Nunca fui um fã de Bob Dylan por duas razões elementares: 1) gosto de música e 2) a mensagem da poesia dele não me diz grande coisa. Não tenho nada contra o tipo, que tem dois ou três temas que dá para gostar, e até lhe acho piada à voz nasalada, o que vendo bem as coisas, chega a distrair o mais comum dos melómanos. Agora ganhou o Nobel, e armou-se em parvo. Sim, é um prémio que faz sempre correr muita tinta no que toca às categorias que distinguem os escritores e as personalidades que supostamente mais terão contribuído para a Paz no mundo nesse ano. É destes que a malta gosta de falar...mal.
Está-se tudo nas tintas para os nobéis da Medicina e da Física, e quando um japónico ou um nazi quaisquer são distinguidos "pela pesquisa dos foto-neutrões dos folículos da raiz da salsaparrilha e os seus efeitos na distribuição do azoto pelas células", escuta-se um uníssono "ah...". Com os nobéis da Paz e da Literatura a história a outra. No primeiro caso arranja-se maneira de diabolizar o vencedor, assegurando dessa forma que a convicção geral de que o prémio "é uma farsa" persiste, porque...bem, tem mais piada assim? Deve ser isso. O da Literatura tem um carácter bastante subjectivo, pois não distingue um trabalho de autor em particular, mas o conjunto da sua obra. Assim sendo, acontece por vezes (sempre?) ganhar um autor qualquer de quem já ninguém se lembra, e quem sabe até para surpresa do próprio contemplado, e desta vez ganhou um músico - o que foste fazer, ó Academia Sueca?
E agora para provar que se calhar tinham razão as vozes que consideram que as letras das canções "não são literatura", o parvalhão do Dylan resolveu fazer uma espécie de birra com quem lhe quer dar um Nobel e...900 mil dólares! Iá, o gajo não precisa da cheta, que é coisa que não lhe falta, mas podia, sei lá, doar a uma caridade qualquer, porra. E que treta é esta de não querer comentar a distinção? Que mensagem é que está a passar, respondam os que desde sempre ou apenas agora que "fica bem" escutaram a sua "mensagem"? É "humildade'? Ora bolas, mais parece um puto de onze anos a fugir da miúda mais gira da escola que quer namorar com ele, porque "não sabe como se faz e tem vergonha". Deixou de ser notícia o Nobel em si, e passou-se a falar da atitude nada nobre do vencedor. Ao menos fazia como o Marlon Brando quando recusou o Óscar, e mandava lá uma índia a fingir com uma mensagem política da tanga. Assim é que não, ó Dylan. Seu piegas.
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