quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Especial S. Valentim: O que é um Cupido?


Cupido e Psique eram danados para a brincadeira.

O Cupido (do latim “cupido”, que significa desejo) era filho de Vénus na antiguidade clássica, e tornou-se no símbolo do amor e da paixão por excelência. O seu equivalente grego é Eros, o próprio Deus do amor. A sua história é contada na obra do “O Asno de Ouro”, do século II, de Lucius Apuleio. Nessa obra com um nome tão curioso, Cupido fere-se com as suas próprias armas e apaixona-se por Psique, a personagem mitológica que representa a alma. São sempre um deleite, estes coloridos episódios mitológicos.

Independente da origem, o Cupido é a grande estrela do Dia de S. Valentim, que hoje se assinala. A sua representação mais comum é a de um anjo, um querubim, na forma de um bebé alado com flechas em forma de coração que quando disparadas fazem com que as pessoas se apaixonem. É complicado explicar porque é que isto acontece, e creio que terá mais a ver com a química do que propriamente com a mitologia ou com o Cupido. A sua namoradinha do romance do Asno, a tal Psique, é provavelmente mais culpada pelo transtorno que leva ao amor.

Pessoalmente nunca percebi muito bem porque é que as pessoas se apaixonam. O que leva uma pessoa a gostar de outra, e apenas daquela, e mais estranho ainda, que essa outra pessoa corresponda com o mesmo sentimento? Para quem não acredita no amor (e não há mal nenhum nisso) fica mais fácil de entender. Nem sempre a atracção é decisiva numa relação amorosa, e pesam ainda factores como a confiança, a segurança, a cumplicidade, o medo de estar só, enfim, quase tudo menos setas apimentadas com amor lançadas pelo Cupido.

O Cupido é um daqueles mitos que gostávamos que fossem reais, como o Pai Natal, por exemplo, mas com as devidas distâncias. O Cupido entra na galeria dos personagens secundários das emoções, que incluem o João Pestana (que traz o sono), a Fada dos Dentes (que deixa uma notinha debaixo da almofada) ou o Ciúme, que dizem, é “um monstro de olhos verdes”. O método é que não é assim muito convidativo. Penso que ninguém gostaria de ser atingido por uma seta ou por um dardo. É daquelas coisas que causam dor além daquilo que o “amor” e os sacrifícios que se fazem por ele justificam.

Fosse o Cupido real e vivesse nos dias de hoje, expulsava os vendilhões do Templo, como fez Jesus. Ou reclamaria direitos de autor, e ficava rico. Usa-se e abusa-se da sua imagem no Dia de S. Valentim, e à custa da sua angelical figura vendem-se chocolates, flores, jóias, pechisbeque e todo o tipo de porcarias. Fico mais descansado que se trate afinal do filho de Vénus, e que se tenha feito à tal da Psique. Essa conversa de que os anjos “não têm sexo” faz-me uma certa confusão. Glória do Rei dos Namorados, o misterioso Cupido.

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