E não é só Jorge Jesus que está de parabéns por se te tornado (curiosamente) o primeiro treinador português a sagrar-se campeão pelo Benfica, pois um pouco por essa Europa fora vários treinadores portugueses celebraram o título de campeão nacional à frente das equipas que treinam: nada mais nada menos que 5 (cinco). Faltam-me os dados para poder confirmar, mas duvido que qualquer outra nacionalidade tenha um número de treinadores campeão em ligas europeias - e olhem lá que foram cinco entre as 13 das ligas mais competitivas do velho continente. Também não faço ideia se mais algum dos nossos "misters" foi campeão noutros continentes (além do Bruno Álvares em Macau, lógico) e até é bem possível, sei lá, o Mariano Barrato na liga da Papua Nova-Guiné? Ou quiçá Paulo Duarte no Chade? Vamos olhar um a um os mais mediáticos, por ordem de "ranking" das ligas que venceram.
Aí está ele, José Mourinho, que trata os ingleses por "tu" (youz, gayz, mádafocas!), e que este ano conquistou a Premier League pela terceira vez! O treinador nascido em Setúbal é agora a par de Arséne Wenger (são tão amiguinhos, eles...) o treinador não-britânico com mais títulos da divisão principal do futebol inglês! Hooray! E falar nos títulos do Chelsea é praticamente falar de Mourinho, pois foi ele o responsável por três dos cinco campeonatos conquistados pelos londrinos - o primeiro data de 1955, Mourinho venceu 50 anos depois duas vezes consecutivas, e pelo meio, em 2010, os "blues" foram campeões com Carlo Ancelotti. Para aquele que fãs apelidaram de "special one" só falta mesmo erguer pelo clube o troféu máximo, a Liga dos Campões, que o clube acabaria por conquistar em 2012, com um muito mais discreto Roberto di Matteo ao comando. Um "favorite" entre os fãs, é de esperar que os seus adversários tenham que o aturar durante mais alguns anos.
Quem diria, André Villas-Boas foi finalmente campeão da Rússia. Digo "finalmente" não porque ele tenha tentado ser muitas vezes, mas tentou pelo menos uma e esteve quase, quase, quase a conseguir. Foi na época transacta quando fez a segunda metade da temporada no comando do Zenit, que italiano Luciano Spaletti até deixou na liderança com mais três pontos que o Lokomotiv e mais seis que o CSKA, ambas estas equipas de Moscovo. A última viria a sagrar-se campeã já na última jornada por apenas um ponto, com Villas-Boas a perder o título mesmo ao cair do pano. Este ano tudo foi diferente, com o equipa de S. Petersburgo a liderar tranquilamente praticamente desde a primeira jornada e recuperando de uma vez o título que lhe vinha a fugir para o CSKA nos últimos dois anos. Villas-Boas era há quatro anos uma grande promessa do futebol mundial no que toca a treinadores, depois de aos 33 anos ter vencido com o FC Porto o campeonato e Taça de Portugal, juntando a isso a Liga Europa, numa primeira época (que seria também a última) sem nada a apontar em termos de defeitos - foi quase perfeita. Seguiram-se depois duas passagens menos felizes pelo futebol inglês, primeiro pelo Chelsea a mais tarde pelo Tottenham, mas seria no gelo russo que voltaria a sagrar-se campeão, e a juntar-se ao selecto grupo dos treinadores lusos campeões quer em Portugal, quer noutra liga (nota: Manuel José não conta, pois nunca foi campeão em Portugal).
Paulo Sousa também nunca foi campeão em Portugal, mas tem uma boa desculpa: nunca treinou uma equipa portuguesa. O antigo médio-defensivo natural de Viseu que no Verão de 1993 trocou o Benfica pelo Sporting, ficando na lista negra no clube da águia, que o formou até se tornar um dos melhores jogadores do mundo, tem uma facilidade incrível em encontrar emprego. Senão vejamos: depois de em 1997 se ter sagrado bi-campeão europeu pelo Borussia Dortmund, tendo feito o mesmo pela Juventus no ano anterior (um feito assinalável, sem dúvida) tinha o joelho completamente podre, e mesmo assim conseguiu representar clubes de topo (ou lá perto) como o Inter, o Espanyol e o Panathinaikos. Já como treinador "começou" logo pelo futebol inglês, orientando clubes como o Swansea, Leicester e Queen's Park Rangers, mas sem muito sucesso. Seria na II divisão dos campeonatos europeus - chamemos-lhe assim - que chegariam os títulos; primeiro no Videoton, da Hungria, onde esteve duas épocas entre 2011 e 2013 venceu por duas vezes a Supertaça e uma vez a taça, tendo terminado em 2º lugar no campeonato em ambas as temporadas, primeiro atrás do Debrecen, e depois do Gyotri ETO (?). Em 2013/14 foi para Israel e fez do Maccabi Tel-Aviv bi-campeão daquele país (este ano foi tri), e de seguida para a Suíça, onde foi agora campeão pelo Basel. Não se pode dizer que faça um grande trabalho "de base", este Paulo Sousa, pois esta equipa suíça que apanhou pela frente o FC Porto nos oitavos da Champions foi campeã pelo quarto ano consecutivo.
Mas em matéria de "papinha toda feita", ninguém fez melhor que Vítor Pereira, que foi campeão da Grécia. Quem seguir mais ou menos de perto o futebol internacional sabe que "ser campeão da Grécia" tem o seu valor se não for pelo Olympiakos, que foi exactamente o clube que o último treinador campeão pelo FC Porto (quem diria...) treinou esta temporada. Pode ser que mesmo assim o português vá constar da parede dos 41 títulos conquistados pelo clube ateniense como autor do "5º título consecutivo, 16º em 18 anos" - está encontrada a razão porque Fernando Santos nunca foi campeão da Grécia: nunca treinou o Olympiakos. E Vítor Pereira bem precisava deste tónico, depois de na época passada ter terminado o campeonato saudita em 3º lugar com o Al-Ahli, e perdido na final da taça. "I se-pik-eh, when-e I want-e", foi a frase-momento da passagem de Pereira por terras sodomitas.
Finalmente queria uma menção honrosa a outros dois treinadores portugueses a trabalhar no estrangeiro, mesmo que neste caso ainda seja incerto se poderão reclamar sucesso depois de se fechar a cortina sobre esta época futebolística. Falo de Nuno Espírito Santo e Leonardo Jardim, a treinar respectivamente o Valência, em Espanha, e o Mónaco, na França, e ambos com partidas decisivas na última ronda destes campeonatos. Nuno, bastante elogiado pela imprensa espanhola, parte para a derradeira jornada da La Liga em 4º lugar, último de acesso à Liga dos Campeões da próxima época, e com apenas mais um ponto que o Sevilha. Ambas as equipas jogam fora, e os valencianos precisam de fazer na deslocação a Almeria pelo menos um resultado igual ao Sevilha na sua deslocação a Málaga. Já o Mónaco tem as contas aparentemente menos complicadas, pois ocupa o 3º lugar - que em França é o último de acesso à Champions - com mais dois pontos que Marselha e St. Etienne. Contudo os monegascos jogam fora na última ronda, no reduto do Lorient, enquanto os seus adversários jogam ambos em casa. A melhor das sortes para estes dois nossos compatriotas, são os meus desejos.
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