Uhhh....no, thanks.
Aqui está uma daquelas coisas que me deixa "desarmado", sem saber o que pensar. Os leitores que me conhecem melhor sabem que tenho uma interpretação muito flexível do conceito de liberdade de expressão, e que basicamente toda a gente devia ser livre de dizer o que muito bem lhe apetecer, desde que não difame ninguém ou lhe impute acusações das quais não tenha provas, e que possam vir a pôr em causa o seu bom nome, ou de algum modo firam a sua cidadania ou privacidade, bem como a dos seus próximos. É especialmente aí que me saltam as ramas do nabal: quando se metem com inocentes, pessoas que nada têm a ver com as fricções alheias, ou as dores de corno avulsas que por aí abundam, em suma, se alguém tem umas "bocas" para mandar, que o faça, mas leia as instruções que vêm no verso do pacote do "foguetório", não vá no meio do entusiasmo cegar alguém, ou a ele próprio, ou ainda se arriscar a ficar sem um dedo. Este caso em particular deixa-me intrigado por duas razões e mais uma: primeiro porque a olho nu não consigo identificar na causa um motivo nobre, mas por outro lado ser um idiota não é crime nenhum, e ninguém deve pagar por isso se não prejudicar ninguém com a sua idiotice. E quando falo em "prejudicar" estou a falar de danos materiais e humanos, mas atenção, NUNCA danos morais. Essa treta da "moral" não enche a barriga a ninguém, mas quando se faz dela lei, mesmo que se discorde, há a terceira razão que me deixou sem saber o que pensar desta situação em particular, e que é um pouco como um "pé de galo": ninguém ganha nem perde, e empatar é o resultado mais esperado, só que não serve. Aqui é ultrapassada aquela ténue linha que separa o que é a lei daquilo que gostaríamos que fosse. Ou melhor: que os outros gostariam que fosse para todos.
Nesta equação entra Amos Yee, singaporeano, 16 anos, estudante, actor, blogger e vlogger. Bem, nestas duas facetas já não o vamos poder ver tão cedo, certamente, pois graças a uma entrada sua no Canal YouTube no último dia 27 de Março, arrisca-se agora a uma pena de quatro anos de prisão e 5 mil dólares de Singapura de multa, além de ficar proibido de postar mais entradas no seu blogue. Neste vídeo, que recomendo que vejam e tirem as vossas próprias conclusões, Yee critica abertamente o líder histórico de Singapura, Lee Kwan Yee, cujo funeral se realizou quatro dias após a publicação do filme de 8 minutos em que basicamente o jovem "arrasa" o ex-primeiro-ministro e "pai" da Cidade-Estado, a quem pelo menos um terço da população de Singapura prestou homenagem pessoalmente à passagem dos seus restos mortais, e de cujo funeral participaram vários Chefes de Estado. De todo o mundo chegaram mensagens de pesar pelo desaparecimento do homem que fundou no sul da Malásia um estado que hoje é considerado um exemplo de sucesso, quiçá o maior da Ásia Oriental ao lado do Japão e da Coreia do Sul, como estado independente, e rivalizando com Hong Kong como estatuto de grande praça financeira mundial. Quer se goste ou não da forma como conduziu os destinos de Singapura, Lee Kwan Yee é uma referência como estadista, e de todas as reacções à sua morte aos 91 anos, a de Amos Yee destoou - e como. Mas quem é este jovem cheio de sangue na guelra?
Este é um vídeo que Yee fez sozinho quando tinha apenas 13 anos e com o qual venceu um prémio num festival de curtas metragens na Cidade Estado. É possível ver como já tinha uma consciência social muito amadurecida para a idade, além dp excelente domínio do inglês, mas também não é despiciendo o facto de ter recebido uma educação esmerada, e nos melhores colégios, e há quem o compare a Joshua Wong, activista de Hong Kong, igualmente um jovem imberbe nativo da cidade onde se tornou uma voz do contra. Entre Amos Yee e Joshua existem inúmeras diferenças, e a maior de todas será a afiliação política deste último, que justifica em grande parte a sua motivação. Em comum têm algo que, e agora é possível que muita gente discorda deste ponto de vista, é evidente a olho nu: protestam de barriga cheia, e apesar do conteúdo dos discursos não ser o mesmo, em muito do seu discurso notam-se que falam sem conhecimento de causa. Não estou com isto a dizer que A animosidade de Amos Yee contra Lee Kwan Yee é por demais evidente, e as acusações que produz contra o ex-político chegam a assumir contornos gráficos, e um bom exemplo disso é este cartoon que deixou no seu blogue, ainda por altura da morte de Lee. Não quero com isto dizer que os jovens não devem ter voz, ou que este não tem presente os factos, mas será tudo "in librum" - os próprios pais do jovem aparentam ser pessoas bem situadas na vida. Tiveram foi um pequeno "terrorista", isso sim - e salvo seja, aqui no sentido de "terrorista verbal", mais como um incendiário.
