domingo, 17 de fevereiro de 2013

Minchi é outra coisa, pá!


Foi hoje para o ar o programa "Ui di sabroso", uma produção da TDM com a apresentação da encantadora Ana Isabel Dias, dedicado à culinária macaense. Uma ideia genial, um tipo de produção local que faz falta, e só peca por tardia. Existe em Macau um sem número de temáticas que dariam para uma diversidade de programas. O 'título, "Ui di Sabroso", é muito bem escolhido, inspirado na língua maquista, o "patuá" local. Existe um sistema de classifcação local para a qualidade da comida: a mais pobrezinha é "rafêra", aquela que se come sem que no entanto seja especial é
"Pode, já", e a mais deliciosa é "Ui di sabroso", ou "Ui ui di sabroso". Sân nunca?

A culinária macaense é sem dúvida um dos temas mais sumarentos (e deliciosos). Uma das mais originais do mundo, que combina as características da culinária portuguesa com o toque especial dos condimentos chineses. Quem não conhece a culinária macaense não sabe o que está a perder. O primeiro programa de hoje foi dedicado ao "minchi", um prato que toda a gente que vive em Macau conhece, ou deve conhecer. Trata-se de um prato de carne picada, de vaca, de porco, ou de ambos, fácil de confecionar e sujeito a várias interpretações: todas as casas macaenses têm a sua própria versão do Minchi. Há quem o faça mesmo com outros tipos de carne picada, ou "minced meat", como galinha, camarão e até carneiro.

O Minchi é um prato que colhe junto de qualquer macaense que se preze. O meu filho, um puro macaense, não gosta de Tacho, ou "chau chau pele", não é fã do Bafassá ou do Porco baclichão tamarindo, mas adora minchi. Como disse aquele rapazola estudante da Escola Portuguesa de Macau, "Minchi? Minchi é outra coisa pá! Por acaso vai ser o meu almoço". Só por acaso? O Minchi é o prato que todos escolhem em qualquer restaurante macaense (infelizmente existem cada vez menos) quando não têm bem a certeza do que vão comer. O nome do prato é uma variante do inglês "minced", como em "minced meat", ou carne picada. É servido normalmente com batatas fritas cortadas aos cubos, com ou sem um ovo estrelado, e claro, com arroz.

O "cozinheiro" deste primeiro episódio foi José Maria da Silva, conhecido no mundo virtual por "Zito Chai", membro do grupo do Facebook "Conversas entre a malta", e pai de uma colega de turma do meu filho. Zito apresentou a sua versão pessoal do Minchi, que temperou com molho de ostra. Há quem escolha o simples sutate (molho de soja), junte açucar, "óleo de pérola" (chü chap), coentros e outros condimentos. Os ingredientes indispensáveis são a carne picada, o alho e cebola picadas, e o óleo ou o azeite. Os especialistas consideram que o ideal será uma combinação de 60% de carne de vaca e 40% de carne de porco. A carne de vaca é demasiado "seca", e o porco adiciona um toque mais gorduroso. A apresentadora aprovou a versão do Zito: estava "Ui di sabroso".

Fico à espera dos próximos episódios, onde certamente vamos ficar a conhecer mais sobre outros pratos da deliciosa cozinha indígena (peço desculpa, parece feio chamar "indígenas" aos filhos da terra). Anseio pelas sugestões na confec'~ao do Bafassá, do Tacho, do Porco balichão tamrindo, do Porco indiano, da Galinha à Macau, do Diabo (o único prato macaense que nunca provei) e todas essas delícias. Está de parabéns a TDM pela iniciativa. E o programa passa mesmo à hora do jantar! "Que astrevidos!". Ficamos todos com água na boca. Qui demónio!

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