagens, ou “Travel Literatures”, com participação do viajeiro local Joaquim Magalhães e Castro, entre outros. O debate, marcado para as 18 horas, terá a moderação do jornalista Hélder Beja. Segue-se a exibição da película “From one Place to another – Mongolia diaries”, da autoria, nem mais do próprio Joaquim Magalhães e Castro. Ao mesmo tempo realiza-se na Casa do Mandarim uma soirée de poesia em lingua chinesa, presidida por Yao Feng. Uma alternativa sínica à literatura de viagens.

Já no dia 12 o Albergue da Santa Casa, na Calçada de S. Lázaro, realiza pelas 18 horas uma homenagem ao escritor baiano Jorge Amado, com a presença da sua filha Paloma. Segue-se a exibição do filme “Jorge Amado”, do realizador João Moreira de Sales. Como alternativa a Macau Pen Club organiza um evento cuja natureza não é clara. O programa diz apenas “Associação Fantasia com escritores chineses locais e convidados”. Pode ser que no programa em chinês se perceba melhor.

A fatia mais deliciosa do bolo ficou reservada para quarta-feira, dia 13. Rui Zink (o próprio), Ricardo Araújo Pereira (dos Gato Fedorento, ele mesmo) e Carlos Vaz Marques debatem “Literatura e Humor” no Centro Cultural, local adequado à dimensão do acontecimento. Será com toda a certeza o evento mais concorrido do programa, e pode-se contar com uma grande adesão da comunidade portuguesa. Depois do debate, que promete ser divertido, são exibidas três curtas metragens de produção local sobre a China e Macau.
Por incrível que pareça acontece mais qualquer coisa ao mesmo tempo que os três autores portugueses debatem o humor na literatura. Um debate qualquer sobre literatura chinesa “numa livraria ainda a designar”. Bem, trata-se de agradar a gregos e a troianos.

O programa segue até ao fim-de-semana com mais debates e exposições, com destaque para uma workshop de escrita creativa que será dada por Rui Zink na sexta-feira às 14:30 na Livraria Portuguesa, e que será certamente bastante concorrida. No mesmo dia o IPOR realiza o debate “Todas as literatures dentro dos países de Língua Portuguesa, que conta com a participação de vários escritores da lusofonia, com destaque para Francisco José Viegas, que recentemente foi notícia ao ter afirmado que mandaria “ir tomar no cu” um fiscal das Finanças que lhe pedisse para apresentar uma factura. No Sábado o Festival encerra com chave de ouro, com o concerto de Camané e os Dead Combo, no Teatro Venetian.

Animação não vai faltar durante essa semana portanto, e só é pena que não se realizem mais iniciativas do género, e que se traga mais gente da literatura, das artes e da cultura em geral ao território. Só nos ia fazer bem, e eles aproveitavam para ver como isto é. Até dia 10 de Março, na “Rota das Letras”.

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