Nunca me passaria pela cabeça fazer algo como fez este rapaz, que desconfio que sofre de algum tipo de problema, um transtorno, se quiserem. Ou isto é alguma concepção meio tresloucada de "rebeldia", ou o miúdo anda cheio de açúcar, ou então é falta de namorada, e andam ali as hormonas aos pulos, descontroladas. O que explica que um miúdo de 16 anos tenha um ódio visceral a um ex-governante de 91 que saiu de cena há mais de 10, e de quem nem ele nem ninguém na sua família sofreu algum tipo de repressão? Tudo bem, pode ter razões para não gostar de um político, daquele em particular ou de todos, mas que raio, qual é a justificação para aquela explosão de raiva, para os insultos sem nexo, em alguns casos sem um argumento pelo meio, e o pior de tudo, que comparações são aquelas com Hitler, Mao e Estaline? E depois faz outra, que foi a "morte do artista": comparou Lee com Jesus Cristo, e de seguida produz uma série de afirmações sobre este último completamente escabrosas, que não querendo duvidar de que o rapaz pensa mesmo daquele jeito, fico é "em pulgas" para saber onde foi ele buscar aquela ideia. Seria interessante deitar uma olhadela em qualquer análise que não coloque a figura de "Jesus ditador" como uma boa ideia. Dê por onde der, foi com base nesta demonstração de intolerância religiosa que foi detido, e atenção a isto: é uma lei existente. Não quero que pensem que concordo com a detenção do rapazito, até porque se Singapura é aquele "papão" que controla os média, internet e informação em geral, ao deter o Yee faz transbordar um copo que se calhar ficava melhor melhor a meio.
Estive esta tarde a ver alguns vídeos que o jovem vem deixando desde 2012 no YouTube, e neste, por exemplo, de Dezembro de 2013, relata um incidente passado no distrito de Little India, que onde, como o nome indica, reside uma maioria de singaporeanos de etnia hindi. Uma das virtudes de Lee Kuan Yee foi ter conseguido algo ímpar na História: colocar hindus, muçulmanos e chineses a viverem juntos, e pacificamente. Mas para o Amos Yee, o primeiro tumulto civil em mais de 40 anos e que resultou em um (1) morto, e onde os detidos foram praticamente todos imigrantes, é um caso sério de "instabilidade racial". Mas este filme, bem como outros que vi no seu canal, são "refresco" comparados com aquele que o "tramou" no final do mês passado. Mas então qual é o problema com Singapura, e o seu fundador e líder histórico Lee Kuan Yee? Muita coisa, segundo o Amos Yee, e à cabeça temos aquilo que toda a gente pensa quando ouve falar de Singapura: o défice democrático. O Amos apresenta números, que fui verificar, mas não apresenta todos. Ora bolas, eu consigo fazer da Suíça o Inferno na Terra socorrendo-me de números de...sei lá, quantidade de praias? Número de surfistas? Área com vegetação do tipo savana? Produção de alfarroba? Mas vamos lá ver então onde se situa Singapura no "ranking" da democracia no mundo:
38 Croatia 66.1 66.4 -1Ora esta, então Singapura, onde a malta anda a toque de chicote, não pode mastigar pastilha elástica, e existe pena de morte, é mais democrática que...a Grécia, berço da democracia? E o Brasil? Este deve ser um "ranking" elaborado pelo Clube de Fãs de Lee Kuan Yee, certo? Errado, é elaborado pela "Democracy Ranking Association", sediado em Viena de Áustria, e obedece aos seguintes critérios: 50% sistema político; 10% igualdade de géneros; 10% acesso a cuidados de saúde; 10% sistema económico; 10% sociedade de conhecimento (educação e cultura); 10% sustentabilidade ambiental. E já que falei de pena de morte, saibam que em Singapura não se realizou qualquer execução em 2013 e 2014, e dos países onde se aplica a pena capital a cidade-estado é a terceira mais democrática, depois dos Estados Unidos (39 execuções em 2013) e Japão (8) - fosse este o critério, e teríamos uma tabela diferente. Da região Ásia-Pacífico só as democracias da Austrália, Nova Zelândia, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul lhe ficam à frente, e neste índice Singapura não verifica qualquer descida desde 2009. Muito bem, para quem acabou de se livrar de um ditador tão "horrível", como defende aqui o nosso amigo, não estamos mal de democracia. Então e liberdade? Deve andar tudo engaiolado, claro.
