Se entenderam esta associação de ideias, estão a ficar velhos. Quer dizer, estamos...
Sendo demasiado cedo para prever uma situação destas (bem como inoportuno), a haver uma mudança de Chefe do Executivo amanhã, seria Alexis Tam a substituir no cargo Chui Sai On, limpinho, limpinho. Não apenas pela própria secretaria ser a "cantera" de Chefes de Executivo - temos um exemplo agora a brilhar na equipa principal, e um outro que prometia mas que por motivos de lesão se encontra no estaleiro, sem que se preveja a data do seu regresso. Com Alexis Tam é diferente; além de falar Português, o que dá sempre jeito, é um secretário ecléctico, que toma conta de departamentos delicados, casos da Saúde, da Educação, da Terceira Idade, do Turismo e da Cultura. Inicialmente este parecia ter sido um "presente envenenado" para aquele que foi uma das caras do primeiro-mandato de Chui Sai On, para o melhor e para o pior.
Depois de um início prometedor, de amena cavaqueira, foi-se eclipsando sem se perceber bem o motivo, ao que se seguiu um paulatino "comeback", que seria muito mais discreto não fosse pela conduta pouco desportiva em relação à realização do Referendo Civil, onde ficariam célebres as suas declarações de que "assim não ia haver pão para malucos", e estes malucos somos nós, claro. A nomeação para a equipa governativa do segundo mandato de Chui Sai On deixou algumas interrogações que agora depois de uma dieta acompanhada de exercício começam a ganhar forma de exclamações. De mero porta-voz, uma função a que o nome não ajuda muito, pois faz lembrar o papagaio, mas recorde-se que o porta-voz é um elemento de uma equipa, e que tem outras funções além dessa. Se antes só dava a cara para falar com a imprensa, como é agora um dia na vida de Alexis Tam?
Apologista do velho lema "deitar cedo e cedo erguer", inicia o dia com a habitual corrida matinal, e depois de tomar o café e deitar uma vista de olhos na imprensa começa a tratar da sua carregada agenda, que incluí logo pelas 10 uma complicada tarefa no teatro das operações. Qual? Ora das operações, onde vai realizar uma tripla-coronária, existindo uma possibilidade muito remota de ser seguida de autópsia, mas estamos aqui a falar de Alexis Tam, que até espeta um fecho de correr no peito do paciente mais cedo do que o habitual, e vai para o seu almoço com a Caritas, para saber afinal quanto é que querem. Quer dizer, O QUE querem, e DO QUE precisam, doizanbenzoie. Após ouvir as partes e enquanto matuta num plano para enriquecer os pobrezinhos, passa por uma escolas do território para entoar duas ou três cantigas patrióticas com representantes das futuras gerações da RAEM, para ver se ganha também ele alguma inspiração.
Depois do almoço tem programada uma actividade turística, vai mostrar a cidade a um grupo de turistas do continente, mas não sem antes passar por um asilo de idosos para ajudar o pessoal de enfermagem a deixar os velhinhos ao sol, naquela que é jocosamente conhecida entre por "hora do peixe seco". Despede-se dos idosos com um "até um dia destes", ao que alguns retorquem meio comovidos "...se Deus quiser...." (neste caso pode ser um dos deuses do panteão budista chinês, atenção), e o secretário, sempre bem-disposto, completa com "...e se não for já do outro lado, na Ilha da Montanha" - convinha aqui acrescentar o local exacto, e penso que nem é necessário explicar porquê. Depois foi ter com os tais turistas, que abraçou um a um e ainda lhes contou as cabeças, que achou em número razoável, mas "podiam vir mais que ele chega para todos" Para Alexis Tam o dia termina já pela noitinha, assistindo a um concerto na companhia da família real da Bolotônia, de que fazia de cicerone, mas de quem a certa altura se escusou para substituir uma violinista da Orquestra de Macau, que à última da hora nunca lá esteve, salvando assim um concerto do qual dependia a credibilidade e o próprio futuro da cultura em Macau.
Não dorme - Alexis Tam NUNCA dorme: faz "power save", enquanto vai processado o dia seguinte e as soluções para os problemas deixados pelos seus antecessores para que ele os pudesse resolver, olhando o perigo nos olhos...mais tarde, quando acordasse. Alexis Tam é um "renaissance man" em potência, a "arma secreta" que andou durante o III Executivo a apalpar terreno (mais na segunda metade, onde andou meio "desaparecido" devido à quantidade de terreno por apalpar), e volta agora com a qualidade de um "whisky" novo: ainda douradinho e cheio de vida, mas já com conhecimento dos cascos de madeira de castanheira, de uma outra pipa por onde passou. Se for mesmo ele quem vai conduzir os destinos da RAEM após Pequim pôr as tartarugas a patinar no gelo para ver qual a que melhor trava, ela obviamente demite-se do cargo de Secretário, e enquanto arregaça as mangas pergunta: "Chefe do Executivo, né assim 'miga? É pa comer já ou é para levar?".
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