sábado, 16 de fevereiro de 2013

Cão ou gato?



Cão ou gato, qual o animal de estimação ideal? Esta é uma escolha difícil que nos acompanha desde sempre, e a opção por um deles chega mesmo a dizer da personalidade de um indivíduo. Há quem goste mais de cães, há quem prefira os gatos, há quem goste de ambos e há quem não goste de nenhum. No que me toca, é algo circunstancial. É uma questão de quando, como e onde, e no actual estado de coisas, opto por nenhum deles. O meu “quando” e “onde” não me permitem ter um animal de estimação, e o meu “como” está virado para a função de “não me chateiem”. Mas quais as vantagens de um sobre o outro? E as desvantagens?

O cão é sem dúvida uma óptima companhia, e pode facilmente preencher a vaga de “melhor amigo”, tantas vezes em aberto. O cão é conhecido por ser “fiel”, e não se trata de um exagero. Uma vez abracei um amigo que não via há muito tempo, e fui mordido pelo seu cão que pensou que eu estava a agredir o seu dono. A melhor qualidade do cão é também o seu maior defeito: é um animal um bocado estúpido. Tem a capacidade de aprender uns truques, mas tem uma dificuldade enorme em distinguir o bem do mal. Bebe água das sanitas e das sarjetas, lambe os próprios testículos, come as próprias fezes e tem uma tendência homossexual latente, engajando em sexo anal activo e passivo com outros machos da mesma espécie. Aliás a relação entre cães é um dos grandes mistérios da natureza. Porque carga de água ficam tão agitados quando vêem outro cão? Já pensaram como seria o mundo se as pessoas se comportassem da mesma forma? Ter um cão exige ter um quintal ou pelo menos uma varanda grande, onde o bicho possa fazer as suas coisas de cão. É até cruel manter um cão num apartamento pequeno, onde em vez de ervas e postes eléctricos existe mobília e soalho. Um cão pode ser uma óptima companhia, mas é chato à brava. Num dia que tenha corrido menos bem e só nos apeteça ficar em casa deitados no sofá, lá está o gajo a pendurar-se nas pernas, com a língua de for a, a pedir que o levemos à rua, de onde acabámos de vir e não nos apetece nada voltar até ao dia seguinte.

O gato é muito menos exigente, mas não é isento de defeitos. Pertencendo à família dos felinos, tal como o leão e o tigre, é bastante mais portátil e inofensivo que estes seus “primos”, e tem a vantagem de se contentar em ficar em casa. Caçador por natureza, o gato doméstico tem uma tendência para se tornar preguiçoso, passando os dias deitados numa almofada ou dentro de um armário, ou onde seja mais aconchegante. Ao contrário do cão, a quem basta abanar a cauda para partir a loiça toda da sala, o gato é ágil, e consegue-se mexer entre um conjunto de cristais sem causar qualquer prejuízo. O maior problema do gato é a sua higiene. A urina do felino emana um odor que nos leva a pensar que está podre por dentro, e mesmo o “gatófilo” mais cuidadoso não evita ter a casa a cheirar ao mijo do animal. Os pêlos são outro problema, e o gato não se recomenda a asmáticos ou pessoas com outros tipos de alergias. As unhas rectrácteis podem também constituir um problema, e quem sofre são os sofás, onde os gatos têm o hábito de afiar as garras.

Existe uma ideia feita de que cães e gatos não se entendem, mas isso é apenas uma meia-verdade. Há quem tenha mesmo a duas espécies a coabitar debaixo do mesmo tecto, e depois da estranheza inicial acabam bons amigos, na maior parte dos casos. Outro preconceito diz que os cães ganham nas brigas com os gatos. É claro que um rotweiller ou um pitbull não dá qualquer hipótese a um persa, mas entre dois “rafeiros” de cada espécie no seu estado natural o gato leva vantagem, pois além mais ágil e também mais rápido. Existe um sem número de videos no YouTube que comprovam este facto.

Ter um cão e um gato depende portanto de uma série de factores, mas é sempre um compromisso que se deve assumir de forma consciente. É preciso não esquecer que é outro ser vivo, que respira, sente dor, fome e frio, e não deve ser tratado como um objecto a que se dá corda para nos entreter quando nos apetece. Não se deve maltratar outro ser vivo, da mesma forma que não gostaríamos de ser nós próprios mal tratados. Ao contrário dos humanos, são seres que não conhecem a inveja, a vingança ou o ressentimento. E recordando aquela canção dos Beatles, que eram uns gajos que adoravam cães e gatos, “o amor que recebemos é igual ao amor que damos”. Amando o seu bichinho de estimação, vai ver que ele não o vai deixar mal.

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