39 Singapore 63.3 65.3 +2
40 Panama 63.8 64.8 0
41 Greece 68.2 64.3 -8
42 Bulgaria 63.2 63.9 0
43 Romania 62.2 63.3 0
44 Brazil 59.6 62.8 +1
45 Mongolia 59.5 61.8 +1
46 Peru 60.8 61.7 -2
47 Serbia 58.9
ANOS | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 |
Philippines* | 4 | 3 | Partly | 3 | 3 | Partly | 3 | 3 | Partly | 3 | 3 | Partly | 3 | 3 | Partly | 3 | 3 | Partly |
Samoa* | 2 | 2 | Free | 2 | 2 | Free | 2 | 2 | Free | 2 | 2 | Free | 2 | 2 | Free | 2 | 2 | Free |
Singapore | 5 | 4 | Partly | 5 | 4 | Partly | 4 | 4 | Partly | 4 | 4 | Partly | 4 | 4 | Partly | 4 | 4 | Partly |
Solomon Islands | 4 | 3 | Partly | 4 | 3 | Partly | 4 | 3 | Partly | 4 | 3 | Partly | 4 | 3 | Partly | 3 | 3 | Partly |
Sri Lanka | 4 | 4 | Partly | 5 | 4 | Partly | 5 | 4 | Partly | 5 | 4 | Partly | 5 | 4 | Partly | 5 | 5 | Partly |
Taiwan* | 1 | 2 | Free | 1 | 2 | Free | 1 | 2 | Free | 1 | 2 | Free | 1 | 2 | Free | 1 | 2 | Free |
Thailand* | 5 | 4 | Partly | 5 | 4 | Partly | 4 | 4 | Partly | 4 | 4 | Partly | 4 | 4 | Partly | 6 | 5 | Not |
Tonga* | 5 | 3 | Partly | 3 | 3 | Partly | 3 | 3 | Partly | 3 | 2 | Free | 2 | 2 | Free | 2 | 2 | Free |
Aqui não existe bem um "ranking", mas antes uma percepção. Países com nota 1 e 2 são "livres", 3 e 4 "parcialmente livres", e com 5 e 6 "não livres". Os números à frente de cada país referem-se aos direitos políticos e às liberdades civis, respectivamente. Como se pode ver Singapura é "parcialmente livre", e vem-se registando uma melhoria no capítulo dos direitos políticos. Interessante contudo observar a situação da Tailândia, onde se verificavam progressos durante 2013 e 2014, e de repente vai tudo "com os cães". Curioso como as atenções se voltam para um miúdo de 16 anos que faz um vídeo que publica no YouTube a insultar toda a gente, chega a convidar os líderes mundiais para, e passo a citar, "chuparem a pila" ao falecido Lee Kuan Yee, sai sob fiança e ao contrário de crença no leva um par de estalos, quanto mais chibatadas, e enquanto isso na Tailândia alguém diz que "ter rei não é lá muito boa ideia" e apanha 25 anos de cana, e ninguém se interessa. Giro. Mas agora, tchan, tchan, a LIBERDADE DE IMPRENSA...BUHHH! Tanto aqui o vozinha esganiçada como muitos "watchdogs" (cão, olha!) no mundo inteiro alegam que em Singapura os jornalistas andam acorrentados, cortam-lhes a mão direita quando escrevem outra coisa que não loas ao Governo, o lápis é mais azul que em qualquer outro lugar e aparece um par de olhinhos a espreitar no ecrã quando se usa a internet. Será mesmo assim?
