sexta-feira, 29 de maio de 2015

As flores do mal (pelo sobrinho-neto distante de Baudelaire)


Além da maldita sonolência provocadas por 1) trabalho, 2) calor, 3) antibióticos e xaropes para a gripe, esta provocada por 1) poucas horas de sono, 2) ar-condicionado alternado com o calor e a humidade, e lá está o suor, tive uma semana chata p'ra c*****o por não andar com pachorra para mandar à fava quem à fava devia ser mandado, e com bilhete só de ida. Vou tentar compor estas linhas de forma a não revelar o caso ou a pessoa em causa, e se há pessoas que vão ler e eventualmente reconhecer a referida situação, não será com toda a certeza por terem ouvido, visto ou lido algum comentário da minha parte - é a primeira vez que me pronuncio, de todo. Não sei se com isto estou a dar demasiada importância ao assunto, mas como tenho, segundo dizem os chineses, "um pescoço muito duro", penso que assim ficamos em paz com os anjinhos.

Acordei na segunda-feira do sono dos justos já passava da uma da tarde, e este foi apenas o início de uma semana em que passei na cama 80% do tempo em que não estive a trabalhar. E mesmo aí por vezes foi um sacrifício para manter as pestanas descoladas. Enfim. Portanto, ainda mal acordado verifico as mensagens, e apesar de nunca estar à espera de nada de surpreendentemente positivo, fui sobressaltado com uma mensagem no Facebook da autoria da pessoa em questão. Juro que fiquei uns bons 30 segundos a tentar encaixar o personagem com o sentido da mensagem, mas logo me apercebi que isto seria uma daquelas tarefas ingratas que me deixariam com uma mancha no fígado, na pior das hipóteses. A tal criatura não gostou de algo que escrevi a seu respeito (que nem foi nada que ocupasse mais que uma ou duas linhas), aparentemente pecando por omissão, ou inexactidão, não sei bem, e nunca daria para saber, pois antes que pudesse então pedir caridosamente que me elucidasse sobre exactamente onde errei e qual seria a versão correcta da "inverdade", apercebi-me que me tinha bloqueado, assim, sem mais nem menos.

Isto para quem acaba de acordar é especialmente confuso, permitam-me que desabafe, pois não acusei a pessoa em causa de ter cometido qualquer dos crimes contemplados no Código Penal, não declarei, insinuei ou sugeri fosse o que fosse, e aos olhos de qualquer pessoa com olhos agarrados a um pedaço de massa cinzenta para onde a mensagem seja transmitida e interpretada, não cometi sequer nenhuma deselegância. Estando eu, como já disse, bloqueado, fui por outros meios "medir as ondas" (há outras pessoas com conta do FB cá em casa, sabia?) e observei que o S. João tinha chegado um mês mais cedo este ano. Nesse dia e nos dois seguintes aquilo é que foi montar o arraial, lançar os foguetes e apanhar as canas. Foi como naquela piadola brejeira que se diz a respeito dos coelhos: "vai ser tão bom, não foi?". Deu também para perceber que mesmo sem querer tinha atingido ali um nervo qualquer, tão profundo e sensível que só poderia mesmo ter sido por acidente.

Acidente ou não, a verdade é que nunca tive jeito para "bombo da festa", e se pessoas houver de quem eu tenha a consideração e o respeito em doses q.b. para me deixar ficar, ou ainda ir ao ponto de procurar apaziguar o mal-estar reinante, V. Exa. não se inclui com toda a certeza nesse grupo. Posto isto, deixo ponto assente que:

- Conhecia-a mal, posso mesmo dizer agora com uma confortável margem de segurança que não a conhecia de todo, e V. Exa. incluía-se no rol de pessoas que, não sendo ou tendo alguma vez sido íntimas da parte que me toca, tratava com a mínima deferência exigida nessas circunstâncias.

- Repare como digo "tratava", pois quem, completamente de surpresa, sem qualquer ataque ou provocação da minha parte me agride desta forma, deixa de fazer parte do conjunto de mamíferos, verterbrados, bípedes ou outros organismos pluricelulares que valha a pena identificar ou sequer atribuir importância à massa que ocupam no mero contexto da Física como ciência.

- Não penso que tenha "escrito sobre" V. Exa. especialmente, - e agora a propósito da mensagem que me deixou - mas nesse particular pode ficar tranquila que isso não vai acontecer, e só não digo "mesmo quando se justifique", pois para mim isso seria sempre NUNCA.

- Deve ser óptimo acordar um dia e descobrir-se que não somos esquimós dos Inuit, mas antes dos Yupik, não sei, nunca tive essas crises de identidade nem me senti especialmente "rafeiro" para precisar de me encostar a qualquer "tribo". Contudo fico mais descansado que tenha arranjado novos amigos, que assim esses aturam as (muitas) perdas de altitude emocionais que se vão dando nessa viagem.

- Finalmente, quanto ao "e agora?", e se quiser dizer que não está preocupada ou até que se está "nas tintas", óptimo! Ralar-se com isso seria muito mais intimidade do que o recomendável nestes casos. Se me quiser virar a cara quando me vir na rua, não me resigno a que o faça: recomendo, até, pois quem vilipendia as mais básicas regras da conduta social como V. Exa. fez neste caso, só pode esperar encontrar no meu semblante a expressão do mais enegrecido e séptico dos desprezos.

Posto isto desejo que prospere, floresça e frutifique em todo o seu asinino esplendor, de preferência o mais longe que puder da minha pessoa e de todas as valências directa e (se possível) indirectamente com ela relacionadas.

Leocardo


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