domingo, 9 de outubro de 2016

Joshua "Metadona" Wong


Joshua Wong foi notícia na última semana, ao ser impedido de entrar na Tailândia, onde se ia encontrar com um congénere da pró-democracia daquele país. O activista de apenas 19 anos, que se celebrizou quando tinha apenas 14 ao fundar o movimento "Scholarism" na vizinha RAEHK, ficou detido 12 horas numa cela do aeroporto de Bangkok, sem que lhe tivesse sido dada uma razão para a recusa da entrada no país. Apesar de ser uma possibilidade que carece de confirmação oficial, a razão  da detenção de Joshua prende-se com um "acordo de cavalheiros" entre a China e a Tailândia, tendo estes últimos feito a vida negra ao activista para agradar aos primeiros - não me surpreende nada, mesmo nada, vindo de quem vem. Mas aquilo que inicialmente parecia um "tiro" certeiro da China nas ambições do activista, acabou por sair pela culatra: Joshua tem estado activo como nunca, fazendo render o seu peixe do activismo, desdobrando-se em considerações sobre os motivos de mais este incidente, e aproveitando para se reafirmar como "um activista pró-democracia". A sério? Vero, ma non troppo. Daquela frase concordo com tudo em género e grau, menos no mais importante: o conceito que este jovem tem daquilo que se entende por "democracia". 

Aproveito antes de mais para reafirmar que sou democrata até ao tutano. Juro por tudo o que quiserem. Fosse eu gaja, e tinha a cara da Estátua da Liberdade, talvez menos pálido, quiçá. Agora, quando esta rapazola se põe de bicos de pé para chamar a si o papel de "paladino pela democracia", ahem, alto e pára o baile. Não que eu duvide das suas boas (?) intenções, mas estamos aqui a falar da mesma pessoa que ainda há algum tempo chamou a imprensa para anunciar uma "greve de fome" que acabou três dias depois, saindo o "herói" numa cadeira de rodas. Uma das duas cachopas que o acompanharam na empreitada não aguentou 24 horas. O mesmo Joshua atira com o pressuposto de "desobediência civil" como se fosse um item que se adquire na caixa do supermercado, como se uma caixa de pensos rápidos se tratasse - ou de preservativos. Presunção e água benta, cada um toma a que quiser, mas este rapaz enfiou a boca na pia e nunca mais sacia a sede, chegando ao ponto de se comparar com Gandhi, pasme-se. Mais uma vez a China falhou em medir o alcance da medida que resolveu tomar com o jovem, mas a falta de tacto nestas situações não é nenhuma novidade da parte do regime, helas. Só que se por um lado o regime pode ser para muitos observadores um mal tão nefasto como a heroína, esta Joshua Wong não é mais do que o equivalente para a metadona. "Same same, but different", como se diz por estas bandas.



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