E fico espantado com a quantidade de gente que, se calhar, riram-se à brava quando ele era criticado por causa de "Amores de Perdição" e afins e agora vertem lágrimas de crocodilo porque o gajo se foi. Foi como eu irei e todos nós iremos. Mas fica bem vertê-las. Faz parte do ser português, do politicamente correcto, da patetice generalizada, da procura vã de heróis que legitimem um povo há séculos em crise. Um povo que se orgulha de ver as suas cidades citadas nos guias turísticos internacionais e não percebe que isso apenas vai contribuir para adensar a sua própria crise. Porque só vende turismo quem não tem mais nada para vender.
E assim ficamos tristes porque perdemos mais um recorde do Guiness.
Além de tudo isto este unanimismo mediático e social enerva-me.
E depois deixa este filme para depois da morte como um supremo gozo para com os demais, um desejo soberbo de eternidade, se calhar na vã esperança que alguém monte uma igreja em seu nome. Puta que pariu!
Agora devem estar a perguntar vocês: mas que m*rda é esta? Eu sei, eu sei, este é um encadeamento de ideias que nem parece deste mundo, e foi provavelmente recolhido durante a noite de S. João entre alguns residentes da freguesia de Massarelos, Porto, e passava já das duas da madrugada, certo? E se eu vos disser que esta delirante supuração é da autoria de uma, mas apenas uma pessoa? E se vos disser ainda que essa pessoa é de Macau? Isso mesmo, e agora passo a explicar a razão estar neste momento com as mandíbulas moídas de tanto rir! Esta é de-mais! E depois não digam que eu sou "mauzinho", que é por vossa culpa que "génios" deste calibre aparecem, depois de tantas festinhas pela frente e "cortes de casaca" só por trás. Depois vão por aí fora, dizem o que lhes vai na real gana, e no fim é isto, e chamam-me "contundente". Aqui conto mais que um dente: conto uma dentadura completa de disparates.
Este indivíduo, que nem sequer conheço e que tem a mania que é artista de qualquer coisa bloqueou-me da sua conta de Facebook, e agora até dá para perceber porquê. Assim sendo, recebi um "print-screen" de um leitor, que mo enviou por e-mail, e primeiro queria aproveitar para pedir desculpa ao leitor em questão, mas demorei mais de uma semana a abrir a sua mensagem pois não reconheci o endereço e vinha sem título, pelo que pensei tratar-se de "spam". Já agora quem quiser mandar alguma coisa que acha que me pode interessar, pode fazê-lo por mensagem no próprio FB, que fica mais fácil de receber e de certeza que não me passa despercebido. Voltando assunto, este tipo é o mesmo que aqui há uns anos, ainda acabado de chegar ao território, afirmou numa entrevista que em Macau "há falta de massa crítica" - esqueceu-se foi de acrescentar "...ainda bem". Sim, porque se ao produzir pérolas destas a intenção é fundar a maior escola de escárnio e maldizer da Ásia, está no bom caminho, mas se for a pensar que não leva troco ao deixar no éter da rede global este esterco fumegante cheio de moscas azuis à volta, engana-se. Olha aqui a massa crítica.
Vejamos, afinal de quem ou do quê está o tipo a falar? Da morte de Manoel de Oliveira, pasme-se. Sim, o "gajo" referido lá em cima e que no fim manda "para a p*ta que pariu" é o realizador português falecido no início deste mês, aos 106 anos. Esqueçamos o grosseiro desrespeito à super-centenária mãe do senhor, que além de ser desonestidade da minha parte pegar nesse detalhe, nem era sequer necessário, com tanto que há ali para se pegar, quase da primeira à última linha. Mas antes gostaria que fizessem um pequeno exercício de memória, e recuassem até ao início do mês, ao dia da morte do realizador: viram alguém "chorar"? Mas quem chorou? E que conversa de "herói" é esta? As pessoas nutriam simpatia pelo senhor mais pela sua longevidade e pela sobriedade que demonstrou até ao fim da sua vida, e ninguém afirmou que se tinha perdido uma grande promessa, ou um monstro da sétima arte. Foi mais uma curiosidade, e até a imprensa estrangeira fez referência ao óbito começando exactamente por destacar a idade avançada do senhor, e não se fez sequer um apanhado da sua cinematografia, que ele considera "má", e faz questão de frisar que "vai manter essa opinião". Mas....mas...alguém lhe perguntou alguma coisa???
