Aqui o homem de que toda a gente fala...mal. Pedro Cosme Vieira é professor de Economia na Universidade de Porto, e saltou recentemente para a ribalta devido a declarações um tanto um quanto "esquisitas" que publicou no seu blogue e teima em reiterar quando dá entrevistas ou comenta noutros média - em suma, cada vez que abre a boca ou escreve qualquer coisa a tendência é para fugir para o mais longe possível da linha do politicamente correcto. Desconfio destes tipos que de vez saem com estas tiradas que chamam a atenção, e assim conseguem protagonismo, especialmente vindas de economistas. Pedro Cosme Vieira não é o primeiro economista a defender que a solução para a solubilidade do Fundo de Pensões é matar os pensionistas. Um ministro da economia japonês disse o mesmo aqui há uns, e de vez em quando há um ou outro figurão que se sai com essa lógica da batata. Claro, é lógico que quanto mais pensionistas ou menos contribuintes, mais difícil se torna garantir o pagamento das reformas, portanto É a solução, mas não VAI SER a medida a aplicar, claro. Ninguém se vai lembrar de gasear os velhos, portanto a alternativa e pôr toda a gente a trabalhar até aos setenta anos. Ooops, pois é, meu amigos, quem disse que a vida era fácil? Agora quando Cosme Vieira acrescenta a esta outras pérolas como "o problema da SIDA resolvia-se com o abate sanitário dos 35 milhões de seropositivos", o caso muda de figura, pois não se trata de analisar a frieza dos números do ponto de vista do economista. Mas é como economista que afirma que "antes do 25 de Abril a dívida pública era menor", e tem razão: é como dizer que um recluso confinado ao isolamento numa cela escura corre menos risco de contrair melanoma do que um "praísta" que fique a tostar ao sol do meio-dia do dia mais quente de Agosto por baixo do maior buraco existente na camada de ozono. Se não havia nada para comprar e bastava pagar uns amendoins à malta que já chegavam para não morrer de fome, como é que podia haver despesa pública? Tivesse lá o Paulo Portas ainda se compravam uns submarinos, mas o tio Sal Azar de Santa-Cona-Dão era mais de guardar as notas debaixo do colchão. Mas quando sai da pele de economista e se assume abertamente como "racista", já sabem o que vou dizer - é um fantasista, pois o "racismo" não existe. Só que ao disparar um
Mas então vamos lá ver uma coisa, este tipo caíu agora do céu aos trambolhões ou quê? Por onde andava este indivíduo com esta mentalidade tão retro? Bem, em 2006 já era uma jovem promessa do disparate, quando defendeu que a opção pela energia nuclear ia poupar a Portugal metade da despesa no consumo de electricidade, e em 2011 editou o livro "Acabou-se a festa", uma reflexão sobre o estado do país que não podia ter sido mais oportuno, pois apanhou toda a gente ocupada a fazer contas à vida para se dar importância a qualquer passagem que remetesse à ideologia fascista - afinal Salazar tinha sido pouco tempo antes eleito "o maior português". Foi apenas em finais do mês passado que se descobriu que afinal um professor de carreira numa das maiores Universidades do país, onde lecciona numa das melhores faculdades de economia da Europa, tem o chinelo a puxar para o tio Adolfo, que ainda era dos Hitlers. Tudo começou com um artigo do deputado Duarte Mendes, do PSD, publicado no Expresso, onde em tempo o seu autor se desmarca de quaisquer afirmações de Cosme Vieira com excepção daquela que cita no referido artigo. Acho curioso que Duarte Mendes tenha feito esta menção, quando o que não falta por aí são cabecinhas pensadoras a citar gente pouco recomendável, desde violadores de criancinhas a ditadores sanguinários, e nem por isso vão a correr fazer esta retracção. No fim podemos dizer que se a vida não lhe correr de feição no mundo da política, Duarte Mendes pode sempre optar por uma carreira como agente artístico ou desportivo, tal é o jeito que tem para projectar virtuais desconhecidos. O deputado deu o mote e jornal i foi atrás da história, e do dia para a noite Pedro Cosme Vieira passou de um mero académico praticamente anónimo a estrela mediática, mesmo que pelo lado menos positivo da fama. Conforme o título (bem conseguido, por sinal) do i, estava achado "o professor mais odiado de Portugal". Opiniões, pois para mim continua a ser o meu professor de História do 11º ano.
Perdi uns minutos a ler o famoso Pedro Cosme Vieira e acho que o regulamento da FEP devia proibir psicopatas de darem aulas (cc @UPorto).
