Mais uma "bizarria" no futebol português. O Santa Clara, clube açoriano da cidade de Ponta Delgada, vai no seu terceiro treinador nesta época, quando ainda nem realizou dez partidas no na Liga de Honra, o segundo escalão em Portugal. E foram os maus resultados, que ditaram a dança das cadeiras no clube insular? Não pode ser, pois conforme se pode verificar pelo quadro da classificação ali em cima, o Santa Clara ocupa um confortável segundo lugar, com menos quatro pontos que o líder Portimonense, e os algarvios ainda têm mais um jogo realizado - se estivéssemos a duas jornadas do fim já tinham subido à Super Liga! Então o que se passa? Será que a direcção do clube micaelense teve um acesso de esnobismo, e qualquer coisa que não seja ganhar todos os desafios por três ou quatro golos, vale uma "chicotada" ao treinador?
Nada disso, antes pelo contrário. Acontece que a excelente carreira dos encarnados dos Açores com uma equipa que se pode considerar "mediana", tem aguçado o apetite de clubes do escalão imediatamente acima na hora de, e aí sim, procurar um novo técnico que melhore o desempenho da equipa principal de futebol. Primeiro foi Daniel Ramos (à esquerda), que depois de 8 jogos que se traduziram em sete vitórias e um empate no banco do Santa Clara, foi para o lugar do brasileiro Paulo César Gusmão, despedido pelo Marítimo à quinta jornada, depois de apenas de somar apenas uma vitória contra quatro derrotas. Na altura os madeirenses indemnizaram o seu congénere dos Açores, e pode-se dizer que até agora o investimento tem sido recompensado, pois Daniel Ramos somou duas vitórias em outros tantos jogos no seu novo clube. No entanto o caso muda de figura com Quim Machado (à direita), que depois de ter ficado 9 (nove) dias no Santa Clara, despediu-se esta semana para render o espanhol Julio Velázquez no banco do Belenenses. O clube lisboeta despediu Velázquez no dia 2 - estranhamente, uma vez que os azuis ocupam um lugar na primeira metade da tabela - e três dias depois contratou Machado, e lá ficaram os açorianos outra vez sem treinador.
Foi aí que Rui Miguel Cordeiro, presidente do clube insular, "partiu a loiça", acusando Quim Machado de deslealdade, e acusando-o de "estar no Santa Clara com a cabeça num outro lugar". O dirigente foi mesmo mais longe em afirmar que o seu emblema serviu de "plano B" para o treinador, no caso deste não conseguir o lugar no Belenenses, que aparentemente estaria na iminência de ficar vago. Quim Machado defende-se, alegando que inicialmente recusou o convite do Santa Clara, pois está a braços "com um problema de ordem familiar", e não estaria disponível para treinar fora de Portugal continental. Acrescentou ainda que só aceitou devido "à muita insistência" dos açorianos, e que quando se demitiu "não existiam quaisquer contactos com o Belenenses", mas que acedeu ao convite dos azuis "porque precisa de trabalhar". Bem, dando o benefício da dúvida a Quim Machado, que não tem um historial conhecido de sabujice (que eu saiba), ficou um banco vazio no Estádio de S. Miguel. E quem é o senhor que se segue?
Este. O portuense Rui Amorim, de 39 anos, que deixou o histórico Salgueiros na liderança da Série C do Campeonato de Portugal (terceiro escalão) só com vitórias, e decidiu "fazer-se ao mar", atracando nos Açores como novo técnico do Santa Clara. Um treinador habituado aos lugares cimeiros da classificação no CP, com passagens felizes pelo Pedras Rubras e Benfica C. Branco, mas sem experiência na Liga de Honra. Tudo o que precisa é manter o Santa Clara nos lugares do topo, uma vez que com 7 vitórias, um empate e apenas uma derrota nos 9 jogos disputados, não há terreno para recuperar - a não ser que o objectivo seja destronar o Portimonense do mítico Vítor Oliveira do primeiro lugar, claro. Vamos ver se o clube micaelense encontra a estabilidade em termos de comando técnico, ou se o Santa Clara continuará a ser o lago onde os grandes vão "pescar" quando precisam de treinador.
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