Malaysia | (147) 42.73 | (145) 42.73 | (122) 56.00 | (141) 50.75 | (131) 44.25 | (132) 39.50 | (124) 41.00 | (092) 22.25 | (113) 33.00 | (122) 39.83 | (104) 32.00 | (110) 37.83 |
Russia | (148) 42.77 | (148) 43.42 | (142) 66.00 | (140) 49.90 | (153) 60.88 | (141) 47.50 | (144) 56.90 | (147) 52.50 | (138) 48.67 | (140) 51.38 | (148) 49.50 | (121) 48.00 |
Philippines | (149) 43.69 | (147) 43.11 | (140) 64.50 | (156) 60.00 | (122) 38.25 | (139) 45.00 | (128) 44.75 | (142) 51.00 | (139) 50.00 | (111) 36.63 | (118) 35.25 | (089) 29.00 |
Singapore | (150) 44.29 | (149) 43.43 | (135) 61.00 | (136) 47.50 | (133) 45.00 | (144) 49.00 | (141) 56.00 | (146) 51.50 | (140) 50.67 | (147) 57.00 | (144) 47.33 | N/A |
Democratic Republic of the Congo | (151) 44.64 | (142) 41.66 | (145) 67.67 | (148) 51.83 | (146) 53.50 | (148) 51.25 | (133) 50.50 | (142) 51.00 | (146) 57.33 | (141) 51.50 | (127) 38.50 | (113) 40.75 |
Mexico | (152) 45.04 | (153) 45.30 | (149) 72.67 | (136) 47.50 | (137) 48.25 | (140) 46.13 | (136) 53.63 | (132) 45.83 | (135) 45.50 | (096) 27.83 | (074) 17.67 | (075) 24.75 |
Iraq | (153) 45.44 | (150) 44.67 | (152) 75.36 | (130) 45.58 | (145) 53.30 | (158) 59.38 | (157) 67.83 | (154) 66.83 | (157) 67.00 | (148) 58.50 | (124) 37.50 | (130) 79.00 |
Turkey | (154) 45.87 | (154) 46.56 | (148) 70.00 | (138) 49.25 | (122) 38.25 | (102) 22.75 | (101) 31.25 | (098) 25.00 | (098) 25.00 | (113) 37.25 | (115) 35.00 | (099) 33.50 |
Podemos ver através desta lista dos Réporteres Sem Fronteiras que Singapura ocupa um VERGONHOSO 150º lugar "entre 180 países", como diz o requinho, e "tem piorado". De facto, pois de um 133º lugar em 2010 - quando também se dizia que estava tão mal como agora - baixou 17 posições até ao ano passado, 2014. Entretanto temos logo acima, ocupando não menos vergonhosas posições a vizinha Malásia, a Rússia e as Filipinas, países com problemas conhecidos, e abaixo vemos outros, e agora deixem-se de merdas e esqueçam o Congo e o Iraque por um bocadinho, e contemos apenas com o México e a Turquia. Agora pergunto eu: se em Singapura, com uma área menor que a área urbana de Lisboa, e uma população de pouco mais de 5 milhões de habitantes, a imprensa está "amordaçada", então na Rússia, México e Filipinas, todos com mais de 100 milhões de habitantes, ou na Turquia com 77 milhões, os jornalistas andam todos pela trela. É que tenho como dado adquirido que é muito mais fácil controlar a imprensa num arrebalde como Singapura, do que em países onde são mais que as mães. Mas será Singapura uma "excepção" no contexto regional onde se insere?
Aqui neste mapa, e lamento desiludir os adeptos das cores vivas, quanto mais vermelhusco, menos livre. Na Ásia-Pacífico, e para quem sabe identificar os países sem que esteja lá indicado o nome, vemos que na Austrália os jornalistas escrevem as caralhadas que querem, e na China o Boletim Meteorológico só dá sol se a Xinha quiser. Mas vejam os países em castanho claro: até na Coreia do Sul e no Japão há registo de "problemas". Queres ver que o malandro do Lee Kuan Yee levou Singapura para a Ásia às escondidas, enquanto estavam todos a dormir? A propósito, não sei qual é o critério usado pelo Repórteres Sem Fronteiras, mas na mesma lista ficamos a saber que a imprensa na Jamaica, Namíbia e Gana "é mais livre" que em Portugal. Deve ser. Mas nada disto invalida que em Singapura existe um controlo sobre a imprensa. Tudo bem. E tudo isto em troca do quê?