— TiagoBarbosaRibeiro (@tbribeiro) May 5, 2015
Odiado ou não, Pedro Cosme Vieira parece estar a lidar bem com este protagonismo que muitos não desejariam para si mesmos, como se pode aliás constatar no seu blogue Económico-Financeiro (o título é enganador), mas isto pode-lhe trazer problemas, daqueles que podemos desde logo adivinhar através do conteúdo desde "twit" de Tiago Barbosa Ribeiro. E são muitas mais as vozes no sentido de que o académico não deveria estar a meter caca na cabeça da juventude portuguesa, mas aqui entramos num terreno muito sensível. Se o indivíduo diz disparates na esfera do privado, isso é lá com ele, mas não consta que em vinte anos de ensino como professor universitário tenham existido grandes razões de queixa. Quer se queira quer não, a Universidade do Porto já prometeu averiguar a conduta do académico, e apesar de na maior parte dos casos eu considerar este tipo de atitude baixa, reles e mesquinha, talvez aqui fosse necessário o senhor tirar umas férias mais longas, ou aceitar submeter-se a algum tipo de terapia psiquiátrica. Além de muitas das suas opiniões entrarem perigosamente dentro da área que lecciona, há ainda outras bizarrias, como é o caso deste power-point da sua autoria, que inclui os famosos erros de inglês, com "Huston" (Houston) ou "darwing" (Darwin) à cabeça dos mais graves. Mas se a integridade intelectual é passível de se questionar o mesmo já não posso - nunca poderia - dizer do seu direito a expressar-se, por muito idiotas que as ideias sejam. Neste particular voltámos a ficar mal no retrato, e nunca é demais frisar que esta é apenas a minha opinião. Sim, porque ao contrário de outros que poderão pensar o contrário, não vou de atrás de vocês a insultá-los, enxovalhá-los e, ironia das ironias, fazer uso da minha liberdade de expressão para negar aos outros a sua. E ainda se recorre ao Código Penal e tudo. Upa, upa. Vamos lá ver isso então.
Quando é que começam os artigos a lamentar os ataques à liberdade de expressão do Pedro Cosme Vieira?
— Gonçalo MC Sousa (@goncalosousa) April 28, 2015
Se não começaram ainda, que tal agora? E já vão tarde, digo eu. Este é um problema, um cascão sujo, sujo, sujo, de que ainda não nos conseguimos livrar: o da liberdade de expressão "até ver". Antes não se podia falar queria-se dizer tudo e mais alguma coisa, mas parece com a "maturação" da liberdade de expressão cada um optou pela sua "reserva" de eleição, e resolveu deixar todas as outras de lado, não só se recusando a tragá-las, mas ainda se dando ao desplante de criticar quem dela beba. Escolhi o exemplo deste caramelo exactamente por isso; se entrarem na conta do Twitter dele e lerem as mensagens, descobrem a rameira mais fácil e barata do politicamente correcto. Este Gonçalo não-sei-quê (ainda fui pesquisar para ver se se tratava de alguma dessas celebridades instantâneas, mas parece que não) é um pateta que se encosta às causas mais "libertárias" e chama "parvalhões" a todos que não adiram na íntegra à sua "firmeza de princípios" - quem achar que o Pedro Cosme Vieira tem direito à sua opinião, por muito desagradável que isso seja, ou quem demonstre reservas à doação de sangue pelos "gays" é um troglodita, um analfabeto, um biltre do piorio. Cai é em contradição por falar da "direita" como se esta fosse um monstro qualquer que tem o Cosme Vieira como porta-bandeira. O que este e outros da mesma estirpe não entendem é que ao aderir tão incondicionalmente a certos princípios, ou como neste caso repudiando por completo um cardeal da bússola política, terão que primar por uma coerência impossível de alcançar sob o risco de parecerem hipócritas. Este por exemplo terá de discordar de tudo o que a direita defenda, e apoiar tudo aquilo a que ela se oponha. E não me digam que estou enganado, e falem antes com o rapazinho. Não fui que virei as costas à pluralidade de opiniões e ao debate democrático. Mas há ainda quem se atreva a ir mais longe:
João José Cardoso, um dos autores do blogue Avantar, responde desta forma a um leitor neste artigo acenando com um artigo do Código Penal que proíbe difamar pessoas ou grupos com base na religião, etc., etc., está lá escrito. Reparem como tudo o que o autor do comentário faz é mencionar "comunas, islamitas, traidores e bandalhos", atirando de seguida esses epítetos a JJ Cardoso acrescentando ainda "imundo". E como responde o ofendido? Reage como fazia a PIDE: cita uma lei parva e tira a ficha do linguarudo, deixando no ar a promessa de lhe "fazer a cama", eventualmente. E era mesmo assim, meus amigos, não se trata de um exercício desonesto da minha parte. Alguém não gostava do que o outro dizia, fazia delação, toda a gente tinha medo e pensava duas vezes antes de falar. Onde é que o palerma do Cosme Vieira "incita" ao que quer que seja, por exemplo? Serei eu "especial de corrida" por não me apetecer ir "matar pretalhada" só porque ele sugeriu algo desse tipo? a tal "discriminação" começa logo por aí: com a definição já de si discriminatória.
E aqui vê-se como o destinatário de todos estes mimos de diverte à brava com tudo isto. Reparem na quantidade de seguidores que ele tem, seriam todos já seguidores antes da "bronca", ou aderiram depois? Se calhar alguns até se afastaram, não sei, talvez com receio da mole popular de forquilha e tocha na mão, pronta para linchar qualquer infiel que se atravesse pela frente. Ainda me admiro como é que ao Pedro Cosme Vieira está vivo, ou como ainda alguém não lhe deu uma valente surra por se colocar do lado...do outro lado, pronto, aqui é este, outras vezes é outro, em suma, alguém encontra duas pessoas que partilhem exactamente das mesmas convicções ou que concordem em tudo na mesma medida? É que assim qualquer dia fazemos todos uma lista, ninguém concorda com ninguém, começamos todos aos tiros e o único sobrevivente chama a si a razão - não vai ter é ninguém para espetar com esse facto nas trombas. Democracia é uma coisa muito complicada, meus amigos. Tão complicada que no seu estado mais puro dá voz mesmo aos querem acabar com ela.
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