Claro que tem todo o direito de se expressar, com certeza, dona Teresa, por quem é, Dom Barnabé, mas como é que se explica aquela diatribe contra o pobre Manoel de Oliveira, que depois é pintado como Salvador de uma Pátria à procura de heróis, e ainda vale uma incursão pelo turismo (!), com lições de moral descabidas e falando em nome "do povo"? Mas está tudo maluco, ou é só ele? E qual recorde do Guiness, que Diabo?!?! Se está a falar do Guiness Book of World Records, não existe nenhum recorde para realizador de cinema mais velho, e ainda que exista, certamente que o Manoel de Oliveira não "perdeu". Mas esperem lá, se calhar foi "dos nervos", provocados por todo este "unanimismo mediático e social".
Parem já de expressar pela escrita o conjunto de sentimentos e impressões de vastos grupos humanos, faz favor! Olhem que estão a deixar o homem nervoso! Aquela do "mediático e social" também tem muito que se lhe diga, mas acho que ficava aqui o dia todo a esmiuçar cada sílaba e cada letra, de tão ridículo que é o todo deste texto. Fiquemos pelo último "pensamento" (!), que é uma espécie de orgasmo do patético, ou o "supremo gozo", como ele diz, quando nos tenta alertar para quão velhaco foi o Manoel de Oliveira, a morrer, ali, aos 106 anos, só para...se eternizar? Igrejas? Mas há algum culto ao realizador? Um "Manoel Oliveirismo" de que só ele ouviu falar - ou alucinou, que é o mais provável.
Sinceramente, é por isso que nem dei importância ao último disparate em forma de insulto ao pobre homem, que foi morrer sem avisar ali o "Sideshow Bob", que ainda por cima, e agora reparem na ironia, só que ao contrário e coberta de vómito, diz-se também ele "realizador". Epá nem me atrevo a acrescentar do quê, e escrever "realizador" já é o que é. Reparem como lá em cima fala de um tal "Amores de Perdição", que traduzido do mongolóide deve ser o filme "Amor de Perdição", com que Manoel de Oliveira deu início em 1979 à tetralogia dos amores frustrados. É melhor alguém lhe explicar que "tetralogia" quer dizer "quatro obras", neste caso filmes, pois para ele o realizador fez "meia centena de filmes", quando o seu registo é apenas de 32 longas-metragens. Pode ser que para ele seja "a mesma coisa", mas até eu pensava que a filmografia de Oliveira se resumia a vinte e poucos filmes, e não me auto-intitulo "realizador". Para quem não gosta do homem, atribuir-lhe mais filmes do que os que constam do seu currículo é de admirar. A não ser que conte também com os documentários e curtas-metragens, e aí entendo porquê, pois se já sabem de quem se trata, basta escrever o seu nome no campo de busca do
Internet Movie Database e vão ver que ele nem sequer deu ainda início à "tretalogia" do realizador frustrado, quanto mais.
Mais à frente ainda volta a manifestar o repúdio pelo "unanimismo", desta feita o "momentâneo unanimismo bacoco" em torno da morte de Manoel de Oliveira, e que só ele viu. Se por acaso queria dizer "unanimidade", gostava já agora de recordar o ecletismo deste senhor aquando do atentado ao jornal satírico francês "Charlie Hebdo", escrutinando as capas da imprensa nacional e estrangeira, criticando as que não davam destaque ao acontecimento. Mas alguém faz o favor de chocalhar este tipo? É que acho que anda ali um fio a fazer mau contacto. Ou vários. Corta!
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