sábado, 22 de junho de 2013

Marginais de quatro patas


Todos temos mais ou menos uma ideia do mundo preverso das prisões, e muito pouca vontade de conhecê-lo, ou presenciar na primeira pessoa o que vai para lá das paredes que confinam aqueles cuja vida levou a que paguem desta forma uma dívida com a sociedade. É também mais ou menos do conhecimento geral de que nem sempre – ou quase nunca – se cumprem as regras que proíbem a entrada de certos objectos nas prisões, ou do acesso de reclusos a comodidades que lhes estão interditas, e que são em muito caso perigosas. Uma dessas comodidades são os telemóveis, e apesar de lhes estar vedado o contacto com o exterior, muitos condenados a cumprir pena intramuros têm ou gostariam de ter um meio de comunicar com os seus entes queridos. Nada de mal, se fosse essa o único uso que lhe dessem. O problema é que em muitos casos os aparelhos são utilizados para dar continuidade ao exercício da actividade criminosa. Uma das formas de fazer entrar telemóveis na prisão é através das visitas, que os ocultam em objectos permitidos, ou corrompendo um guarda prisional. Ambas as opções arriscadas e muitas vezes pouco práticas.

Mas um grupo de prisioneiros de um estabelecimento correcional de Komi, na Rússia, teve uma ideia melhor, e providenciou que um cúmplice no exterior lhes fizesse passar telemóveis através de…um gato. A agilidade dos felinos e a sua dimensão que lhes permite subir os muros da prisão e passar por entre as grades parecia garantir o sucesso de uma operação deste tipo. Contudo o agente de quatro patas designado para a missão era talvez inexperiente nestas andanças do crime, e o seu “comportamento suspeito” levantou suspeitas, levando-o a ser interceptado pelos guardas, que apreenderam o contrabando. A forma pouco professional como a operação foi levada a cabo é evidente na imagem. Só alguém muito distraído não ia desconfiar de um gato quase mumificado com fita cola castanha, dando a entender que não andava por ali aos pardais. Como não é possível fazer um gato falar, nem através de métodos menos lícitos, como a tortura, não se sabe quem o enviou, nem a quem eram destinados os telemóveis. Seja como for, os criativos mas ingénuos reclusos que aguardavam a visita do gato vão continuar incomunicáveis por mais algum tempo. Esta é a terceira vez em menos de um ano que um gato é utilizado como “correio” em estabelecimentos prisionais. Em Agosto passado em Rostov, também na Rússia, um felino foi apanhado enquanto transportava heroína na coleira, e no dia de Ano Novo no Brasil, os guardas de uma prisão de Alagoas ficaram estupefactos quando encontraram no recinto um gato que transportava uma serra, uma broca, um telemóvel com cartão de memória e carregador. Devia ser grande, o bichano.

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