terça-feira, 5 de novembro de 2013

Aranhas e bananas


Brasil, país do futebol, do samba, das praias, das mulheres bonitas, da aranha mais venenosa do mundo...esperem lá, isso das miúdas em topless deitadas na areia branquinha da praia ou semi-nuas no desfile de uma escola de samba parece bem, mas...aranhas? Venenosas? O pior é que essas aranhas brasileiras, as armadeiras, têm o terrível hábito de se esconder nas folhas das bananeiras, e quando são colhidas as inofensivas bananas, e exportadas para outros países, podem tornar-se numa dor de cabeça para quem vá ao mercado abastecer-se da amarela fruta, tão saborosa e sem caroço, com a satisfação à distância de uma pele que se retira sem dificuldade. Eu disse “dor de cabeça”? Pior do que isso: a picada da armadeira provoca paralisia, seguida de falta de ar, e depois disso a morte – e depois mais nada, naturalmente. Acontece que uma consumidora de bananas, uma tal Consi Taylor, foi a um supermercado em Londres comprar um cacho de bananas, e chegando a casa ficou em estado de choque quando viu dezenas (!) de aranhas tropicais peludas a passear pela bancada da cozinha. Dezenas, vejam só. Nem era preciso que a armadeira me picasse para que eu ficasse paralizado com o cagaço. O supermercado indemnizou a senhora em qualquer coisa como 200 patacas (!?), e foi lançado o alerta em todo o país: viram por aí aranhas venenosas sul-americanas no meio das vossas bananas? Para melhor perceber a diferença entre a morte e a sorte, deixei em cima as imagens que permitem distinguir a armadeira de uma banana. Do vosso lado direito, de pele amarela e polpa esbranquiçada, com um ar delicioso e um autocolante da marca Chiquita – o nome perfeito para o produto em causa – está a banana, fonte de potássio e sobremesa apreciada pela maioria informada da espécie humana. Do lado esquerdo, com não-sei-quantos olhos, patas peludas e uma inexplicável barbicha vermelha está a armadeira, que só não se come, como ainda representa um perigo para os vivos, que depois do contacto com a criatura podem muito bem ficar tão tesos e inertes como uma banana. Quanto a menina Taylor, de 29 anos (idade ideal para comer bananas), está a aguardar que lhe acabem de dedetizar a casa, não vá ficar por lá alguma armadeira que lhe faça a folha de bananeira. Eu não me contentava com 200 patacas e uma simples demão de pesticida. Se me vendessem bananas habitadas por aranhas venenosas, exigia que me comprassem uma casa nova. E pensava duas vezes antes de comprar outra vez bananas.

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