Toya Graham mostrou ser uma mulher de armas, sem que para isso precise...de armas. Foi durante os tumultos do fim-de-semana passado em Baltimore, no Maryland, e tudo por causa da Custódia. O quê, qual Custódia? Ah, fiz-me entender mal, foi por causa de um detido que veio a morrer enquanto estava sob custódia policial. E sim, já adivinharam, para acontecer tumultos o detido era preto e os polícias nem importa de que cor são, pois haverá lá pelo menos um branco e o total de vítimas (uma) é afro-americana. O filho da senhora, um adolescente de 17 anos, ia sair de casa naquela indumentária que vemos nas imagens, e como se pode adivinhar não era para participar de uma manifestação pacífica onde se iam recitar os discursos de Martin Luther King ou cantarolar os temas de Bob Dylan: era para atirar pedras à polícia. Cada pedra atirada teria o nome inocentes que nasceram, cresceram e morreram escravos sem nunca terem provado o sabor da liberdade, e como a escravatura foi abolida há 150 anos, já morreram mesmo, os que escravizaram e os que foram escravizados. O rapazinho sabe disso, mas é descendente desses escravos - ou não, pois tal todos os outros novos-americanos, os pretos também fora sempre chegando, mesmo depois da abolição da escravatura. Também não é lá muito ideia alegar que as autoridades de hoje representam as daquele tempo, uma vez que os polícias são uma mescla heterogénea de emigrantes chegados do velho continente, do resto das Américas, alguns da Ásia e muitos, mas mesmo muitos eles próprios afro-americanos, e certamente alguns descendentes dos ex-escravos, eles próprios.
Só que nada disto interessa, pois na América qualquer desculpa é boa para andar à porrada ou aos tiros, e daí que o perante a persistência do palerma do puto, Toya, que é bastante enxutinha para a idade e tem uma peida de chorar por mais, enche-lhe os cornos de porrada. Boa! Quem é o cabrãozito pensa que é para se vestir de capuz e ir atirar pedras à bófia? E o que é que acontece, as pedras vão ressuscitar o morto, é? É por isso mesmo que a senhora não quer o filho lá vá, para não acabar gay. Ah desculpem, isto hoje está a correr mal: para não acabar igual ao Freddie Gray, o nome da vítima que morreu no dia 19 após uma semana em coma, com lesões que alegadamente lhe terão sido infligidas durante a sua detenção no último dia 12. Este rapaz é uma vítima com toda a certeza, e a polícia só o prendeu por ele ser preto, obviamente. Tinha cadastro criminal, é verdade, mas toda a gente tem direito a ter um dia menos bom na vida, não é? Ou dois...ou três...ou dezoito, como no caso do Gray, que ao contrário de algumas pessoas pouco civilizadas que falam alto ou dizem asneiras quando acordam mal dispostas, ele consumia e traficava substâncias ilícitas, praticava furto qualificado, prejúrio, jogo ilegal, trespassava propriedade privada, algumas vezes causando danos materiais...mas olha, nunca matou ninguém, pois não. E também só tinha 25 anos, e se calhar ainda não tinha completado a cadeira de homicídio - também com a polícia sempre a interromper, pudera! Racistas...
A América é um país do caraças, pá. Eles até queriam ser todos amiguinhos, e tal, só que pronto, lá está, uns foram nascer diferentes dos outros, "só para embirrar". Enfim, quando se acabarem de matar uns aos outros avisem, ok? Pois, sei que é difícil, mas quando o último limpar o sebo ao penúltimo, manda uma mensagem no Facebook e logo de seguida pode um tiro nos cornos e vai ver como é bonita, aquela serradura que tem no lugar da mioleira. Mas prometa que não se esquece, ah? Primeiro, mensagem, só depois o tiro. E depois é preciso estar sempre a repetir a mesma coisa. Nunca mais aprendem.
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