O Nepal foi abalado ontem com um terramoto de 7,9 na escala de Richter, que até ao momento resultou em 3000 mortos já contabilizados, além dos danos materiais que à medida de dimensão de um país pobre como o Nepal só fazem prever mais dor e mais sofrimento. Enquanto as pessoas normais lamentavam as vítimas e iniciavam a recolha de donativos, os defensores dos Direitos dos Animais representavam a sua própria tragédia, e chamar-lhes de "humana" e estar a compará-los com os animais racionais. Estes nem a quadrúpedes chegam. Nem a rastejantes. Quem é que se vai lembrar de uma merda destas num momento destes? Búfalos sacrificados durante um festival hindu? Ah mas antes de passarmos a esse raciocínio honesto como a cona da mãe deles, vamos ver se alguém se lembrou de recordar que esta não era a hora para esta palhaçada.
E antes de começar, apresentemos desde já a vencedora: Mayte Suellen Lara Pestana, 23 anos, de S. Paulo, licenciada em medicina pela Faculdade Metropolitana Unida da sua cidade e empregada na Fiat, sonhava ser modelo e tem um hamster de estimação. E porque é que faço esta descrição completa da criatura? Para comprovar que cada vez que alguém escreve coisas deste calibre numa rede social, mesmo não estando completamente identificada, é fácil nos tempos que correm descobrir o resto. Para bem dela espero que não encontre muitos como eu que tenham esta mesma ideia quando lhe quiserem dar um emprego. Era o que eu fazia, e acham que estava a ser injusto, não querer colaborar com alguém que critica os media por lamentarem os mortos no terramoto, e partindo de uma obscenidade vai por ali fora achar "que foi pouco" e que espera que o número de pessoas mortas ultrapasse o número de búfalos? Mas a Marcella Príncipe concorda, estreando aqui uma nova modalidade de ironia: pessoas que se deliciam com a morte de inocentes a chamar "gente sem coração" a esses mesmos inocentes. Ah...bem, segue-se mais moral parva, e remata-se com mais um desejo que trará paz, amor e alegria para o mundo: que aconteça o mesmo na China. Sugestão de Lorah Rodrigues, que hesita por temer que lhe chamem "xenofóbica". Ora essa, a gente lá vai chamar a você, benzinho? Tudo tem uma explicação meu amor:
Aí está, foi ontem à marcha da defesa animal, e ainda a boceta arranhada da chuchada do cachorro. Para esta gente o conceito de "justiça", mesmo a de talião, passa sempre por querer pior para o agressor - e aqui nem se aplica esta regra, pois não é claro que as pessoas que morreram ontem no Nepal sejam as mesmas que mataram os búfalos. Mas a Mayte, que ao contrário dos assassinos de búfalos está perfeitamente identificada para que as famílias das vítimas do terramoto lhe façam macumba espera que quando um terramoto vier à China...eu nem consigo completar. Deve ser o que se aprende na Faculdade Metropolitana Unida de S. Paulo.
Aêêê Elton Paiva! Terremoto neles! Oba! Na na na na na na na na na ... Terramoto! Na na na na No Nepal! Bem, depois do momento musical, eis a habitual guerra das religiões, o costume, e desde "religião do demónio" a simplesmente "demónios" ou "monstros malditos", fala-se da "resposta de Deus" e de uma "lei do retorno", e lá está esta gente a falar do que não sabe, e quando não deve. Ali pelo meio está uma tal Fernanda Carriça Paschoal com um comentário enigmático que eu prefiro nem tentar interpretar, pois cheira-me que vem aí mais mortos. Adiante.
Primeiro acho que devia agradecer à Fabiana Arsand por não ter completado a frase - nem quero imaginar o que ia dali sair. Por seu lado a Mairessa Mello e a Ana Marina Lia (e devia ler mais) são pessoas com uma coerência e uma firmeza de princípios espantosas. Com que então eles são "doentes". Bem, agora já não são, até porque aquilo "não é religião, é fanatismo". Aqui a turminha dos direitos dos animais não compõe uma religião, mas anda lá perto. E estas comparações todas entre religiões e sacrifícios de animais com Satanás à mistura faz-me lembrar uma coisa
Então e a "religião do demónio" não vos serve, meus amigos? E nem vale a pena acusar-me de estar a ser desonesto, porque isso seria chover no molhado, até porque depois...
Aí está a Valena Nunes Macedo salvando o dia. Ou mais ou menos isso. A jovem chega ali no meio de uma condenação à religião hindu e ao povo nepalês para os recordar que o que estão a fazer é errado. A conclusão é um bocado ambígua, mas é assim mesmo: o Nepal não é o Brasil, e toda a gente sabe que são duas civilizações distintas, e se quiserem a do Nepal é mais atrasada, e quanto mais atrasada for, menos desculpa têm os brasileiros para se comportarem deste jeito.
Mas não são todos os brasileiros, claro, e há uns piores que outros, com toda a certeza. E do piorio mesmo é esta gentinha que se lembra de um festival hindu realizado em Novembro, e que ainda por cima é atendido por uma maioria de indianos, para explicar um fenómeno natural, e ainda por cima atribui-lo à providência divina. Fosse mesmo assim e era melhor que todos os países verificassem a sua contabilidade, e não seria apenas no que toca ao tratamento das outras espécies - só para não deixar de fora ninguém. E depois eu é que estou sempre em cima deles, é? E o que devia eu fazer, ir atrás de animais para me vingar da morte das pessoas? Claro que não; isso é o que eu faria se pensasse com estas cabecinhas.
Sem comentários:
Enviar um comentário