Rank | Country | US$ |
---|---|---|
1 | Luxembourg | 112,473 |
2 | Norway | 100,579 |
3 | Qatar | 98,986 |
4 | Switzerland | 81,276 |
5 | Australia | 64,578 |
6 | Denmark | 59,129 |
7 | Sweden | 58,014 |
8 | Singapore | 55,182 |
9 | United States | 53,001 |
10 | Canada | 52,037 |
"Dinheiro? Ó Leocardo, nesta vida há outras coisas para lá de dinheiro!". Pois há: cheques, cartões de crédito, promissórias, olha, e que tal contas nas "offshores" das Caraíbas? Eu fui eu quem falou de dinheiro? O Amos Yee é que está preocupado com o que anda o filho do Lee Kuan Yee e os seus "boys" a fazer com o dinheiro do povo, pá! Para já temos os dados do FMI (já ouviram falar?) relativos ao ano fiscal de 2013, que nos dizem que Singapura tem o oitavo PIB per capita do mundo - ou décimo-primeiro, pois para esta lista só estão incluídos estados independentes, e como se sabe Macau tem o quarto maior PIB. Só que foi a investir nos mercados, claro. Seja a lista do FMI, do Banco Mundial ou da ONU, Singapura aparece sempre à frente de Estados Unidos e Canadá. Mas a julgar pelo desespero do Amos Yee, esse "Adolfo Estaline Zedong" sino-malaio que oprimiu Singapura, calou a imprensa e mandou adversários políticos para a gaiola deve ter ficado com aquela nota toda, não? Quer dizer, 55 mil e 182 dólares por ano eram distribuídos na ordem do 55 para o Lee Kuan Yee e amigos, e o 182 para o povão. E o homem ainda se dizia generoso, pois 182 > 55, "né memo?". Ou será que é mesmo assim?
Country | UN R/P 10%[3] | UN R/P 20%[4] | World Bank Gini (%)[5] | WB Gini (year) | CIA R/P 10%[6] | Year | CIA Gini (%)[7] | CIA Gini (year) | GPI Gini (%)[8] |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Singapore | 17.7 | 9.7 | 2008 | 17.3 | 1998 | 46.3 | 2013 | ||
Taiwan | 6.1 | 2002 est. | 34.2 | 2011 | |||||
World | 12.0 | 2002 est. | 39 | 2007 | |||||
Myanmar | 11.6 | 1998 | 40 | ||||||
Hong Kong | 17.8 | 9.7 | 53.7 | 2011 | |||||
Bahrain | 36.0 | ||||||||
Cuba | 30.0 | ||||||||
Cyprus | 29.0 | 2005 | |||||||
Equatorial Guinea | 65 | ||||||||
European Union |
Segundo o Banco Mundial, nem por isso, pois em 2013 Singapura era...tchan tchan o lugar do mundo onde a riqueza estava distribuída mais equitativamente, com 10% dos mais ricos a deterem 17,7% da riqueza. e os 20% mais pobres a ficarem com 9,7%. Pois, eu sei que ainda está longe de atingir o ponto óptimo do socialismo e tal, mas vejam ali Cuba e o Myanmar no top-10, que termina com a União Europeia? Em Singapura fala-se de rendimentos líquidos, ali o que eles dividem é um bocado...gasoso? Pois, o ar. Mas afinal o que anda a malta de Singapura a fazer à massa, se ali o Amos diz que "apenas 3% é gasto na educação"?
Pois, ele lá dizer, diz. Diz muita coisa, e diz alto, cheio de "speed", ali à beira da apoplexia. Em cima temos o orçamento para 2015, onde a Educação surge logo atrás da defesa com maior prioridade, recebendo mais de 15% do orçamento total. Mas se ainda acham que o Governo de Singapura é "mentiroso", a imagem de baixo mostra a despesa total em educação no ano de 2013 - despesa total, não orçamento, entenda-se. Sem dúvida que Singapura não investe na educação, e talvez seja por isso que a tem a 22ª melhor universidade do mundo, a National University of Singapore (NUS), onde a faculdade de Ciência e Tecnologia é a sétima melhor do mundo, e agora preparem-se para cair de cu no chão: a faculdade de Ciências Sociais a nona melhor do mundo, e a de Artes e Humanidades a 13ª. Pois é, que porcaria. Que desinvestimento do caraças, pá, que levou Singapura a um trágico 9º (nono) lugar com o melhor sistema de educação entre 102 países, e uma taxa de alfabetização de 96%, quase mais 11% que a média mundial.
