segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Quem não relincha não mama


O escândalo que chocou a Europa durante o fim-de-semana: foi encontrada carne de cavalo nas lasanhas congeladas da marca Findus no Reino Unido e na Irlanda! Análises feitas no produto da multinacional sueca detectaram “entre 60 e 100% de carne de cavalo” num produto que deveria ser inteiramente composto por carne de vaca. O problema torna-se mais sério tendo em conta que a carne de cavalo é tabu nas ilhas Britânicas, onde como se sabe, os equídios sou usados para fazer corridas onde os simpáticos britânicos fazem as suas apostas. Ninguém se imagina a comer ao jantar o cavalo vencedor do último “derby”. Na Irlanda os cavalos que correm as Galway races não terminam à mesa do jantar. É grave. Tão grave que o próprio primeiro-ministro David Cameron manifestou o seu repúdio pela fraude.

Para termos uma ideia do impacto desta descoberta no Reino Unido, imaginemos que era encontrada carne de cão nos hambúrgueres do McDonald’s em Portugal. Não sei quantos dos leitores já provaram carne de cavalo, mas eu já provei, e não é assim tão má. Não nutro pelo cavalo mais simpatia que pela vaca, pelo porco ou pela ovelha. Não sendo uma das primeiras opções tendo uma lista de alternativas, posso dizer que a carne de cavalo “come-se”. Apenas isso.

Em Portugal não foram encontradas quaisquer adulterações na lasanha da Findus, mas para quem está minimamente informado, não seria uma grande surpresa: os produtos congelados ou enlatados são normalmente uma grande trampa. O melhor mesmo é não pensar no processamento daqueles tronquinhos de pescada congelados (“de pescada”, dizem), das salsichas de lata ou das sardinhas em lata. A propósito, já visitaram alguma fábrica de enlatados onde se fazem aqueles patés de sardinha e atum? Não recomendo. Assim como qualquer outro “negócio”, o objectivo é naturalmente o lucro, e isto aplica-se para marcas europeias, asiáticas ou de outra origem: nenhuma é completamente fiável.

Quem não sabe fazer uma lasanha pode sempre optar por um restaurante italiano, e quem opta por alimentos congelados, enlatados, condensados ou instantâneos arrisca-se a comprar gato por lebre. Ou neste caso cavalo por vaca. Não estou a dizer que não como deste tipo de produtos, que chegam a dar muito jeito quando falta tempo para andar à volta das panelas e dos tachos, mas tenho consciência que me arrisco a comer algo de que não estou à espera. Mas como disse Nietzsche, “o que não me mata torna-me mais forte”, ou na adaptação lusitana, “o que não mata engorda”. Ou ainda referindo a obra immortal de Horace McCoy, “os cavalos também se abatem”. E será que os cavalos têm alma?

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