Nunca pensei voltar a ver isto acontecer, mas aconteceu: o Benfica venceu dois campeonatos nacionais consecutivos - e continuo ainda sem acreditar enquanto escrevo estas linhas, imaginem. Ressabiamento? Pff...quantos dois seguidos em cima de dois ou três seguidos querem vocês? A verdade é que nem os próprios benfiquistas voltaram ainda a si, permanecendo até este instante numa êxtase de assustar os cavalos e as crianças, com as viúvas agarradas a eles implorando "ai, por favor, não me viole, ui, ui", com um seio de fora e a saliva a dar à dentadura um efeito de castanholas - e tudo ele consegue dizer no meio de tanta emoção é "epá...deixem-me. c....f...se! quero ir pó marquês por um cáxicoli naquele palhaço de peruca que lá tá ó c...". Agora pensando bem, quantas pessoas podem dizer a seguinte frase sem estarem garantidamente a mentir: "epá o Benfica foi bi-campeão e dei logo uma queca (na minha mulher/na minha amante/fui às meninas/no Júlio, ou do Júlio,etc), tal como da última vez que o Benfica foi bi-campeão! Desculpem se isto parece um raciocínio parvo - e é, mas também não esqueçam que estamos a falar do Benfica, "plamordedeus" - mas quem tinha vinte anos da última vez que o Benfica ganhou dois campeonatos de uma assentada, hoje tem 50, e mesmo que isto não seja uma diferença por aí além nas pessoas normais, é preciso não esquecer que os benfiquistas bebem muito tintol (ex: Toni, Manuel Vilarinho, Barbas, etc, não vou desatar a escrever seis milhões de nomes, era o que faltava. Só para terem uma ideia, na noite de Domingo, durante a comemoração do título, entrevistaram um Zé pateta qualquer, que mal conseguia começar uma frase, a dizer meia dúzia de palavras que depois de descodificadas significavam: "a última vez era um miúdo". Epá, alto lá! Miúdo era eu, que tinha 9 aninhos, enquanto aquele tipo parece o meu avô!
Mas o que é isto, por tudo o que há de puro e bom, que devo estar às portas da morte. Isto foi há 30 anos? Esta imagem tão...tão..."kitch"? Tão "retro", tão "vintage"? Olhem-me para aquelas figuras, olhem-me para aqueles bigodes, olhem para aquela matulona que andou a rodar por estes badamecos que depois, todos fresquinhos, levaram-na para tirar esta fotografia com eles. Ah não esperem lá, parece que afinal a matulona é na verdade um HOMEM originário da Suécia, de nome Glenn Stromberg! Logo vi que havia por ali paneleiragem, ainda mais quando o treinador era ele próprio um sueco lingrinhas que nunca deu um pontapé numa bola. Imaginem vocês que passou tanto tempo desde que esta fotografia foi tirada, que a maioria dos gajos que lá estão já morreram! Bem, a maioria não, quer dizer, acho que foi apenas um deles...hmm...ah, mas foi o guarda-redes! Ah! Sem guarda-redes podiam até jogar super-bem, dar baile aos outros tipos, mas cada vez que estes pegassem na redondinha era só fazer pontaria e upa, lá estava ela, a doer, a doer. Curiosamente este guarda-redes, Manuel Bento de sua graça, teve uma morte em tudo semelhante à de Leon Trotsky. Isso mesmo, e passo a explicar: este Bento estava no México, partiu a perna e morreu...20 anos depois. E não foi no México. Mas não interessa, em comum com o idealista da revolução bolchevique tem o facto de ambos terem estado no México, e de terem morrido - quantos de vocês podem dizer isto, uh? Ah, bem...
E este é o grande responsável por tudo isto: Jorge Jesus, um "manes" semi-analfabeto da Amadora que um dia andava a segurar os bicos-de-papagaio ostentando a camisola de uma equipa das divisões secundárias, noutro dia era o treinador mais pretendido da Europa. Se lhe perguntarem qual é o segredo, ele diz que não sabe do que estão a falar - e não sabe mesmo. Humilde como ele é, responderá qualquer coisa do tipo "Sêlá, alembra-me a-isso agora, tenho mais em que pensar" (reparem que ele não mente quando diz que "pensa"; ele pensa mesmo que pensa...coitado).
Pode-se dizer que este é um homem de excessos, e como o próprio diria, "um ómin com "o" grandes". Ora apazigua os ânimos, tal como o Jesus original, ou dança o "ié-ié" com as forças da autoridade, como se pode entender pelas imagens.
Aqui, se estão recordados, foi um dos momentos "à Jorge Jesus", protagonizado curiosamente no mesmo local onde no Domingo passado festejou o bicampeonato: no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães. Podemos vê-lo na circunstância em finais de 2013 num comportamento mais autista que o habitual, entrando em desespero por causa de um caramelo qualquer que - e vejam só isto - entrou no recinto de jogo sem mais nem menos, e Jesus ficou possesso quando a polícia deteve o intruso. Pois...
Vá lá, para não dizerem que isto é "dor do cotovelo", fica aqui uma pequena selecção de momentos em o vosso herói aparece mais fotogénico. Ele é tão bom treinador, como é um rapaz muito jeitoso, também.
"E prontes", como diria o Jorge Jesus, lá foram bi-campeões, acho que parabéns estará na ordem do dia? Eu quando oiço a expressão "maré vermelha" lembro-me dos tempos em que era chavalito, e ia passear até aos Cais dos Vapores, lá no Montijo, onde chegavam os barcos da Transtejo vindos de Lisboa. Havia no cais uma espécie de cano que dava para o rio, e de quando em vez saía de lá um líquido vermelho-vivo emanando um cheiro nauseabundo, muito apreciado pelas dezenas de ratazanas do tamanho de coelhos que se juntavam à volta do poluidor do Tejo. Cedo fiquei a saber que se tratava de resíduos oriundos dos matadouros dos porcos. Uma imagem que fica bem para completar este verbatim vermelhusco.
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