quinta-feira, 9 de maio de 2013

Pernas (e braços) para que te quero


Nick Vujicic é um personagem fascinante. Lembrei-me de falar dele porque vi recentemente em Macau um anúncio que utiliza o seu nome e imagem, mas a que ainda não prestei a devida atenção. Vujicic passou pela RAEM em Dezembro de 2010 onde deu um dos seus “discursos motivacionais”, o que no fundo resume mais ou menos a sua carreira: já falou para mais de três milhões de pessoas em 24 países dos cinco continentes. E para tal recebe um “cachet” que lhes vai dando para viver.

Mas o que tem Vujicic de especial? Muito simples: não tem braços nem pernas. Nunca teve. Nasceu assim há 30 anos em Melbourne, na Austrália, filho de emigrantes sérvios, e a sua condição deve-se a uma doença rara, o síndrome de tetra-amelia. O jovem Nick batalhou com os inúmeros obstáculos que a sua condição implica, mas viria a aceitar a sua sorte aos 17 anos, quando fundou a sua própria organização privada, a “Vida sem membros” (Life Without Limbs).

Apesar da (evidente) deficiência física, Vujicic é perfeitamente normal no plano mental, e frequentou o ensino regular na Austrália. A sua condição física tornou-o alvo preferencial dos “bullies”, e aos 10 anos uma fase de depressão levou-o a considerar o suicídio, tentando afogar-se na banheira de casa. O apoio incondicional dos pais deu-lhe forças, que foi buscar ainda a Deus, tornando-se Evangelista. É curioso como alguém que nasce sem membros encontra motivação para acreditar e ter fé em Deus, perdoem-me a sinceridade. Apesar de tudo, Nick completou aos 21 anos uma licenciatura em Contabilidade e Planeamento Financeiro na Universidade de Griffith.

É possível encontrar no YouTube algumas das suas intervenções em seminários, entrevistas e programas de televisão, e o que mais chama a atenção é o seu sentido de humor e resignação perante a sua situação, que muitos concordarão, torna a vida pouco digna de ser vivida. O próprio diz que a sua maior sorte foi ter nascido num país desenvolvido, pois em algumas nações do terceiro mundo a sua doença seria considerada uma “maldição”, e seria morto à nascença, muito provavelmente.

Quando olho para Nick Vujicic, fico perplexo, sobretudo pela sua aparência, mais do que pela retórica propriamente dita. Existe um sem número de perguntas que lhe gostaria de fazer, muitas que alguns leitores considerariam de mau gosto, mas mesmo assim pertinentes. Mas algumas ficam respondidas pelo facto de Vujicic não viver sozinho, certamente, e terá à sua disposição a toda a hora os devidos cuidados ambulatórios.

Mais do que ouvir o que tem para dizer, olhar para ele é já por si suficientemente motavicional. É um exemplo de persistência e abnegação, e uma prova viva de que por muito mal que a nossa situação possa parecer, existe sempre uma solução. O Nick que o diga, que até está bem na vida. E nem precisou de perninhas para andar ou bracinhos para levantar.

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