Talvez por isso Singapura seja o sexto estado do mundo "melhor para se nascer": o mais competitivo, o mais economicamente livre, com a melhor legislação de protecção de direitos de autor, primeiro lugar no índice de Globalização entre 62 países, primeira do índice de habitabilidade da ECA Economics, mais de 90% dos residentes possui casa própria (3º no "ranking" mundial), terceira economia mais competitiva do mundo, terceiro país com a maior esperança de vida, terceiro melhor sistema de segurança social no mundo, sexto lugar nos países com menos desemprego, nono no índice de desenvolvimento humano, 18º no rendimento líquido familiar (à frente da França e do Reino Unido), segunda maior taxa de penetração da internet na Ásia, 22ª mais rápida do mundo. Ah, é verdade...
Rank | Country or territory | Score (out of 10) |
---|---|---|
1 | Switzerland | 8.22 |
2 | Australia | 8.12 |
3 | Norway | 8.09 |
4 | Sweden | 8.02 |
5 | Denmark | 8.01 |
6 | Singapore | 8.00 |
7 | New Zealand | 7.95 |
8 | Netherlands | 7.94 |
9 | Canada | 7.81 |
10 | Hong Kong | 7.80 |
No índice competitividade-confiança, Singapura ocupa o topo da tabela a par dos Estados Unidos, isto devido à sua fama de incorruptível. De facto a cidade-estado ocupa desde sempre os primeiros lugares dos índices de percepção da corrupção (IPC) - outra coisa má que Lee Kuan Yee fez, segundo Amos Yee, que acha "escandaloso" que os políticos em Singapura sejam "os mais bem pagos do mundo". São de facto, mas os números dos seus vencimentos batem certo com os números do desempenho da cidade-estado, querem mais o quê? Com o altíssimo nível de empregabilidade e a economia mais competitiva do mundo, um GDP per capita de meter respeito, e como vimos, bem distribuído, 90% com habitação própria e uma taxa de inflação sempre abaixo dos 2%, querem saber quanto é que os políticos que fizeram tudo isto ser possível ganham??? Além disso devo ser muito palerma, pois sempre pensei que quanto mais bem pago for um político ou um agente público, menos possibilidades haverá de ele ser corrupto? Sou eu que não sei nada. Outro exemplo da minha burrice: a população de Singapura é composta quase na sua totalidade por malaios, chineses e indianos, etnias originais de países que são respectivamente 53º, 80º e 94ºs no IPC, enquanto Singapura ocupa o 4º lugar entre os países menos corruptos. Que raio de raciocínio é este? Nada, deixem para lá. Estava aqui a pensar que até nem me importava que um outro palerma levassem uns açoites de vez em quando, se fosse para o bem comum. Só isso.
Parece que o problema de muitos singaporeanos é que "não são felizes", não se sentem realizados, sei lá, deve ser uma seca viver numa cidade com indianos que não violam ninguém, muçulmanos que não cometem ataques terroristas, chineses que não especulam e por isso nove em dez pessoas vive em casa prória. Uma merda, enfim. Nem por isso se matam, sendo a taxa de suicídios é a 48ª maior do mundo (único indicador em que ficam atrás de Hong Kong). Mas nem todos estão deprimidos, senão vejam ali o Amos Yee, todo contente à saída do tribunal, acompanhado dos pais, que devem estar orgulhosos de ter um filho herói, mas fazem aquele trombil devido à opressão cruel deixada por Lee Kuan Yee. O pior é que esta é a medida com que se fazem os "heróis", por estas bandas, e neste caso temos um tipo educado, inteligente e creativo, que nunca levou dois tabefes bem assentes e assim nunca aprendeu o que é cair e levantar-se - uma lição que convém sempre aprender, mesmo que não se queira. É como ir ao dentista: "tem que ser, às vezes". Sabem o que é que se diz na minha terra a uma pessoa que tem tudo e não está satisfeita com nada? "Vai comer merda!".
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